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- Não posso negar, você mandou bem. – afirmei quando vi a estrutura pronta. JJ realmente cumpriu com o modelo.

- Eu sei, sou um ótimo profissional. – ele se apoiou na mesa de braços cruzados igual um artista admirando a obra. – Você fez o molde correto então não são somente meus créditos.

- Não precisa se sensibilizar, você fez tudo. – ri recolhendo os materiais, mas JJ interferiu apertando levemente meu pulso.

- Já passa das 22h e você está ferida, me espere na van. – ele retirou os potes e pincéis de minha mão.

Fiz o que JJ solicitou e me sentei no banco do motorista o contemplando trabalhar. Ele coletava tudo com brutalidade fazendo com que seus músculos ficassem rígidos. Não me julguem, ele era bem bonito.

JJ dormiu o caminho inteiro até minha casa, foi engraçado ele respondendo minha pergunta sobre o pai de Kiara ficar irritado com a bagunça, ele parecia um volume sendo diminuído quando disse que Mike nem aparecia mais no galpão.

- Ei, hora de dormir. – disse abrindo a porta do passageiro para o loiro, ele se assustou e levantou em um pulo, os cascalhos do chão quase o fizeram escorregar quando desceu do automóvel.

- Eu preciso ir para a casa, não posso dormir aqui. – ele abria a porta de trás para pegar suas coisas.

- Não, você vai ficar aqui. – encostei-me à porta de correr fazendo JJ revirar os olhos por eu atrapalhar sua ação. – Entre! Antes que eu lhe ponha uma coleira.

-Você venceu. – ele forçou um sorriso nada animado quando começou a caminhar para o sofá de minha sala.

- Direto pro banho, JJ! – gritei vendo ele se levantar como um mimado irritado.

O dia com JJ fora divertido; Escutamos músicas e ajudávamos um ao outro quando montávamos a barraca. Ele era engraçado quando fingia ter uma guitarra afinada com ripas finas e madeira.

Okay Mila vamos lá: Por que raios você estava sorrindo?

- Sarah, o que faz aqui? – fiquei surpresa ao ver a loira chorando deitada em minha cama.

- Mila desculpe, eu não sabia que estava em casa. – ela se levantou secando as lágrimas com a manga de sua blusa longa e larga. – Apenas queria um tempo sozinha, não quero que John B me veja chorar por quem matou o seu pai.

- Você foi vê-lo hoje? – sentei a menina novamente na beira de meu colchão.

- Não, mas retornei a minha casa para ver minha irmã. – Sarah encarava os pés meio desnorteada. – Sabe Mila, às vezes eu penso se realmente isso já estava previsto para acontecer. Conversei com minha avó no telefone e ela disse novamente que nada é por acaso. Será que minha família merecia passar por isso tudo? Não apoio nada que meu pai fez, mas é difícil me ver nessa situação, por anos eu o idealizei como um cara correto.

- Olhe Sarah, toda minha família desapareceu e por muito tempo me questionei a mesma coisa. – joguei meus fios para trás começando a suar um pouco. – Mas se caso nada do que se passou não existisse eu não estaria aqui ao seu lado hoje. Talvez você e John B não se amassem e fossem companheiros. Hoje você não entende, mas lá na frente perceberá que deu certo e resultou em livramento. Tudo tem um propósito e um preço, você não tem culpa e não passará por essa sozinha.

Sarah não respondeu, mas desmoronou em lágrimas no meu colo. Acariciei seus fios e quando a percebi já havia dormido.

Não deve ser fácil ser Kook com uma vida brilhante, futuro garantido, e em um dia acordar sabendo que seu pai e seu irmão são assassinos. Queria poder ajudar Sarah a retirar isso de sua cabeça, mas eu não poderia fazer nada além de meu apoio e carinho a pessoa tão meiga que ela é.

Ward fez muitas pessoas sofrerem, ele destruiu minha mãe quando demoliu seu quiosque de pranchas para construir suas futilidades. Ele matou Big John e ainda roubou tudo que ele havia pensado por meses, ele não estava passando por nada do que não merecia.

