12 - Matsuko

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- Cara, você tá um porre, sinceramente.

Ayame dizer isso na minha cara enquanto eu vomitava até o que não tinha comido depois de ela ter me derrubado duas vezes ontem era o cúmulo.

- Jura, Sherlock? Achei que estavam saindo borboletas da minha bunda. É óbvio que eu estou um porre.

Cuspi na moita o último resquício do que tinha no meu estômago e me levantei, as pernas bambas.

- Você deveria reconsiderar meu convite de entrar na Dark Tigers. E precisa de remédios urgentemente. - Ela disse, olhando o meu estado.

Franzi o cenho.

- O que é que o olho tem haver com as costas, Nakagawa?

Do nada um pedido de reconsideração do convite no meio de uma conversa sobre eu estar toda destruída.

- Nada, mas você deveria mesmo entrar na gangue. - Ela sorriu. - E já que está aqui, vai me ajudar com as compras.

Eu fiz uma careta de dor e me sentei no banco.

- Um: nem ferrando. Dois: não vou tomar remédio. Três: Como que você me vê nesse estado, fala que preciso de remédios e ainda diz que eu vou te ajudar com as compras, Ayame?

Falei seu nome com puro ódio contido e limpei a boca. Meu nariz estava doendo.

- Preciso colocar isso no lugar... Tem alguma farmácia aqui perto? - Perguntei.

Nem percebi o quão revoltada ela tinha ficado com meu sarcasmo. Me empurrou para encostar no banco e pegou meu nariz com uma mão.

- Cala a boca, sua garotinha insolente.

Eu gritei quando ela puxou meu nariz até ouvir um crack e eu sentir um alívio mesclado com uma dor insuportável.

- CACETE, AYAME!

Eu falava muito palavrão, mas naquela hora eu devia ter falado 10x a minha cota diária, enquanto havia uma Ayame sorridente na minha frente.

- Prontinho, tudo no lugar. - Ela disse com cinismo.

Senti as lágrimas brotarem enquanto a dor latejava pelo meu rosto.

- Eu ainda preciso limpar a minha cara, inferno...

Me surpreendia minha visão não estar vermelha com tanto sangue.

- Ai, para de surtar, cara. Toma aqui. - Ela estendeu uma garrafa d'água da bolsa e uma cartela de comprimidos para dor - É o que eu tenho agora.

Eu simplesmente não conseguia falar ou fazer nada que não fosse agarrar aquilo da mão dela.

- A farmácia fica a dois quarteirões daqui. Aliás, de nada.

Ela caminhou até a entrada da conveniência.

- Ah, e sobre as compras. Eu moro sozinha, preciso de alguém para me ajudar a carregar as coisas. - Sorriu, maldosa.

Revirei os olhos e ela entrou na conveniência. Joguei um pouco de água no rosto e nem percebi quando deitei no banco, o braço escondendo os olhos. Eu senti a diferença de calor quando as lágrimas começaram a escorrer. Meu rosto estava sem expressão, mas o barulho dos meus pensamentos era tão alto que faria qualquer um chorar.

- Quando foi que tudo deu tão errado? - Murmurei, sentindo a voz embargada.

No meio desse devaneio, Ayame reapareceu e me estendeu uma sacola.

- Levanta a cabeça se não o chifre arrasta, princesa.

Eu ri e limpei as lágrimas, agradecendo silenciosamente ela não ter comentado nada sobre minha quebra emocional.

𝘽𝘼𝘿 𝙂𝙄𝙍𝙇𝙎 𝘾𝙍𝙔 𝙄𝙉 𝙏𝙊𝙆𝙔𝙊 𓆈 𝑻𝒐𝒌𝒚𝒐 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒏𝒈𝒆𝒓𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora