Capítulo 8

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Coloquei uma torneira nova e liguei o registro geral. Com todo o cuidado do mundo abri a torneira e a água começou a cair. Fechei a torneira e olhei pela cozinha.

- O que fazer primeiro, almoço ou limpar.

Minha barriga roncou alto e tomei minha decisão, voltei para a pia e lavei tudo que ia usar, sequei as panelas e acendi o fogão.

- Pelo menos tem gás.

Enquanto a carne cozinhava, coloquei a panela de arroz para funcionar. Fui até a lavanderia e peguei um rodo, pano de chão, desinfetante, álcool em gel, cera de madeira, balde e vassoura.

Voltei para a cozinha e Alyce está sentada na mesa onde eu à tinha colocado, olhando fixamente para a panela que exala um cheiro maravilhoso.

- Quer esperimentar? - perguntei, colocando o que havia buscado em uma outra parte da mesa.

- Eu posso?

- Por que não poderia? Sinta-se a vontade para fazer o que quiser.

Retirei a tampa e logo senti o cheiro da carne tempeirada, me dando água na boca. Retirei um pedaço da carne, que estava quase pronta, e entreguei a Alyce.

- Cuidado, está muito quente.

Ela segurou o pedaço de carne com as pontas das unhas grandes. Fechei novamente a panela e comecei a limpeza pela cozinha.

- Posso ajudar em alguma coisa? - disse Alyce engolindo o resto da carne.

- Se você quiser.

Alyce desceu da mesa e pegou a vassoura, álcool em gel e um pano de chão, logo depois desaparceu da cozinha. Retirei todos os utensílios dos armários e reservei para que fossem limpos posteriormente. No meio da bagunça encontrei uma tábua de corte que auxiliaria na finalização da carne que estava sendo preparada.

Depois de pronta e cortada acrescentei molho madeira e servi em uma travessa, que foi direto para o forno, para enfim gatinar o cozido especial. Alyce passou pela cozinha e entrou na lavanderia, esquivei o meu corpo procurando ver aquela bela bunda em uma cueca minha, mas então ela se virou me pegando no flagra, com vergonha por ser pego desviei o meu olhar e recomecei a limpeza.

- Você não devia assediar uma garota.

Ela nem me deu tempo de responder, apenas saiu. Com a cozinha organizada e a refeição pronta sai a procura de Alyce pela cabana, começei pela sala mas não a encontrei, notei admirado que o cômodo estava limpo, as janelas não tinham mais uma camada grossa de poeira e os móveis reorganizados, de um modo que o lugar parecesse maior do que era.

- Gostou? - Alyce parece estar tímida.

- Por que está tímida? Ficou melhor do que a cozinha que limpei.

Não posso mentir, a cozinha parece estar uma nojeira perto deste cômodo, posso comer no chão desta sala sem medo de adoecer.

- Não estou acostumada a limpar, e também reorganizei os móveis, espero que não se importe.

Me aproximei de Alyce e a segurei pela cintura, mas mantendo uma distância segura.

- Você fez um ótimo trabalho, até melhor que eu. Vamos almoçar.

- Hum - Alyce pulou no meu colo e eu a segurei pela cintura.

- Nós dois poderíamos ter caido.

- Esses músculos são de asteroide?

- Claro que não, muito menos academia. Meu pai e o meu tio me colocam para trabalhar pesado.

- Então não iamos cair.

Carreguei Alyce até a cozinha e a coloquei sentada na mesa, fui pegar nossos pratos e a travessa com carne. Olhei para os olhos azul celeste que me encaravam de volta, Alyce mordeu os lábios e desceu da mesa.

- Vamos comer e sair, amanhã tenho que pintar o barco do meu tio.

- Posso ajudar?

- Você é livre, pode fazer o que quiser. Curta a sua liberdade.

Nos sentamos na mesa em um silêncio aconchegante e comemos a refeição. Enquanto organizava a cesta para o piquenique que iríamos fazer a tarde notei com um sorriso que Alyce lavava a louça do almoço.

Subi até o quarto e coloquei novamente no bolso o objeto que comprei para ela, desci e a vi observando atentamente as fotos na parede.

- Por que não tem foto de você aqui pequeno?

Acho que ela quis perguntar o motivo de não ter nenhuma foto daquela época. As fotos faziam Amélia e Arthur sofrerem muito, então eu as pedi para mim, agora estão todas no meu apartamento.

- Porque estão no meu apartamento.

- Quem é esse? - ela apontou para o Arthur, em um dos porta-retratos.

- O dono desta cabana, Arthur Gustavo Martinez.

- Ele não me é estranho, acho que o vi ontem no mercado com essa... Hum - ela começou a olhar as fotos e apontou para a tia Amélia - Mulher, aqui.

- Ela é a esposa dele.

- Está fazendo novamente.

- O que estou fazendo? - perguntei por não saber do que ela estava falando.

- Contando só a metade, escondendo algo de mim.

- Vamos para o lago, a noite esfria e podemos ficar doentes se voltarmos molhados.

- Claro, mas não é longe não, né?

- Vamos de quadriciclo.

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