Ajeitei Sarah virada para minha parede de pisca-pisca a cobrindo com meu fino cobertor, poderia ser de noite, mas estava bem calor.
Pensei em JJ quando ia me banhar e decidi levar para ele travesseiros e lençóis, dormir em um sofá duro era nada confortável.

Ele adormecia de bruços e sem camisa, sua cabeça por cima de seu antebraço enquanto o outro estava sendo esmagado por seu peitoral.

- Ei, se ajeite. – cutuquei seu ombro, JJ resmungou. – Trouxe travesseiro.

JJ não respondeu, apenas levantou a cabeça para que eu depositasse o objeto macio ali. Cobri seu corpo adomercido com dois lençóis finos e sussurrei um boa noite antes de acariciar rápido seus fios bagunçados, mas acho que ele não ouviu.

 Cobri seu corpo adomercido com dois lençóis finos e sussurrei um boa noite antes de acariciar rápido seus fios bagunçados, mas acho que ele não ouviu

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- Mila e Kiara será que podem prestar atenção no que eu digo? – Sr. Sunn disse com a voz grave retirando eu e Kie de nosso bate papo sobre a quermesse no meio da sala. – Voltando ao assunto: As notas do último trabalho serão importantes para vocês fecharem o ano. Quem não me entregar na segunda chamada não irá pegar o diploma na formatura. – o mais velho encarou JJ que estava preocupado com a ordem de seus anéis nos dedos. – Estão liberados.

Bom, eu tinha certeza o que iria estudar na faculdade assim que acabasse esse meu último ano escolar. Faltava apenas quatro meses e a pressão dos professores era imensa. Eu sempre tirei notas altas, queria entrar para a The University of North Carolina e cursar música, meus planos de abrir minha própria escola sempre esteve de pé.

Chapel Hill ficava há 4h de Outer Banks e meu irmão não apoiava muito a idéia, dizia que era uma profissão incerta, mas se era o que eu queria era o melhor a se fazer. Acho que ele só tinha medo de eu nunca mais voltar para a casa depois da graduação e já falou varias vezes sobre a possibilidade de eu cursar algo em ensino híbrido igual a namorada.

- A barraca está ficando pronta? - Kie pegava pratos com Jay enquanto eu limpava a bancada vazia.

- Sim Kie, estou esperando ver JJ para comentar sobre isso.– sorri para a menina que parecia super animada levando camarões para um senhor na mesa 7.

- Fiquei sabendo que irá cantar na quermesse. – Jay chegou ao meu lado com o avental e o cabelo preso num pequeno coque.

- Não, tenho pavor a cantar em público . – ri sentindo minhas bochechas queimarem, não consegui desgrudar os olhos do balcão.

- Eu já vi você cantando aqui de noite, era meu primeiro dia e eu perguntei se você era filha da Janis Joplin. – ele gargalhou me fazendo rir. – Ah, por favor, todos irão adorar se você fizer isso.

- Não Jay, eu ando meio enferrujada. – senti o garoto me seguir até a mesa cheia de pratos sujos.

- Eu imploro Mila, você manda muito bem. – Jay cruzou as mãos sussurrando um "por favor" rouco que eu quase resisti.

- Que musica eu iria cantar para agradar esse pessoal? Eu só sei clichês antigas, a população jovem da ilha iria me vaiar. – borrifei o álcool na mesa.

- Tem uma banda que está estourada agora, não me lembro o nome, mas acho que seria legal você tentar cantar alguma música deles. – Jay retirou o celular do bolso. – Vou lhe encaminhar, é muito massa.

Meu celular vibrou com a notificação de Jay, mas ele parecia ansioso e já havia dado play em uma melodia dramática e animada. Quando o cantor sincronizou o primeiro verso com o som do violão eu gelei, aquela voz era a de meu pai ou eu estava doida?

I Hate (love) You. JJ MAYBANKOnde histórias criam vida. Descubra agora