Belzebu

35 9 43
                                    

- Alguém? – gritava após passar algumas horas no buraco. O sentimento era um misto de alívio por não ser alimento de selvagens, mas também era de um amargo temor por sua vida; estava sem nada. Sem água e sem alimento, olhava para o céu que estava escurecendo, e seus músculos enrijeciam numa sensação claustrofóbica de solidão. As lagrimas começaram a rolar e os seus olhos buscaram por qualquer resto que poderia servir de comida, o suor enriquecia em suas mãos que machucadas no tato, debilmente sorria de desespero. Tudo começou a escurecer e desejou profundamente que ainda estivesse claro, as ilusões marcariam o seu momento e lamentou profundamente pelo dia ser tão curto.

- Ainda bem que está escurecendo, poderemos armar um plano para matar aquele traste! – disse empenhada a queimar todos os ossos do indivíduo; Emma estava enojada do sorriso do homem que sempre a fitava em todas as oportunidades que teve em estar no mesmo ambiente.

- Parecia que o dia nunca iria escurecer. – afirmou Giulia, que cerrou o punho e olhou para baixo. – que deus me perdoe, mas se ele não as salvou em todos esses dias, nós iremos.

- Dizem que todos tem uma chance de redenção, e meus parabéns. Você mudou completamente no meu julgamento, Giulia.

- Obrigado, me sinto mal pelo que fiz; não e apenas por isso, mas preciso provar para mim mesma o meu valor, e com esse tal de Daniel morto, poderemos rever os meninos e meu pai.

- Você acredita que eles estão vivos?

- Eles são uma espécie de Caim, não irão ser mortos por nada.

- Entendi, espero que eles estejam bem.

- Eu não estou nada bem. – disse Matt, como uma forma de desabafo pelas dores que sentia no corpo. Pegou o relógio de bolso e passou os olhos, querendo acreditar que poderia saber que horas eram, ter certeza sobre algo seria bom.

- 7:18, ainda! – mas sorriu. – a única certeza que tenho é que esse relógio já era. – e colocou o de volta no bolso da calça. E continuou caminhando, tropeçando e sentindo o braço coçar. Refletiu por momentos se não era uma reação ou se tinha haver com o que houve no quarto véu. Maldito quarto véu. Sentia que estava em um lugar bem pior agora, mas não parava de estremecer quando em sua mente lampejava a ideia de que alguém poderia ficar lá para sempre.

- Cadê esses miseráveis? – disse Leviatã ao lado de Giovani, que estava atônito com o a quantidade de cocô de pássaro.

- Isso deve ser guano! – disse tentando puxar algum assunto que não envolvesse os problemas reais que estavam passando.

- Ah, sim! Isso mesmo, em pensar que humanos usavam cocô de pássaro para gerar dinheiro.

- Humanos são geniais em sua medida. – disse Giovani.

- Você não sabe usar o termo genial em sua maneira literal, né? – falou com um sorriso malicioso.

- Você é bem debochado não é mesmo. – deu um leve riso, e nesse momento oportuno, eles viram ao longe um homem mancando e com uma cosseira absurda no braço.

- Deve ser o menino do Superman. – disse Giovani, apontando para onde ficava a tatuagem do rapaz em seu próprio braço.

- Vamos ver. – disse Leviatã.

- Maatt! – gritou Phillipe, procurando em meio a escuridão que o seguia, observando o dançar das sombras que eram completadas pelo assobio do vento sob seu rosto, o luar estava tornando a caminhando mais fácil, mas não menos apavorante.

- Erick! Matt! Emma! Seu Giovani! Maldita Giulia! Levi! Onde estão vocês? – e logo percebeu que a aparência da ilha mudava, sendo agora bem mais seca e nada abundante em vegetação, percebia que ao seu redor havia muito excremento de pássaros. E os olhos que calejaram em ver o doce orvalho sobre os ramos e o gramado, agora se deparavam com o odor forte de resíduos de animais.

The GrootsOnde histórias criam vida. Descubra agora