Vinho

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Na noite antes da expedição, todos estavam reunidos no salão, bebendo, rindo e conversando. Aparentemente era rotina deles, fazer isso sempre antes de expedições fora das muralhas. É compreensível, visto que eles podem não voltar... apesar de estarem se divertindo, eles são responsáveis, sabem que não podem exagerar pois pode atrapalhar seu desempenho no dia seguinte.

Eu corri os meus olhos por todo o salão, mas não avistei o meu objetivo.

Óbvio que ele não estaria aqui... aquele homem foge de confraternizações, é a única explicação...

Eu passei um tempo com os outros soldados no salão, bebendo um pouco e me divertindo com eles. Eu me dava bem com todos, o que facilitava minha vida lá dentro. Era difícil ser a novata, mas acredito que me adaptei bem aqui.

- Por que o comandante não participa da confraternização com a gente? – Perguntei.

- Ah, é o jeito dele, sempre se afundando no trabalho. – Respondeu Hange, tomando um copo de vinho.

- Isso não é saudável, ele também precisa se divertir...

- Você se preocupa muito com o "comandante" ... – Ela diz, dando ênfase na patente de Erwin.

Eu corei quase que instantaneamente.

- N-Não é preocupação, é a verdade! Você não concorda?

- Claro que concordo, mas se tratando do Erwin, eu nem tento mais convencê-lo...

Depois de um tempo, eu sorrateiramente peguei uma garrafa e saí do salão, em direção a sala de Erwin. Eu bati na porta, com a garrafa escondida nas minhas costas, e ele abre. Ao me ver, fez uma cara de surpresa.

- Diana?! Aconteceu alguma coisa?

Eu tirei a garrafa de vinho das minhas costas e mostrei pra ele, com meu melhor sorriso.

- Se o senhor não vai até a confraternização, a confraternização vem até o senhor.

Ele deu um sorriso tímido.

- Não sei se posso participar da confraternização...

Eu fiz carinha de cachorro abandonado, e argumentei:

- Ah, por favor! Basta tomar um copo comigo, e eu já fico satisfeita! Trabalhar o tempo todo não faz bem pra sua cabeça, precisa relaxar! Por favor, por favor, por favor!!!

Ele suspirou fundo, fechou os olhos por um momento, e se rendeu.

- Tudo bem. Mas só um copo.

Ele afastou o braço que segurava a porta, me dando espaço para entrar em sua sala, enquanto continuava com meu sorriso largo de felicidade. Sentei na cadeira em frente sua mesa e coloquei a garrafa em cima dela, enquanto ele fechava a porta atrás de mim. Pega dois copos que estavam guardados em sua sala, colocou em sua mesa, e sentou em sua cadeira.

Eu abri o vinho, coloquei nos dois copos, e empurrei um dos copos para perto dele. Coloquei a garrafa na mesa, peguei o outro copo, e levantei, convidando-o para um brinde.

- Um brinde para o sucesso da expedição amanhã!

Ele sorriu, levantando o copo, batendo o seu copo no meu. Eu virei o meu copo e depois disse, ainda olhando para o meu copo:

- Já disseram que seu sorriso é muito lindo? E eu acho um privilégio arrancar um sorriso seu, tendo em vista de que você não sorri muito.

Ao olhar pra ele, ele está me observando, com feições de quem não esperava ouvir o que eu havia dito.

Contrato - Erwin SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora