Cap8

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Foi a primeira vez que faltei a faculdade, eu achei necessário, pois não conseguiria olhar na cara do meu professor de anatomia.
- Kate! Seu pai foi lá no campus, amanhã você já pode ir até lá. - ela passou a mão nos meus cabelos.
- Eu espero que aquele homem horrível tenha saído de lá! - eu estou com muita raiva, não esqueci o que ele me falou ontem.
- O Victor não costumava ser assim, ele era bem gentil e atencioso.
- Você o conhece? - olhei pasma pra ela, tentando entender.
- Ele se formou comigo e fizemos residência juntos, podia até dizer que éramos muito amigos.
- Mãe, o que aconteceu? Por que ele ficou assim, tão horrível?
- Eu não sei, ele desistiu da residência no hospital e foi para o exército.
- Uou... e de militar ele foi virar professor de Universidade?
- Eu realmente não sei o que aconteceu... - ela suspirou. - Ele era todo engomadinho, típico italiano, prezava demais pela vida dos pacientes e a cirurgia era a arte dele, ele amava o que fazia...
- Ele mudou mesmo, agora ele tem que ensinar alunos a abrir corpos... - suspirei.
- Mas, vamos esquecer isso! - ela levantou. - Vai tomar um banho que a Amy ligou aqui pra casa.
- Amy ligou?
- Sim, vocês todos vão sair. Ethan vem te buscar.
Levantei e fui pro meu banho, desde que descobri a minha gravidez não tenho saído pra lugar nenhum, acho que são instintos maternos, não sei né.
Coloquei uma roupa que mostrasse que estou grávida, mas que ao mesmo tempo não mostrasse. E o meu vans, óbvio.
Não sei pra onde vamos e nem quem vai ir, mas nunca saio má vestida.

Não sei pra onde vamos e nem quem vai ir, mas nunca saio má vestida

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Desci as escadas e meu pai estava sentado no sofá.
- Chegou a revista nova... - ele finalmente me olhou. - Vai aonde?
- Vou sair com meus amigos.
- Que amigos?
- Vai o Ethan...
- Só ele? - ele arrumou os óculos sem parar de me olhar.
- Vai a Amy... - pensei. - Acho que só eles. - ele ficou me olhando.
- Espero que não demore.
- Não vou demorar. - beijei o rosto dele e fui esperar o Ethan no portão.
Ele sempre demora, eu já estou mais do que acostumada com isso.
Eu podia ter comido alguma coisa, já que não sei aonde vamos e eu estou com muita fome.
Quando o Porsche preta entrou no meu pátio eu me senti bem aliviada, não aguentava mais ficar em pé.
- Demorou demais. - entrei no carro.
- Eu estava arrumando meu cabelo. - revirei meus olhos. - E o meu beijinho? - ele ria.
- Tu não merece, me fez ficar esperando aqui por um bom tempo.
- Não mereço? Eu tô te levando pra jantar. - ri e puxei ele pela gola da camisa. Depositei meus lábios aos dele.
- Só mereceu porque tá me levando pra jantar. - ele riu. - Tá, liga o carro antes que meu pai decida vir junto.
Ele ligou o carro e instantaneamente ligou uma música, ele sempre foi conhecido por ter as melhores playlists.
- Por que vamos jantar?
- Combinei com seus amigos que vamos comemorar o fato de que vamos descobrir o sexo dos bebês amanhã. - ele sorria.
- Convidou até o Liam? - ele me encarou.
- Sim né, se eu não convidasse o doutorzinho você ia ficar brava.
- Ele é meu amigo. - revirei meus olhos.
- Teu amigo sou eu e eu te engravidei. - tive que rir.
Fomos conversando por todo o caminho, ele me fez rir bastante, o que me fez ficar com mais fome do que eu já estava.
Chegamos e era um bar, sendo que não posso beber nada.
- Ethan? - cutuquei ele.
- Fala.
- Um bar? Sério?
- Esse lugar tem a melhor batata frita e tem também uns dos melhores drinks da cidade.
- Mas eu não posso beber... - ele me encarou se sentindo culpado.
- Eu esqueci Kate, desculpa.
- Tudo bem, eu fico com as batatas mesmo. - ele sorriu muito animado, esses drinks devem ser bons mesmo.
- Você é a melhor! Amanhã te levo em uma lanchonete pra comer algo. - eu apenas sorri e entramos no local.
Era um barzinho bem simpático, tinha uma banda tocando ao vivo e algumas mesas espalhadas ao redor do bar.
Estava a Amy e o Liam sentados. Quando ela me enxergou já me gritou mostrando onde ela estava. Tive que rir, enquanto o Ethan revirava os olhos.
- Amy, o bar inteiro não precisa saber que você estava nos esperando.
- Você é um chato! Oi amiga.
- Oi Amy. - olhei pro Liam. - Oi Liam, tudo bom? - sabem o olhar de safada? Então eu fiz ele.
- Tudo sim. - ele sorriu.
- Então, pessoal. - Ethan interrompeu meu momento de ficar apenas olhando o Liam sem falar nada. ÓDIO! - Vamos pedir as coisas?
- Vamos, eu tô morrendo de fome.
- Eu pego lá pra você Kate. - ele tocou no meu braço. - E o Liam vai junto comigo. - eu sei que ele não quer me deixar sozinha com o Liam, ele é esperto até.
- Então amiga, você e o insuportável estão namorando?
- Amélia! - se eu tivesse tomando algo eu teria cuspido. - Claro que não, por que acha isso?
- Ué, ele está sempre com ciúmes de você e não larga mais do teu pé.
- Ele sempre foi assim.
- Mas ele tá te olhando de um jeito diferente...
- Então, não vamos tocar nunca mais nesse assunto... - ela riu.
- Oi meninas, chegamos atrasadas? - Hannah e Addison sentaram na nossa mesa.
- Oi, claro que não, recém chegamos.
- Kate, minha irmã veio junto se não importa.
- Ah sem problema algum... - quando alguém se aproxima da mesa era quem eu menos esperava. - Lucy?
- Vocês se conhecem?
- Éramos da mesma escola.
- Katherine, não te vejo desde a formatura! - ela veio me abraçar. Como alguém legal igual a Addie é irmã de alguém como a Lucy? - Como está?
- Estou ótima! E você?
- Estou bem... tem falado com o Ethan?
- Ela tem falado de várias formas com ele.- Amy falou dessa forma irônica, ninguém gosta da Lucy, mas ignoramos o comentário dela.
- Claro que eu falo com ele.
- Acho que ele deve ter ficado em depressão por que eu larguei ele de novo, fazer o que né. - ela sentou na mesa.
- Ele está bem. - fiz meu sorriso falso.
- Kate, te trouxe todos os tipos de comida que tinha disponível ali... - ele parou por um instante. - Lucy?
- Oi Ethanzinho. - ela fez uma cara de boa moça, nem parece que estava dizendo que deixou ele.
Eu tive meio que puxar o Ethan pra sentar. Ele estava pasmo e ia ficar de pé a noite inteira.
- E seu namorado Lucy? - Hannah se meteu, acho que ela entendeu que eu estava querendo estrangular a Lucy.
- Ele está bem, atolado com as várias provas. Fazer enfermagem é mesmo muito complicado. - ela falava dele de uma forma, como se estivesse com orgulho... será que Lucy Palmer está mesmo apaixonada?
- Você pensou em algo? - eu sabia que não, mas eu queria ouvir ela falar.
- Não, mas decidi que vou fazer um curso técnico. - concordei com ela, um curso técnico é bom até.
Ethan estava estranho. Eu fiquei desconfortável.
Todos perceberam isso. Menos a Amy e o Liam, que estavam conversando bastante.
- Então Kate, quer beber algo?
- Ela não pode beber. - Ethan dirigiu uma palavra pra ela sem gaguejar?
- Não pode?
- É, eu não posso. - ela só me encarou.
- Quantas semanas? - eu quase me engasguei com a batata.
- São 17.
- Aí, eu já estava desconfiando mesmo, mas estava com medo de perguntar. - só concordei com a cabeça enquanto eu esbanjava um sorriso falso. - Menino ou menina?
- Vamos ver amanhã. - Ethan falou duas frases sem gaguejar? Hannah e Addison ficaram só observando.
- Aí Ethanzinho, você vai ser um ótimo padrinho...
- Pai, eu vou ser um ótimo pai. - ele a encarou.
