- Ah, isso vai ser interessante.
Me sentei no banco da calçada e observei o quebra-pau que estava se formando entre Kazehaya e Matsutoya, um sorriso viperino no rosto. Meu quadril ainda estava dolorido pelo chute certeiro da garota de cabelos bicolores na briga de ontem, e minha cabeça latejava como o inferno.
Peguei um cigarro do maço que tinha roubado de um primeiro anista e acendi, dando um trago e soltando a fumaça. Cruzei as pernas, estendi os braços no banco e assisti ao espetáculo.
- O que você é? A droga de uma stalker?! - Matsuko começou.
- Eu? Perseguindo você? É justamente o contrário. - A tranquilidade nas palavras de Kazehaya me dizia que ela sabia usar a fala como uma arma.
- Você eu vou querer... - Murmurei para mim mesma.
Ela abaixou e pegou o celular do chão.
- Sorte sua que não quebrou. Acho que agora você me deve desculpas por ter esbarrado em mim, baixinha. - Continuou Kazehaya, com superioridade, muito diferente da garota comportada na escola.
Fiz um "ui" baixinho, rindo fraco de como aquilo seria incrível. Matsutoya deu um riso incrédulo.
- E vai fazer o que se eu não pedir, meu amor? Dizer "ah, não!" e começar a chorar?
Me segurei pra não rir. Caiam na porrada logo, por favor!
- Para começar, não fui em quem olhou com desaprovação e desgosto alguém que nem conheço enquanto caminhava na rua. - Rebateu Matsuko, se aproximando. - Além do mais, sou eu quem está te olhando de cabeça erguida, poste de pole dance. Quanto pagam para dançar em você?
Kazehaya riu.
- Desaprovação e desgosto? Eu apenas acenei para você. Está se achando demais para alguém com quem eu não gostaria de perder meu tempo.
Eu conseguia sentir o ódio da menor fervilhando naquele sorriso arrogante.
- Está mesmo de cabeça erguida? É tão baixinha que te confundi com um pirata de aquário.
A eletricidade no olhar das duas era palpável. Parecia que ia chover a qualquer minuto.
Matsutoya perdeu a paciência quando a oponente lhe olhou de cima abaixo, claramente como um julgamento. Essa era Mirajane Kazehaya: por detrás da máscara da boa menina, havia uma insuportável fonte de arrogância e superioridade.
Suzuko tentou lhe dar um soco, mas a maior lhe segurou e torceu o pulso.
- Talvez eu deva lhe ensinar boas maneiras, baixinha.
Ela derrubou a garota no chão com facilidade, colocando o peso de uma perna em suas costas. Matsuko soprou uma mecha de seu cabelo do rosto.
- Desculpa, mas eu não vou apanhar de novo.
Em um movimento ágil, a menor deu um impulso nas pernas e jogou Kazehaya por cima de seu corpo, a fazendo cair apoiada em uma perna só. Ela se levantou rapidamente e testou o pulso torcido, dando um sorriso logo em seguida.
- Cai dentro, espetinho de peruca.
A criatividade daquela garota para apelidos era infinita, meu deus. Era um pior que o outro.
- Vamos acabar logo com isso, sua merdinha. - Mirajane rosnou.
Ela aproveitou que estava no chão e deu uma rasteira, deixando Suzuko no chão. Subiu em cima dela e lhe acertou um soco direto no meio do rosto, se levantando em seguida.
- Fica. No. Chão. - A total autoridade naquela voz faria qualquer um cair de joelhos.
Para a minha surpresa, Matsuko começou a se levantar, o sangue escorrendo de seu nariz e boca.
- Você é mais forte do que parece, Matsutoya... Você será da Dark Tigers... - Comentei de novo, tragando os últimos minutos do cigarro.
Ela se levantou, esquivando da tentativa de chute de Kazehaya.
- Eu disse para ficar no chão! - Mirajane ordenou novamente, o cabelo louro escuro ondulando.
- Você quebrou... - Começou Matsuko - ...a porcaria do meu nariz... - Ela se levantou, rindo com ódio puro - ...Tem noção de quanto ele vai ficar horrível, sua desgraçada?
Com fúria carregando seus punhos, Kazehaya voltou a atacar com força total, tentando inutilmente acertar Matsutoya, que desviava de todos os ataques assim como fez comigo na nossa luta. De repente, ela parou.
Segurou o pulso direito de Mirajane. Quando a loira a tentou acertar com o punho livre, ela se esquivou novamente ao abaixar e subiu com um gancho de esquerda perfeito, fazendo a mais alta cambalear. Cuspiu sangue e sorriu novamente.
- Agora estamos quites, apesar de eu realmente querer quebrar mais do que só um dente seu.
Ela olhou para onde eu estava, me percebendo ali. Eu sorri e acenei e ela revirou os olhos.
- Já chega. Não quero lutar para platéia. - Ela agarrou a mochila e eu gargalhei.
- Você ainda é minha escrava. - Me levantei e caminhei até ela.
Acho que Kazehaya, em algum momento, acertou seu estômago, porque assim que eu me aproximei ela botou os bofes pra fora numa moita ali perto. Só pude ouvir Mirajane falando antes de ir embora, sorrindo como um gato.
- Seu soco não faz nem cócegas. Mas ninguém me acerta e sai impune.
Ela pegou sua mochila e limpou a saia.
- Melhor não aparecer na minha frente outra vez e não sair do chão quando eu não mandar, porque se o fizer eu vou acertar sua cabeça no concreto com tanta força que você vai sentir o gosto de cimento na boca só de me responder, okay? - Ela disse, apontado.
Matsutoya cuspiu na moita e virou para a encarar, fazendo careta.
- Ah, supera. Vá ver se eu estou na esquina e cai fora daqui logo...
Ela estava grogue de tanto vomitar, mas Kazehaya riu de novo.
- Até mais, anão de jardim. Vê se não morre antes de eu quebrar a sua cara.
Ela colocou a máscara de novo e saiu, como se nada tivesse acontecido.
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𝘽𝘼𝘿 𝙂𝙄𝙍𝙇𝙎 𝘾𝙍𝙔 𝙄𝙉 𝙏𝙊𝙆𝙔𝙊 𓆈 𝑻𝒐𝒌𝒚𝒐 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒏𝒈𝒆𝒓𝒔
FanfictionPRIMEIRA TEMPORADA Suzuko Matsutoya é uma garota normal do ensino médio, por mais que ache que ser uma delinquente a torne diferente. Temperamental e impulsiva, esconde tantas coisas no peito que se afogou em si mesma há muito tempo. Mas as coisas c...