Eyelasher

1K 151 84
                                    

— Tá pronto?

Encarando os ponteiros no relógio, Tobirama questionou o aluno sem sequer olhar para ele. Ouvindo uma retórica positiva, deu-lhe as costas, caminhando em direção a porta, abrindo-a em um segundo, encontrando o irmão e o cunhado vindo na direção combinada.

Hashirama estava vestindo uma bermuda idêntica ao namorado, e a camiseta sem estampas indicava com perfeição quem havia arrumado as malas para aquela viagem. Ainda bem, porque se tivesse que ver mais uma camisa de botão com calopsitas pintadas a mão o puxaria pela orelha até o meio da floresta e o largaria para viver sozinho lá. Não fazia ideia de onde ele havia puxado aquele gostoso duvidoso... Pelo menos de algo era certo, seus irmãos mais novos não deram continuação à linhagem podre. O que era uma boa notícia — a única, pelo visto, pensou quando esbarrou sem querer no rapaz.

Percebeu Izuna trancando a porta pela visão periférica, e assim que entraram no elevador, ele timidamente lhe entregou uma das cópias da chave magnética. Segurando um suspiro sôfrego, percebeu a merda em que tinha se enfiado. Não devia mesmo ter ouvido o irmão, nem ter sido seduzido por aquelas palavras com promessas juvenis.

Tinha cometido tal erro, então agora tudo que lhe restava fazer era sustentar aquilo... Porra, quem queria enganar. Estava ao mesmo tempo aterrorizado e curioso. Sabia que podia sair porta afora, entrar em um táxi e ir para a rodoviária sem qualquer empecilho, mas no fundo não queria. Se olhasse bem lá embaixo, no breu de seus sentimentos, encontraria uma fagulha desejosa por bisbilhotar, para entender o que era tudo aquilo.

Izuna era Dominique, mas ele não fazia ideia que sabia disso, e talvez pudesse aproveitar a estabilidade daquela relação antes de colocar as cartas na mesa. Talvez pudesse descobrir um pouco mais sobre Dominique nas entrelinhas de Izuna, juntando as peças uma a uma, até que elas formassem um tabuleiro só.

Mas ao mesmo tempo não queria isso. Queria que ele fosse embora, que lhe deixasse em paz, que jamais pisasse em sua sala de aula outra vez, que lhe devolvesse os últimos meses. Odiava a atração que sentia, o desejo pungente de tê-lo para si quando a noite chegava.

E agora iriam passar três noites juntos. Isso era quase uma brincadeira de mau gosto... Podia sentir o cheiro dele tão de perto, ali, dentro do elevador, enquanto desciam ao som das vozes animadas de seus parentes, tão imersos no próprio mundo que sequer notavam seu desconforto ou o de Izuna.

Por certo ele estava também. Não pelo mesmo motivo, uma vez que tinha certeza de que ainda não sabia que ele e Shin eram a mesma pessoa, mas sim porque o professor dele havia o pego perambulando de roupa íntima feminina no meio da sala de estar.

Tudo bem que a culpa era dele por ter errado a porta, e tinha uma nota mental apitando em seu cérebro para pedir desculpas sobre isso assim que uma oportunidade surgisse. Esperava que isso fizesse as próximas horas mais tranquilas.

As portas cor de cinza se abriram e os quatro caminharam rumo ao prédio do restaurante. O local era climatizado, as mesas escuras dispostas em uma série de formatos e tamanhos. Buscaram uma que comportassem os quatro, e ao fazê-lo, seguiram na direção do buffet, vislumbrando o banquete que lhes era oferecido.

Tobirama escolheu um dos pratos que continha camarão, não se esquecendo de por um pouco de fritas a parte antes de retornar a mesa. Batatas eram uma de suas comidas favoritas, mas comia pouco, por não gostar de comer fritura demais. Mas... Férias, não? Já que estava ali, usufruiria de cada regalia.

Quando sentou a mesa, notou que Izuna tinha pegado a mesma comida — só que com alguns itens a mais. Se segurando para não rolar os olhos, notou que se esqueceu da bebida e foi até a sessão onde os copos estavam, servindo-se de refrigerante e gelo.

Lace and SilkOnde histórias criam vida. Descubra agora