6 - Matsuko

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Como que um cara de 15 anos conseguia ter um tanquinho daqueles?!

Os garotos estavam rindo na sala enquanto eu me sentei no chão ao lado do quarto de Baji. Enfiei o capuz na cabeça e puxei o cordão de ajuste até só o meu nariz e minha boca ficarem visíveis no buraco.

Eu não costumava me render fácil pra provocações e adorava ver os outros envergonhados com alguma piada, como quando Baji achou que eu fosse uma prostituta. Mas ter visto ele sem camisa foi um tipo totalmente diferente de provocação.

Eu já tinha ficado com outros caras antes. De repente, eu imaginei Baji em um desses momentos comigo e fechei ainda mais o capuz na cabeça.

- Ai, isso não é possível... - Resmunguei.

Ouvi a porta abrindo e virei minha cabeça para o som.

- Você tá parecendo algo muito duvidoso, Matsuko. - A voz condescendente dele falou.

Eu abri um pouco mais o buraco para enxergar ele e fiz cara feia.

- Se você acha isso, quer dizer que parece com algo que você tem.

Me arrependi na hora do que eu disse, porque ele sorriu em provocação e eu fiquei vermelha de novo.

- Meio indecente falar isso logo depois de me ver sem roupa, não?

Me levantei abruptamente, tirando o capuz por completo dessa vez.

- É indecente em qualquer situação. E se for para isso que eu estou aqui, já vou embora.

Fiz menção de sair mas ele parou na frente do portal, fechando a passagem.

- Nananinanão. Eu disse que ia te ajudar com os machucados. - Ele acenou para o quarto - Vai, entra. Eu vou deixar a porta aberta, não se preocupa.

Revirei os olhos.

- Como se eu fosse deixar você fazer alguma coisa... Kyubaji...

Ouvi ele rir enquanto eu entrava no quarto e simplesmente ficava parada ali no meio, sem saber o que fazer.

Era um lugar bem arrumado até. A mesa lotada de cadernos estava realmente uma zona mas, fora isso, a cama estava arrumada e haviam diversos pôsteres nas paredes e...

- Aquilo são coleiras e comida de gato? - Franzi o cenho.

- Ah, são sim. Eu costumo levar algumas na mochila para caso encontre algum gatinho perdido. Levo eles a um centro de adoção, por isso as coleiras. - Ele explicou enquanto pegava uma caixa no guarda-roupas.

- E por que não tem nenhum gato? - Perguntei.

- Ah, eu tenho.

- E cadê ele?

Miados altos surgiram no ar, do lado de fora. Entendi na hora o que era. Minha cabeça que tinha acompanhado o som virou novamente para Baji.

- Com a gata da vizinha. - Ele sorriu.

Eu não aguentei e comecei a rir, me dobrando de leve quando senti uma dorzinha na barriga. Quando me recompus, ele estava me encarando com um sorriso de idiota e uma sobrancelha arqueada.

- Tá, ela me deixou num estado pior. - Confessei.

- Não era nisso que eu estava pensando, é que você ri muito alto. - Ele deu uma risadinha e sentou na cama, dando tapinhas para que eu sentasse na sua frente.

Suspirei.

- Foi mal... Eu tenho esse problema de ser muito escandalosa sem querer. - Me sentei e ele colocou seus óculos.

𝘽𝘼𝘿 𝙂𝙄𝙍𝙇𝙎 𝘾𝙍𝙔 𝙄𝙉 𝙏𝙊𝙆𝙔𝙊 𓆈 𝑻𝒐𝒌𝒚𝒐 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒏𝒈𝒆𝒓𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora