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- Como será o modelo dessa barraca? – JJ questionou colocando óculos  de proteção nos olhos

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- Como será o modelo dessa barraca? – JJ questionou colocando óculos  de proteção nos olhos.

- Esse aqui. – me aproximei mostrando a foto.

Era uma cabine aberta na parte inferior, mas na frente havia uma forma de coração para que as pessoas conseguissem ver a cena do beijo.

- Por que mulheres acham essas coisas legais? – JJ questionou começando a ligar uma das maquinas, o grande retângulo de madeira estava apoiada em uma mesa enorme.

- Eu não acho legal e muito menos Kiara, é apenas um jeito de descolar grana pra caridade. – gritei para JJ me sentando no chão para começar tingir pequenas lâmpadas brancas de amarelo.

- Você é má, quer ver crianças de boca virgem engolindo uma as outras. – ele negou com a cabeça desligando a maquina barulhenta. – E você também é cara de pau, sério mesmo que irá só pintar lâmpadas?

- Ah JJ, eu lhe ajudei carregar essas madeiras e fazer essa gambiarra com extensões. – estalei a língua apontando com o pincel sujo para o longo fio que passava pelo galpão.

- Venha me ajudar ou eu não irei fazer nada. – ele cruzou os braços pendurando os óculos no decote da regata.

- Pare de ser idiota, meu trabalho é com decoração. – bufei voltando minha atenção para os potes de tinta.

JJ ficou em silencio assobiando em melodia entediada, mas segui íntegra pintando as pequenas lâmpadas redondas. Eu estava querendo deixar os detalhes bem delicados, talvez meu trabalho bem feito ajudasse a tirar a idéia de eu cantar da cabeça de Kiara.

JJ deu play em uma música no telefone, "Howllin' for you" era bem assustadora para quem estava concentrada em algo. Dei uma tremida com o grave vindo do celular de JJ que derramei um dos potes abertos no chão e em meu joelho.

- Satisfeito? – JJ segurava uma risada enquanto acendia um cigarro.

-Que pena. – ele disse no ritmo do refrão.

Se JJ sabia provocar eu também sabia me vingar. Peguei o pote derramado e caminhei até a direção do garoto que estava fumando virado de costas para mim. Retirei seu boné depositando-o em minha cabeça e lambuzei seus fios loiros e hidratados por sabonete. JJ se virou com uma expressão irritada; Boca franzida escondendo um leve sorriso, nariz um pouco arrebitado e seus dedos tentavam medir a quantidade de tinta derramada.

- Você acha que está ganhando né? – ele arregalou os olhos falando com uma voz baixa, sua cabeça acenava em confirmação.

- Não faça isso. – já era tarde demais, a mão amarela de JJ já havia manchado minhas bochechas. – Eu vou te matar, oxigenado!

Quando eu notei já havia virado duelo. JJ estava acabando com meu quarto pote de tinta enquanto corria atrás de mim manchando a parte de trás de meu short. Sua regata verde estava colorida e o coturno gasto também. Nós dois parecíamos crianças e por incríveis pequenos segundos senti que realmente estava feliz e aproveitando tudo que não aproveitei quando tinha 10 anos.

JJ parecia um ninja, passava por baixo das mesas velhas e também me ludibriava quando eu jogava tinta em sua direção, sua risada estava tão boa de ouvir.

- Cuidado! – JJ gritou, mas já era tarde. Dei de cara com o chão áspero por conta do fio da maquina.

- Acho que ralei meu joelho. – senti  minha testa franzida quando a ferida  começou arder junto a uma fisgada aguda.

- Você nunca se ralou quando era criança? – JJ parecia desdenhar quando se abaixou ao meu lado olhando para o joelho sangrando.

- Não, não costumava brincar muito. – assoprei o machucado.

- Não tenho nada aqui para limpar isso, você prefere ir para a casa? – ele passou um dedo para conferir se o sangue estava seco.

- Água serve, tenho pavor aqueles remédios ardentes. – apontei para a garrafa transparente em cima da mesa.

- Aquilo não é água... - JJ coçou a nuca me encarando.

- Ah não! Por favor, isso não é vodka, né?! – minha mão passeou rapidamente por minhas têmporas. – Quem pega vodka e coloca em uma garrafa de água para trazer ao trabalho?

- Primeiro, isso não é um trabalho sério. – julguei com os olhos. – Okay Mila, eu trago vodka para o trabalho, mas é só para não desanimar e me cansar tão rápido. – ele trouxe a garrafa até mim.

- Você acha mesmo que eu vou beber isso? – ele abria a tampa.

- Eu não vou te embebedar, apenas limpar seu machucado.

- Mas essa porcaria vai arder, JJ! – falei mais alto quando ele ameaçou a derramar.

- Se acostume Mimi, isso aqui não vai ser um por cento do que irá passar quando você partir dessa. – ele se agachou em minha frente ao mesmo tempo em que balançou a cabeça para um lado.

- JJ é serio! Não faz isso, eu tenho medo. – agarrei o punho de JJ enquanto encarei-o vulnerável. Ele pareceu entender o motivo e então se sentou ao meu lado em silêncio.

Era estranho o ter tão perto, mas eu não estava  reclamando. JJ entendia sobre relação nada saudável com os pais, ele entedia o meu medo assim como eu o entendia.

JJ pode nunca ter gostado de mim, mas já amedrontou meninos que tentavam caçoar de mim no intervalo da terceira série. Ocorreu uma vez que ele me parou na rua com a desculpa de que eu havia pegado seu caderno apenas para eu não ver minha mãe bêbada e ferida passeando pela esquina, no dia seguinte Haley veio me contar sobre a mulher em tom esnobe.

JJ era protetor com os amigos, mas eu não gostava de admitir antes, o orgulho corria por minhas veias com mais intensidade há três dias passados. Ele não merecia passar nada nas mãos daquele atroz do pai, mas eu sei que ele tinha medo da situação piorar caso o pai fosse pego pela policia. Ele sabia!

- Podemos fazer o seguinte – JJ virou o tronco em minha direção apoiando o braço em seus joelhos semi-dobrados. – Você pode descontar a dor em mim. Aperte meu braço, minha outra mão, sei lá.

- Vai logo. – afundei minha cabeça na dobra do pescoço de JJ que exalava um cheiro muito bom de perfume. Ele foi rápido jogando o liquido ardente na ferida, apertei minha testa contra sua pele tentando desviar a dor.

- Pronto, não assopre. – ele disse, mas eu demorei um pouco para me desgrudar.

- Obrigada. – tossi disfarçando o constrangimento que ficou no ar.

JJ e eu trocamos olhares por segundos antes de eu me levantar, às vezes eu vacilava até demais.

I Hate (love) You. JJ MAYBANKOnde histórias criam vida. Descubra agora