Contour

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— Que porra...

Tobirama acordou num susto, o telefone tocando alto demais para seu gosto. Tateando a cabeceira, encontrou o aparelho vibrando. Atendendo pronto para mandar quem quer que fosse a merda, não devia ter ficado surpreso quando ouviu a voz de seu irmão.

— Abre a porta. Tô passando mal pra caralho...

Ele tossiu uma vez, e um barulho ressonou pelo telefone. Seu corpo inteiro ativou o modo preocupado, forçando-o a levantar e correr em direção a tal porta da sala, destrancando-a em tempo recorde.

— O que você tem?! — despejou quando pôs os olhos sobre a figura do mais velho.

— Sede de diversão. Dá licença.

Hashirama se empertigou inteiro, entrando pela casa como se fosse o dono dela, caminhando até a bancada da cozinha americana, dando tapinhas no balcão.

— São dez da manhã, princesa. Se arruma que a gente já tá atrasado.

Franzindo a sobrancelha, parou e cruzou os braços, as veias pulsando em ódio.

— Atrasado para o que?

— Tenho certeza que eu te falei. Reservamos um quarto no resort pra você também, afinal, a gente mora perto agora, eu posso te mimar de novo.

— Hashirama, caralho, hein. São dez da manhã, você finge que tá doente pra me fazer abrir a porta e ainda fala tudo isso com essa cara lavada. Comeu merda? Não vou pra porra de resort nenhum.

Praguejou, caminhando na direção do quarto, pronto para se lançar na cama e voltar para debaixo do lençol. Infelizmente, seu irmão o seguiu.

— Não tem conversa. Vai ter bebida e comida liberada, tem piscina, tem praia, tem trilha. Porra, a gente vai se divertir pra caramba. Como nos velhos tempos...

Virando na direção dele, o encontrou fazendo seu famoso bico e seus olhos de cachorro perdido. Torcendo o rosto, descobriu-se tentado. Primeiro pela bebida, segundo pela maldita cara de cão chutado que ganhava seu coração desde que se entendia por gente.

— Você só ta me levando porque o Madara não vai a lugar nenhum desses com você, não é?

— Também. Mas mais porque eu quero curtir com meu irmão mais novo. Palavra de escoteiro.

Semicerrando os olhos, suspirou em derrota. Foi até o guarda roupa, buscando a mala pequena de viagem. Hashirama praticamente bateu palminhas, ajudando-o a caçar bermudas e camisetas suficientes para três dias — o que não foi nada difícil.

Pôs o tênis de corrida e um equipamento para os exercícios que poderiam vir a enfrentar, e dez minutos mais tarde estavam prontos descendo pelo elevador direto para o sedan preto do mais velho.

A viagem demoraria cerca e duas horas e meia em direção ao litoral, por isso, pararam numa loja de conveniência primeiro para que Tobirama pudesse comer, e eles estocarem algumas besteiras. No carro outra vez, conectaram o Spotify e percorreram todos os cento e cinquenta quilômetros ao som de Iron Maiden e o novo álbum do Disturbed, bem estilo adolescência.

Tinha que admitir que aquilo estava sendo divertido, e bem melhor do que ficar em casa o domingo inteiro vendo televisão e pensando sobre a situação de Izuna. Cada vez que o nome do garoto passava em sua cabeça ele desejava um corpo de vodca. Talvez deveria cogitar dar aulas bêbado a partir de agora — mentira, jamais faria isso. Estava desesperado.

Desesperado porque sabiam demais um sobre o outro. Mais do que deveriam naquela relação aluno/professor/cunhado. Porra, Tobirama sabia como eram os barulhos dele quando gozava, sabia que tipo de perfuma ele usava, quais aventuras sexuais ele tinha experimentado. Ele sabia a maldita cor e formato do pau dele. E de como ficava a respiração quando ele estava com tesão, como a voz soava mansa quando ele queria lhe arrancar algo.

Lace and SilkOnde histórias criam vida. Descubra agora