Ela começou a rir olhando bem pro rosto dele.
- Parece que quando eu te larguei você não pensou duas vezes antes de conseguir outra coisa né? - eu sou a "outra coisa"?
- Você sempre me deixava!
- Mas a gente sempre voltava! E você Kate... - ela me encarou. - Eu pensei que você se dava valor! Esperou eu largar pra agarrar rapidinho né... - bati na mesa, eu não aguentava mais ouvir a voz dela.
- Eu não corro atrás de ninguém, ele que foi atrás de mim! E eu sei me dar valor melhor do que você, já parou pra te enxergar? Tu se acha só por que namora a porcaria de um universitário e quando ele cansa de ti, tu volta pro filhinho dos médicos, porque sabe que ele sempre estava te esperando! Eu já tô cansada disso e ele também! - Ethan tocou nos meus ombros, eu estava tensa demais.
- Não vou discutir com você Katherine, não vale a pena. Aproveite a sua vida feliz então, mas não esquece que a pessoa que ele sempre vai amar, vai ser eu. - eu fiquei com raiva de alguma forma, porque eu sei que vamos ter filhos, mas não sentimos nada um pelo outro, nossos filhos não vão poder se espelhar no amor dos pais porque não existe.
- Lucy, chega! Vamos embora.
- Não precisa ir Addie, eu vou. - peguei minha bolsa, joguei um dinheiro em cima da mesa e sai desnorteada do bar e com uma vontade de chorar.
Como que vou embora agora? Vou ter que esperar um táxi ainda, essa vida de não saber dirigir é complicada.
- Vai aonde? - ele sentou na escada da entrada.
- Vou pra minha casa né! - percebi que elevei a voz.
- Não precisa gritar comigo. - sentei junto com ele.
- Me desculpa.
- Obrigada por ter dito tudo aquilo, você falou o que de alguma forma eu nunca consegui coragem pra falar.
- Eu não podia deixar ela continuar fazendo coisas assim com você e além do mais eu nunca gostei da cara dela. - ele riu.
- Ela disse que eu nunca me apaixonaria de novo, mas ela não sabe de nada mesmo.
- Sim né, a gente não ama apenas uma pessoa na vida.
- É né... - ele me encarou. - Sabia que eu sempre fui louco por você?
- Eu sabia. - ele me olhou pasmo.
- Como?
- Uma vez eu vi as cartas que você escrevia pra mim, era fofo. - rimos. - Mas eu achava que era amor de irmãos.
- Eu queria que fosse, comecei a namorar a Lucy porque você começou a namorar com o Rick.
- Rick Morgan? Eu não namorei ele. - ele me encarou. - Só por dois dias. - rimos. - Mas quando você começou a namorar a Lucy, eu me senti traída de alguma forma, porque eu li todas aquelas cartas e senti que era tudo uma bobagem, porque tu estava com outra pessoa... - fui interrompida com um beijo dele. Já nos acostumamos a nos beijar, mas esse beijo foi diferente de todos, tinha um sentimento estranho.
- Kate, tudo que dizia nas cartas era verdade e não era amor de irmãos, eu tinha 15 anos e já sabia disso. - passei a mão pelo rosto dele.
- E eles ainda existem? - ele deu uma risada fraca.
- Eles nunca sumiram... - sorri e beijei ele de novo.
- Mas pra mim, isso é tudo meio novo e... - ele colocou o dedo nos meus lábios.
- Vamos no seu tempo. - abracei ele.
- Eu quero ir pra casa.
- Não quer ir pra minha? - ele fez aquele sorriso safado.
- E o negócio de "ir no meu tempo"? - fiz as aspas com as mãos, eu sempre quis fazer isso.
- Infelizmente eu tenho que concordar contigo. - ri.
Ele me levou até a minha casa e rimos muito durante todo o caminho, ele me diverte demais.
Antes de eu descer do carro, ficamos nos beijando por muito tempo.
- Kate, melhor você ir ou eu não vou conseguir "ir no seu tempo".
- Eu entendo. - beijei ele mais um pouco e entrei na minha casa.
Mesmo com tudo o que aconteceu, essa foi realmente a melhor noite da minha vida.

Grávida Do Meu Melhor Amigo😝Onde histórias criam vida. Descubra agora