Caminhada noturna

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Duas semanas se passaram desde que eu havia chegado ali, e eu percebi que chegar perto do comandante seria uma tarefa difícil. Ele era um homem muito reservado, dificilmente saía de seu escritório, às vezes almoçava ou jantava com os outros soldados, e só estava conosco se fosse necessário; caso não fosse, ele mandava o capitão Levi ou Mike para falar conosco.

Teria que encontrar uma forma de me aproximar dele, e rápido.

Em uma das noites, eu estava treinando com meu DMT e com as lâminas, tentando melhorar minhas manobras e formas de ataque. Se eu quisesse manter bem o meu disfarce, deveria ao menos saber o básico. Era difícil sem uma pessoa instruindo, mas com as dicas e informações que tive, não era impossível. Além de que, eu teria que permanecer viva, e para isso, precisava estar preparada para as expedições fora das muralhas. Só estaria preparada com treinamento, e morrer não era uma opção pra mim.

Eu tinha poucas horas de sono por conta desses treinos, mas dificilmente eu ficava cansada, ou indisposta. O café me ajudava a recuperar minhas energias, fora que, por conta disso, eu não treinava todas as noites, para poder dar descanso ao meu corpo.

- Tente usar a inércia para poupar mais gás. Isso pode ser determinante na sua sobrevivência em missões.

Uma voz ecoava de dentro da floresta, e eu não sabia identificar quem era.

Quem estaria acordado uma hora dessas, e aqui?

Eu parei com meu equipamento em uma das árvores, enquanto uma silhueta se aproxima de mim. Eu tentei forçar a visão para enxergar quem estava escondido em meio à escuridão e estava me observando. E quando chegou mais próximo, consegui identificar.

É ele!

- Comandante?! O que o senhor faz por aqui uma hora dessas?

Ele soltou um sorriso suave, e respondeu:

- Eu tenho muita insônia, e caminhar ajuda um pouco. Me ajuda a limpar um pouco a mente, também.

Eu soltei meu DMT da árvore, e desci perto dele. Eu estava tão nervosa por ter encontrado ele no momento mais improvável possível, que me desequilibrei assim que toquei meus pés no solo e caí de mal jeito, mas antes que eu caísse com todo o corpo no chão, ele me segurou pela cintura.

Eu ainda não tinha tido a oportunidade de ficar tão próxima dele, a não ser o aperto de mão que trocamos no dia em que cheguei aqui, e aquele toque dele me deixou estranha, provocou algo em mim do qual eu não soube explicar o que era.

Isso não deveria acontecer... homens me tocaram bem mais intimamente que ele, e eu nunca fiquei assim...

- Você está bem, Diana? – ele perguntou, parecendo preocupado.

- Estou sim, desculpe. Foi culpa minha, não prestei atenção quando desci... – Falei, enquanto me levantava e me recompunha.

- Você vai voltar pros dormitórios agora? Podemos caminhar juntos até lá.

- S-Sim, comandante.

Nós começamos a caminhar, e então, ele puxou conversa comigo.

- Você parece ser bem jovem. Quantos anos você tem?

- 20, senhor.

Ele soltou outro sorriso quando eu o respondi.

- Não precisa ser tão formal, não estamos em treinamento, e nem perto dos outros. Pode me chamar de Erwin, se preferir.

- Bom, se o se-... você não se importa, então tudo bem. – Eu retribuo o sorriso.

- Ótimo. Continuando... 20 anos... realmente, é bem jovem. – Ele parou de falar por um momento, e depois continuou. - Por que mudou de ideia?

Contrato - Erwin SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora