quarenta e cinco

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BRUNO REZENDE

MariaLuiza, era praticamente uma pestinha quando colocava uma coisa em mente. Ela simplesmente cismou com a garotinha do mercado e começou uma caça.

Rodou todos os arquivos do hospital relacionado a ela, visitou o local onde aconteceu o funeral que os pais dela deram para a bebê.

E agora ela queria que eles desenterrassem para a mesma ter certeza que a criança estava lá dentro. Absurdo!

— Maria Luiza, para! — Exclamei nervoso e levantei do sofá. — Ela morreu, Malu. M-O-R-R-E-U. — gritei soletrando devagar, encarei ela e vi os olhos dela se encherem de lágrimas. — Esse assunto acaba aqui e você pode ir procurar outra coisa para cismar. A sua bebê morreu! — completei e caminhei para a cozinha.

Não deu cinco minutos e escutei a porta batendo com força, voltei até a sala e não tinha mais dela lá. Respirei fundo e mandei mensagem para a Malu ficar ligada.

E foi a Mari que me passou informações dela por dois dias.

A Malu começou a recusar minhas chamadas, não respondia as mensagens, se fosse comigo, ok! Mas não, ela estava ignorando todo mundo.

Lucarelli, Ludmilla, Neymar já tinham tentado e ficaram na mesma que eu.

— Eu não sei mais o que fazer. — Mariana disse chorando. — Ela não sai do quarto, não come nada que a gente leva. Todo mundo lá em casa tá desesperado. — completou.

Me senti culpado, talvez o jeito que eu joguei tudo para ela foi exagerado, poderia ter ido mais devagar.

— Calma, ela ta entendendo a perda dela agora! — Lucarelli dizia calmo. — Quando a bebê dela morreu, o Bruno e a Giulia chegaram e isso supriu a perda dela.

— Agora que ela entendeu de verdade que perdeu uma filha, precisa de um tempinho. — Ney completou.

Suspirei junto com a Mariana e afundei meu corpo no sofá. Ficamos em silêncio um bom tempo até o celular da Mariana começar a tocar, olhamos todo para o aparelho e o nome da avó apareceu.

Todo mundo se encarou e ficou se olhando, foi tipo angustiante, um medo dominava o olhar de nós cinco ali.

— Oi vó. — Ela sussurrou quando atendeu, ficou alguns minutos em silêncio. — Tá, eu vou dizer pra ele aqui... — completou e encerrou a chamada. — Mariana pediu pra vê o Lucarelli.

Sabe aquela pontada de dor que aparece no corpo ? Eu senti uma naquele momento. Dedico praticamente tudo pra ela e num momento difícil a Malu insisti em não dividir comigo, mas tudo bem! Talvez ela tivesse magoada com algo.

— Vai logo cara. — Ney reclamou nervoso o que me tirou dos meus pensamentos.

Levantei do sofá assim que o moreno saiu de casa com a Mariana.

— Vou vê a giugiu. — comentei baixo e fui subindo, Lud e Ney apenas assentiram.

...

MALU LEBLANC

Acho que eu nunca tinha aceitado bem dentro de mim a minha perda. Acontece que a menina do mercado realmente me deu gatilho, e eu coloquei na minha cabeça que deveria procurar minha bebê.

Eu não ia achar ela em lugar nenhum, porque assim como o Bruno disse ela estava morta e eu deveria aceitar aquilo.

O jeito que ele usou para falar aquilo foi o que me machucou, parecia que alguém estava gritando aos quatro cantos do planeta que minha bebê não tinha vida. Aquilo acabou comigo de um jeito absurdo, talvez ele só estivesse cansado das minhas teorias ou exagerei nos meus modos, mas acredito que gritar aquilo não é normal.

𝘽𝙖𝙗𝙮- ᵇʳᵘⁿᵒ ʳᵉᶻᵉⁿᵈᵉOnde histórias criam vida. Descubra agora