Capítulo 22

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- Marcelo Narrando -

Mais uma semana passou e eu não entrei em contato com a Brenda, ela não me ligou e nem mandou mensagem também. Resolvi ir na casa dela e quando cheguei lá ela estava abraçando um cara que estava sem camisa.

- Marcelo - a avó dela falou animada e eles se viraram - Alex, esse é o Marcelo, amigo da Brendinha

- Amigo é? - perguntou debochado e riu

- Oi, dona Sônia - falei cumprimentando e ela me abraçou

- Vamos tomar um sorvete, velha - o tal Alex saiu com uma camisa no ombro e chamando a dona Sônia

- Quer entrar? - perguntou me olhando

- Melhor - assenti e entramos

Nos sentamos no sofá e pela primeira vez parecia que nenhum dos dois sabiam o que falar, mais do que nunca entendi o que meu filho veio me falando a semana inteira.

- Desculpa - falei olhando nos olhos dela

- Eu talvez tenha exagerado - falou desviando o olhar e vi que ela estava com os olhos cheios de lágrimas

- Não chora - pedi fechando os olhos

- Eu não consigo - falou limpando o rosto - A pessoa que me vigiou não te contou que eu dei dois foras naquela semana, não contou que todo dia quando eu chegava em casa eu ia pra casa do Nandinho e chorava até dormir - falou olhando nos meus olhos

- Eu tenho vergonha do que eu fiz, fiquei com raiva da sua atitude e só de lembrar de outro cara te tocando me deixa puto - falei sincero

- Eu gosto de você, Marcelo. Mas gostar de você me machuca, ao mesmo tempo que você é bom pra mim, ao mesmo tempo que cuida de mim e ao mesmo tempo que me dá as melhores transas da minha vida - parou sorrindo fraco - Você é uma incógnita pra mim, não sei nada de você - Aliás porque você me ignorou do nada? - perguntou e eu percebi que isso machucava ela

- Eu tenho vergonha, eu vivia sacaneando os meus amigos que andavam com mulheres mais novas e é difícil o olhar das pessoas - confessei e ela começou a chorar - Tem olhar de repulsa, tem olhar daqueles que devem me achar um idiota por estar com uma mulher mais nova e é complicado - tentei explicar e ela fungou - Eu sempre gostei de ser na minha e com você ao meu lado literalmente todo mundo olha com algum tipo de olhar pra cima de mim

- Vergonha de mim? - perguntou soluçando

- Não - falei rápido - Eu nunca fui do tipo que gosta de chamar atenção e na minha idade andar com você é chamar atenção, me incomoda os olhares de quem julga, me incomoda acharem que sou seu pai e não o seu homem - falei me levantando e agachando na frente dela

- Eles não olham pra você - falou baixo e eu olhei sem entender - Eles olham pra mim como quem diz "piranha, saindo por dinheiro" ou "não tem sentimento é só pra ser bancada" - fechou os olhos e olhou no fundo dos meus olhos - Só que eu sei que é mentira, eu sei que é verdadeiro e não ligo pro pensamento deles

- Eu queria ser assim - ri fraco

- Taca o foda-se - falou simples e eu ri

- Eu juro que tento - falei fazendo carinho na mão dela

- Faz uma coisa? - pediu e eu concordei - Vai pra casa e pensa no que você quer, se você me quiser mesmo volta e me conta sua história - falou sorrindo fraco e beijou meu rosto

- Vai me contar a sua? - perguntei me levantando

- Vou mas aposto que a sua é mais animada - falou se levantando e me deu um abraço apertado - Eu gosto de você, cara - sussurrou

- Também gosto de você, doidona - falei beijando a testa, ouvimos o barulho do portão e nos separamos.

- Brenda, quem é aquele cara? - perguntei incomodado

- É meu tio - falou rindo e eu ri também

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