7 - Matsuko

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- E quando foi que ela te chamou para entrar na gangue dela? - Baji tinha terminado meu rosto e estava cuidando da minha perna.

- Logo em seguida, enquanto eu ainda estava no chão. Eu a mandei ir ao inferno, então continuo sendo escrava. - Respondi, soltando um resmungo de dor quando ele deu um tranco na perna.

- Desculpe. - Ele disse.

- Tudo bem... - Soltei o ar.

Em algum momento, acabei deitando na cama com minha perna em cima dele. Estava usando shorts então estava tudo bem, mas eu percebia que ele estava um pouco corado. Quando tentei me levantar, ele colocou a mão no meu peito, bem perto do meu pescoço e me empurrou de volta, voltando a atenção para o curativo.

- Fica assim. É melhor pra enfaixar. - Ele manteve o foco no curativo.

Pigarreei.

- Então, tá...

Enquanto ele passava o gel de cânfora para distensões musculares, surgiu uma pergunta na minha cabeça.

- Você tem gangue, Baji? - Perguntei, encarando o teto.

Ouvi ele dando um sorriso.

- O que te faz pensar que eu sou um delinquente? Me chamou de nerd CDF, lembra? - Deu tapinhas na minha coxa, indicando que estava tudo certo e eu me levantei com um impulso.

Dei de ombros, olhando o estado da minha perna.

- Porque seus amigos ali na sala, com toda a certeza, são delinquentes. E você de cabelo solto e sem óculos parece um também.

Eu sorri e olhei para o armário dele, apontando.

- Aquilo ali é um uniforme, não é? - Arregalei os olhos - Você é capitão, Baji?

Ele deu risada, jogando a cabeça pra trás.

- É, eu sou, sua curiosa do capeta. Capitão da Primeira Divisão da gangue Tokyo Manji, Keisuke Baji, ao seu dispor.

Ele fez uma reverência e eu apenas ri extasiada.

- Isso é muito legal, sério. Então aquele povo todo é da Toman? Vocês são muito conhecidos em Kanto!

Eu nem percebi o quanto estava matraqueando sobre as histórias que tinha ouvido da Batalha de 3 de Agosto e de como eles estavam em guerra com a Black Dragons até eu notar que ele estava me encarando.

- Ah... Desculpa. - Sorri um pouco desengonçada - Eu sempre gostei de gangues de motoqueiros. Acho que me empolguei um pouco.

Ele sorriu.

- Tem que parar de se desculpar pelas coisas legais que você faz, sabia?

Eu ri.

- Vou tentar, esfregão de privada.

- Olha, esse é novo. - Ele riu.

A noite passou e conversamos sobre bastante coisa, tanto só nós dois quanto com o restante do pessoal. Jogar Jenga em cima de uma mesa de centro quebrada foi a melhor experiência da minha vida, mas já estava ficando tarde e os outros tinham que ir.

- Ah, você tem que ir às compras com a gente um dia desses! - Convidou Emma.

- E eu quero aprender sua técnica de delineado que você mostrou nas fotos! - Completou Hina.

Eu ri, lisonjeada.

- É claro, meninas. A gente marca alguma coisa qualquer dia desses.

Todos se despediram até sobrar apenas eu e o Baji. Subimos no telhado e nos apoiamos na grade, assim como na noite anterior.

- Eles são pessoas legais. Não acredito que tenham um otário como você no grupo. - Brinquei.

Ele riu.

- As vezes nem eu acredito que eles aceitaram formar uma gangue comigo. - Ele olhava o horizonte com um brilho no olhar.

Tínhamos falado sobre como a Toman foi formada um pouco mais cedo. Eu senti inveja. Eles eram amigos há tanto tempo, nunca estavam sozinhos. Mesmo que Pah-chin e Kazutora estivessem no reformatório eles permaneciam unidos, mandando cartas à eles e tomando conta uns dos outros do lado de fora também.

Há quanto tempo eu estava sozinha? Não me lembrava quando foi a última vez que meus amigos de Kanto me ligaram ou mandaram mensagem desde que me mudei. Pareciam tão distantes, num tipo de realidade paralela.

Acho que eu só era azarada com afetividade mesmo.

- Eu vou indo agora. Valeu pela noite. - Me despedi e fui andando devagar para a escada.

- Ei, Matsuko. - Ele me chamou.

- Hm?

- A Toman... Sempre tem lugar pra mais um. Mesmo que não aceitemos garotas, você ainda pode ser parte do grupo, sabe? - Ele deu um leve sorriso.

Eu tive vontade de chorar, mas me contive e ri.

- E não poder cair na porrada junto com vocês? Nem ferrando. - Voltei a caminhar - Mas, sabe... Talvez eu pense no assunto.

Cheguei na ponta da escada e olhei para Baji.

- Boa noite, vassourinha! Vê se passa uma babosa nesse cabelo!

E desci até meu apartamento.

𝘽𝘼𝘿 𝙂𝙄𝙍𝙇𝙎 𝘾𝙍𝙔 𝙄𝙉 𝙏𝙊𝙆𝙔𝙊 𓆈 𝑻𝒐𝒌𝒚𝒐 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒏𝒈𝒆𝒓𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora