3 - Baji

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Em plena segunda-feira o Mikey tinha decidido convocar uma reunião de emergência. Eu estaria morto de sono no final do dia e, se tivesse que meter a porrada em alguém seria difícil de me animar.

Além disso, nesse exato momento, estou tendo uma aula de Gramática e Ortografia. Agora que o Kazutora está de novo no reformatório, depois que confessou ter espancado um cara até a morte na batalha de 3 de Agosto, eu precisava manter contato pra que ele continuasse são. Só são permitidas visitas familiares, mas eu posso enviar cartas quando quiser.

O problema é que eu sou péssimo escrevendo qualquer coisa, e não precisamos disso na Toman, então nunca me importei muito, até acontecer o acidente do Shinchiro-kun e o Kazutora ser levado ao reformatório pela primeira vez.

Fora todo esse caos externo, tinha a minha mãe. Eu sou um delinquente, o que não é segredo pra ninguém, isso inclui ela. Toda vez que chego em casa arrebentado de uma briga, ela fica encapetada e me arrebenta de novo se eu deixar. Então eu tento pelo menos ter uma boa média nas aulas, ir bem vestido pra escola... Até deixei de pintar meu cabelo, mas mantive um comprimento mais longo e ela até que gostou do visual.

E ainda tem toda aquela treta com a Black Dragons, de novo. Irônico eu dizer que a rivalidade se formou por causa do Kazutora? Sim, mas aconteceu antes de ele mudar, então ninguém o culpa. Mas, cara... Estou exausto.

O sino bateu, indicando o final do período. Tirei os óculos de descanso e afrouxei o rabo de cavalo até o prendedor ficar um pouco abaixo da nuca, com uns fios rebeldes caindo no meu rosto. Eu precisava de um tempo para espairecer e, como ontem meu momento de sossego se tornou uma conversa de insultos e piadas, decidi subir no telhado da escola mesmo.

Tinha alguém lá.

Se o inferno pudesse me ouvir, ele teria armado aquele encontro e estaria rindo na minha cara agora.

- MAS O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI, MATSUKO?!

Ela estava deitada com um cigarro na mão, olhou pra cima, inclinando a cabeça para trás no chão.

- Primeiro: para de gritar, eu não sou surda. Segundo: matando aula e relaxando. - Ela se sentou - O que que você tá fazendo aqui, Baji?

Suspirei, frustrado.

- É impossível eu ter um momento de paz, Deus? - Olhei para o céu - Eu sou tão mala assim que o Senhor me odeia?

- Ai, para de drama, garoto. Eu fico em silêncio se você quiser, mas para de chorar. - Ela começou a resmungar e deitou de novo, dando um trago no cigarro.

Suspirei. Larguei a mochila ao lado da dela e sentei por perto. Seu busto até a cabeça estava na sombra, enquanto a cintura e as pernas ficaram ao sol. Eu queria evitar que minha cabeça levasse meus pensamentos para o lado errado, mas era difícil.

Cara, ser engolido por essas coxas deve ser uma sensação incrível...

Ela tá com o primeiro botão da camisa aberto!

Para de olhar, seu animal!

- Você tá bem tenso, hein? - Ah meu deus, ela percebeu. Eu corei e, antes que eu notasse, um maço apareceu do lado do meu rosto - Pega um aí e relaxa, vai.

𝘽𝘼𝘿 𝙂𝙄𝙍𝙇𝙎 𝘾𝙍𝙔 𝙄𝙉 𝙏𝙊𝙆𝙔𝙊 𓆈 𝑻𝒐𝒌𝒚𝒐 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒏𝒈𝒆𝒓𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora