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Mais uma manhã comum em Outer Banks e eu como sempre trancada no meu quarto ao som de meu violão, mas dessa vez não era porque eu estava com vontade, era pra tampar o som dos barulhos do idiota do JJ com alguma turista no quarto de hóspedes. Sério, por que raios o John B admite isso? Será que na festa de ontem as cervejas continham soníferos ou ele e Sarah passaram a noite ocupados demais para notar tamanha safadeza daquele rato oxigenado?

Provável que Kie e Pope estejam na sala, e isso me gera mais um motivo para não me levantar e tomar café afinal tenho evitado cruzar muito com eles desde a nossa briga. Infelizmente meu estômago não parecia colaborar, era sábado e eu estava faminta após quase 24hrs dormindo, acho que eu deveria diminuir a dose dos remédios.

Ao chegar à sala me deparei com Sarah e Kie rindo de algo no celular enquanto estavam lado a lado no sofá, ótimo.

- Achei que não fosse acordar. – Sarah sorriu simpaticamente para mim. – Eu e Kie vamos surfar, o que acha de vir com a gente?

Olhei para Kiara e ela voltou a olhar para o celular, queria dizer sim mas eu era orgulhosa demais para isso, as coisas que ouvi da parte dela e Pope rondavam minha cabeça. Sarah vem tentando nos reaproximar, Jonh b sempre tentou paz entre mim e JJ então nada mudou.

- Obrigada mas não! – bufei retirando bacon e ovos da geladeira, Kiara sumiu no lado de fora. – Onde está o babaca do seu namorado, Sarah? É sério, feche os olhos e escute a merda que ele me faz passar todas as manhãs. – Sarah fez o que eu pedi e no exato momento pode se escutar a cama que JJ ocupava rangendo junto a palavras de baixo calão.

- Eu não concordo com isso, não somos obrigadas a ser platéia para a creche do JJ. – ela jogou o celular de lado quando John B entrou com baldes vazios nas mãos e sem camisa.

- Bom dia Mimi. – ele beijou Sarah. – Escutei suas reclamações, mas infelizmente eu não posso fazer nada. Ele é nosso amigo e já aturou muitas coisas sobre nós cinco. – ele rodou o dedo por toda a sala enquanto se sentou ao lado da namorada jogando o balde no chão.

- Nós cinco? Sério John B? – esbravejei com todas as minhas forças jogando a frigideira na bancada. – Todos os fins de semana vocês saem e me deixam sozinha sem dar à mínima. Se não fosse meu sono pesado, pode apostar que eu treinei muito para ele ser forte assim, eu não iria conseguir dormir depois das três da manhã. O motivo? Essa porcaria de JJ transando com uma garota diferente a cada semana. – a essa altura Pope e Kiara me encaravam da porta com olhos arregalados.

- Eu não posso entrar lá e expulsar meu amigo do quarto, Mila. – ele juntou as mãos sobre os joelhos. – Mas te garanto que-

- "Irei conversar com ele". – adiantei formando aspas no ar. – Cansei desse disco arranhado. – fui em direção aos pés de meu irmão e peguei um de seus baldes preparando-o com água na pia da cozinha. – Você não pode fazer nada, mas eu posso.

- Acho melhor você na..- Kiara calou meu irmão dando um tapa em seu ombro.

- Eu não irei ficar aqui para ver o JJ virar uma onça. – Pope se afastou da porta com uma cara assustada.

- Fique Pope, o show vai começar. – Levantei as sobrancelhas formando uma linha com a boca, o balde estava cheio demais.

Caminhei até a última porta do corredor, tudo parecia em silêncio quando aproximei meu ouvido da madeira antiga. O pessoal me encarava, Sarah como sempre mordendo seus lábios e John B coçando a nuca. Kie e Pope se espremiam ao lado do casal, a cacheada disfarçava um sorriso.

Abri a maçaneta devagar e vi uma loira ao lado de JJ, eles estavam de bruços e pareciam dormir como anjos. A menina estava vestida pelo que notei, diferente de JJ que estava com as costas descobertas revelando alguns hematomas, meu coração deu uma leve apertada mas pensei em toda raiva que ele me faz passar.

A minha infância e pré-adolescência inteira chorando por conta de toda exclusão que ele me metia.

Noites ouvindo ele no quarto ao lado, pela manhã ria e caçoava de mim, de certa forma isso me magoa. Pope e Kie passaram a rir com ele nos últimos meses, sei que errei, mas eu só estava cansada de aturar suas merdas e não gosto nem um pouco do lado que eles tomaram contra mim.

- Como você ousa, JJ? – Gritei ao derramar água no meio dos dois, levantaram em um reflexo. – Você disse que me amava seu desgraçado.

- Sua maluca, o que você fez? – JJ se enrolava desesperadamente no lençol florido, a menina calçava algo nos pés e não abrira a boca.

- Merda JJ, eu confiei tanto em você. – arremessei o balde no loiro que vestia a regata rapidamente, ele não desgrudava os olhos da acompanhante que se aproximou dele pulando o colchão.

- Você me disse que era solteiro. Safado! – ela deu um tapa na face branca de JJ enquanto se afastou sem desgrudar os olhos dele.

- Espere Sophia, essa menina é doida e eu-

- Sophia?! – pude ver a testa dela se franzindo mesmo eu estando do outro lado. – Meu nome é Safira, JJ!

- Por favor, me escute. – ele agarrou o braço da moça que tentava sair.

- Nunca mais ouse em me procurar. – fingi soluçar correndo pela porta, o pessoal que estava no fim do corredor me acompanharam até a árvore do quintal enquanto riam sem parar.

- Isso foi demais. – Sarah estalou sua mão na minha, eu estava um pouco ofegante me apoiando no tronco.

- Deixe eu te levar até a praia pelo menos. – JJ parecia menos vulnerável enquanto a menina saia pela porta.

- Vai à merda! – ela deu o dedo do meio sem olhar para trás.

Esperei a menina sumir do campo de visão para finalmente gritar:

- Palmas para mim. – saí detrás da grande arvore aplaudindo sozinha, mas depois o resto do grupo surgiu ao meu lado com palmas e gargalhadas.

JJ me encarava furiosamente, ele ajeitou o boné antes de vir em minha direção se inclinando indiretamente como sempre fazia quando estava aborrecido.

- Você achou isso legal, certo? – ele estava se aproximando com um dedo em minha direção, seus olhos azuis estavam negros e seus dentes inferiores suavemente a mostra. – Quem ri por último ri melhor, Mila.

- Não fiz nada demais JJ, apenas lhe arranjei um pouco de seu veneno. – ri cruzando os braços, JJ se aproximou tão perto que sua respiração pesada e quente aquecia meus lábios, reparei um corte no seu lábio inferior.

- Foi ridículo, mas irá ter volta. – ele sorriu abrindo a boca, passou o indicador por meu queixo antes de depositar as mãos no bolso bermuda.

- Eu te odeio. – o empurrei com tudo, ele permaneceu duro mesmo com o impacto, o ar de riso dos lábios não sumiu.

- Você não sabe a guerra que começou Rapunzel Desfalcada. – ele deu o dedo do meio sem se virar, continuou caminhando até sua moto que pareceu um jato depois de ligada.

Eu te odeio John Maybank, com toda minha alma.

I Hate (love) You. JJ MAYBANKOnde histórias criam vida. Descubra agora