― ENTÃO, O CAPITÃO GRITOU: Joguem Jonas no mar! ― Belinda ajeitava os novos óculos no rosto com uma mão enquanto, com a outra, segurava a coleira do seu doguinho. Isso tudo ao mesmo tempo em que contava em voz alta uma história bíblica, um dos seus últimos passatempos prediletos. Toda vez que falava com Bad Smell ao telefone, por exemplo, ela gastava bons minutos fazendo a mesma coisa. ― e eles jogaram. E foi só assim que a tempestade acab...
― Ei!
A menina tomou um susto, até porque pensava que estava sozinha naquele matagal que ficava nas proximidades da casa da colina. Mais cedo, havia pedido à senhorita Tames para passear com o Beethoven, já que estava ociosa por não estar frequentando a escola naqueles dias frios. Ninguém lhe disse os porquês, mas Belinda desconfiava que tinha alguma coisa a ver com o sr. Potter, o qual não dava as caras há um bom tempo.
― Ora se não é ela... ― O cachorro começou a latir na direção de Francesca. ― eu quase não reconheci por causa dos quatro olhos. ― o sorriso de deboche ficou mais vívido quando a garota implicante aproximou-se, ficando a poucos passos da loirinha.
― Vamos, Beethoven... ― Bel soltou o ar, decepcionada com aquele encontro inesperado. Decidiu não respondê-la, virando-se para puxar o cachorrinho de volta, mas, ele não quis ir.
― Parece que nem ele gosta de você, Helena ― Francesca abaixou-se para fazer carinho no bichinho. Ele, por sua vez, deitou-se no chão que estava úmido devido às últimas chuvas do inverno rigoroso de Belo Vilarejo.
― Cachebito? ― Bel abaixou-se, preocupada, para olhar seu animalzinho de perto.
― Ele vai morrer.
― AH! Cala a boca! ― a loira ficou enraivecida com o que a outra disse, mas continuou insistindo com o doguinho. ― Vem, amiguinho, precisamos ir...
― Eu tô falando sério, esse cão está doente. Meu pai é veterinário, ele já tratou vários bichos assim...
As duas estavam de cócoras olhando uma para outra, diante do animal, e nenhuma sorria. Belinda queria aproveitar aquela proximidade para dar-lhe um tabefe merecido, mas sentiu que sua fala era verdadeira e quis chorar.
― Para com isso, Francesca... ― a garota de olhos coloridos começou a fungar e os seus óculos, a manchar.
― Também não é pra tanto... não precisa chorar. É só um cachorro.
― Ele é meu amigo! ― Belinda levantou-se e gritou, com o rosto pegando fogo. Estava com os sentimentos à flor-da-pele. ― Você é o que, uma menina do coração de lata? Não sente nada por ninguém?!
Francesca engoliu em seco, mas ao invés de responder à altura, abaixou os olhos para o bichinho e começou a acariciá-lo com delicadeza.
― Como ele se chama?
Bel cruzou os braços e ergueu o rosto, segurando as lágrimas e o orgulho.
― Tudo bem, se você não quer a minha ajuda... ― Francesca ia se levantando, mas a loirinha foi mais rápida e revelou:
― Beethoven. Chamamos ele de Beethoven.
A garota da mecha cor-de-rosa assentiu. Depois disso, passou a sussurrar o nome do cãozinho, incentivando-o a levantar. Como se estivesse com um sono pesado, ele foi conseguindo mexer as pálpebras mesmo com dificuldade, mas após certa insistência, Beethoven se reergueu.
― Ele ainda precisa ir ao veterinário. Se quiser, posso pedir para o meu pai analisá-lo, ele está em casa hoje ― Francesca ficou ereta e encarou a colega que acreditava se chamar Helena.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Através de seus olhos 2
EspiritualLIVRO 2 da série ATRAVÉS DE SEUS OLHOS Depois de tomar uma difícil decisão, Belinda agora tem uma nova vida para viver. Em um novo lugar, convivendo com diferentes pessoas, a garotinha de quase treze anos completos precisa aderir a uma nova identida...