Mascara

1.4K 190 52
                                        

Os olhos correram pelo cardápio que acreditava já ter decorado há um bom tempo, no entanto nunca o fazia. Encarou todas as opções como se fosse magicamente fazer aparecer alguma novidade até que pousou as íris escuras sobre a foto do brownie crocante... No fim, suspirou apenas, levantando o queixo e respondendo ao pobre garçom que lhe esperava fazia cinco minutos.

— Um lady winter, por favor. E um americano? — perguntou enquanto encarava o irmão que apenas balançou a cabeça concordando. — O americano sem açúcar.

— Conhaque a essa hora? — Madara rebateu.

— Diluído no café nem conta.

— Acredita nisso que é bacana — ele riu antes de puxar o relógio de pulso até uma altura considerável. — Tenho quarenta minutos de descanso, nem acredito.

— Quarenta minutos no inferno equivalem a quantos anos terrestres mesmo?

— Ha, ha. Se eu não te der minha dose semanal de Madara você passa mal, garoto. Troquei suas fraldas, te conheço com a palma da mão.

— Tá velho né? Coitado...

— Coitada da tua cara quando eu enfiar a porrada nela.

— No rosto não! — Izuna resmungou ao tampar as bochechas com as duas palmas abertas e caíram num riso frouxo.

Largando o peso na cadeira, notou que o irmão tinha cortado um pouco os cabelos. Antes eles batiam além da cintura e agora estavam quase nela, não mais além. Comentando, ele lhe disse que o fizera na outra semana.

Estava prestes a puxar outro assunto quando as bebidas chegaram. Levando o canudo transparente até os lábios, tragou o líquido quente, mas parou logo no início, pois estava quente demais. Para não deixar seu estômago quase ronronando com a vontade de sorver aquilo tudo de uma vez só, ele fez sinal para o garçom e pediu o maldito brownie. Em seguida enfiou o dedo no chantilly que vinha por cima e lambeu.

— Como vai o Hashirama? Não o vejo desde aquele dia que almoçamos juntos.

— Está tudo bem. O irmão dele voltou de viagem e a casa dele tá uma zona.

— Já vimos esse filme.

Riu ao se lembrar de quando foi a sua vez de ficar na casa de Madara enquanto não arrumava algo decente para morar ao passar no vestibular. Tentou morar no dormitório, mas era individualista demais para isso. E demorou um bom mês e meio para conseguir juntar o dinheiro do depósito, portanto, ficar com seu irmão foi a opção.

— Eu nunca vou esquecer da sua cara quando abriu a minha mala pequena.

— Por favor, não me lembre de cenas drásticas assim, eu sou cardíaco.

Izuna riu tão alto que grasnou.

— Ninguém mandou futucar onde não deve.

— Realmente. Ninguém avisa que ir nas coisas do irmão e encontrar calcinhas e sutiãs poderia ser traumático...

— Menos assustador que suas agulhas de costura.

Madara rolou os olhos.

— Escute aqui, pornografia limitada e sentar no sofá e tricotar são duas coisas diferentes.

— Moralmente vergonhosas do mesmo jeito. Será que tá no nosso sangue?

— Trocando de assunto — Madara deu ênfase na questão antes de bebericar um gole do café ao mesmo instante em que o rapaz colocava o prato com brownie na sua frente. — Como estão suas aulas?

Lace and SilkOnde histórias criam vida. Descubra agora