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Interajam com a autora, isso me motiva. Grande beijo e obrigada por ler💖!!

- Acho que ele gosta de você. – Jay olhou para mim atravessando uma ponte.

- O que? Não. – ri negando com a cabeça. – Ele não gosta de mim e nunca gostou. Apenas...gosta de implicar e me irritar, talvez seja para provocar John B às vezes. – dei de ombros olhando as casas Kooks do outro lado da janela.

- Já que você diz. – Jay apertou minha mão em cima do banco. – Escolhi um lugar que não é exageradamente Kook, está bem? Não quero que se sinta desconfortável.

- Obrigada. – sorri com os lábios acariciando em círculos a mão do garoto.


Jay fez uma curva e parou em uma vaga próxima a entrada do restaurante que havia uma arquitetura moderna e praiana. Ele abriu a porta para mim e segurou minha mão me
levando pelos degraus que dava na recepção.

Fiquei admirada: As janelas de vidro haviam uma vista incrível do oceano, os clientes riam e pareciam estarem distraídos. Se a intenção não era parecer Kook, ele estava sendo contraditório.

- Irei conseguir uma nova mesa para vocês, parece que o nosso estagiário deu vaga para outra pessoa. – a recepcionista pediu licença com um sorriso antes de sumir atrás de uma porta.

- Droga, a mesa era a melhor. – Jay jogou os fios lisos para trás, ele estava muito bonito na jaqueta jeans combinando com a calça. – Havia vista para o mar, igual aquela... – ele apontou para uma mesa no canto e parecia ter congelado.

- O que foi? – questionei vendo duas pessoas que pareciam ser um casal. A mulher havia luzes e seu cabelo era aplique de tão longo, o homem havia os fios um pouco raspados e estava de costas para nós.

- Mila, acho que é o vocalista da Sant'H8. – Jay revezou o olhar entre mim e a mesa e falou alto quando sussurrou. – Aquela banda que lhe mostrei se lembra? A banda está de férias, eles fizeram turnê no mundo todo. E aquela é a assessora da banda, que coincidência.

- Jay, acho melhor se acalmar, a mulher está nos encarando. – virei-me de frente para Jay que estava reto e sorridente ao meu lado.

- Os caras arrebentam, sou fã desde o primeiro single. – Jay arregalou um pouco os olhos cutucando em mim. – Olhe rápido, tem uma menina tirando foto com ele.

Tentei parecer indiferente desde que Jay me mostrou a música da banda. A voz do vocalista era idêntica a de meu pai e desde então nunca mais quis saber sobre isso.

Agora o homem estava de pé igual a mulher loira bombada, a menina que havia tirado a foto passou atrás de mim em direção a saída em uma grande euforia. Quando o homem se virou em minha direção com os óculos escuros (de grife igual a roupa que vestia) eu senti minhas pernas fraquejarem como se aquela figura real ali fosse algo poderoso ao ponto de me deixar assim, com a cabeça formigando e o peito apertado. Ele retirou os óculos e franziu de leve os olhos como se estivesse tentando me reparar melhor, nessa hora eu tive certeza:

Santiago Herrera, meu pai, estava de volta.

- Não dá para ficar aqui. – disse forçando a voz para Jay, sai apressada com as pernas trêmulas em direção ao carro.

Como ele tinha coragem? Anos que para mim pareciam ter sido séculos haviam se passado e agora ele retornar ao lugar que me deixou com minha mãe como se nada tivesse ocorrido. Ele preferiu deixar minha mãe com problemas, sem dinheiro e com uma criança que precisava dele. Noites cantando para mim dormir, fazendo panquecas antes da escola e naquela noite mal em meus olhos havia olhado.

- Ei! – Jay gritou quando me viu tentando abrir a porta do passageiro trancada, sua voz parecia distante e minhas lágrimas corriam por meu rosto junto aos soluços e  falta de ar. – Mila, se acalme. – ele estava desesperado quando me colocou no banco do passageiro.

- Jay, ele.. o cara do restaurante... me perdoa... – tentei falar entre soluços, mas minha voz não saia.

- Hey, está tudo bem. – ele apoiou minha cabeça em seu peito.

Jay acariciou meus fios recém tingidos e quando levantou meu rosto limpou meus olhos borrados de rimel com os polegares. Ele repetia "se acalme, eu estou aqui" conforme procurou lenços no porta luvas e uma garrafa de água lacrada ao lado da marcha.

Quando comecei  a me acalmar respirei fundo e ainda notei o garoto me encarando com as sobrancelhas em formato de preocupação. Eu estava quase chorando novamente, mas dessa vez era por estar me sentindo culpada em estragar os planos dele.

- Jay, me perdoe. – suspirei apertando as mãos dele. – Eu..eu... – gaguejei suspirando fundo. – Eu já suspeitava de uma coisa desde que você me mostrou a música .

- Você está me deixando preocupado...

- O Santiago, ele.. – encarei meus pés tomando coragem para falar. – Ele é meu pai!

Jay parece não ter acreditado muito e agora a sobrancelha estava reprimida em dúvida, a boca em uma linha e uma mão apoiada no volante.

- Como assim? O seu pai não é o Big John?

- Ele é meu tio, minha mãe sofria problemas com álcool e então o Santiago não aguentou o fardo de ter uma criança para cuidar. Uma vez minha mãe tentou se matar, corri para casa de Joh B e então fiquei lá para sempre depois que ela disse que "ia sair de Outer Banks para se curar". – revirei os olhos.

- Mila, eu não sei o que dizer. – tocou a sua têmpora com um dedo, ele parecia nervoso. – Eu realmente sinto muito, você não merecia passar por isso.

- É muita informação agora, não sei o que fazer. – suspirei. – Anos sem ele, se não fosse por Big John eu não estaria aqui.

- De um tempo para si, reflita  e converse com John B. – Jay encarou meus olhos por um tempo. – Santiago perdeu algo maravilhoso na vida dele. Uma filha talentosa, bonita. A única coisa que você herdou dele foi a voz, fique tranquila que você não está ficando calva. – riu.

- Só você para me fazer rir. – apertei sua mão. – Obrigada e me perdoe mais uma vez.

- Você não fez nada errado. – ele beijou minha mão. – Vou te levar para casa, você deve estar cans-

- Não! – apertei o punho que ligava o carro. - Nós vamos ensaiar, mas antes faça uma parada naquela conveniência antes da praia, eles possuem o melhor cachorro quente.

- Se tiver sorvete, eu quero de limão. – Jay deu partida no carro e assim entramos em uma discussão de qual era o melhor sorvete.

I Hate (love) You. JJ MAYBANKOnde histórias criam vida. Descubra agora