Concealer

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Izuna verificou a bolsa tira colo pela terceira vez. Toalha, bermuda, protetor solar e labial, caixa dos óculos escuro... Tudo ali. Enquanto caminhava lado a lado com os outros três, notou que passou a manhã quase inteira fugindo do olhar de Tobirama. Desde o bom dia no quarto, se esquivou de tudo que podia, comendo rápido apenas para poder perder cinco minutos extras na fila do suco, ou fingindo escolher algo doce.

Mas ali, enquanto andavam na direção da sauna — lugar que Hashirama tinha passado o café inteiro falando sobre —, percebeu que talvez estivesse sendo imaturo. Ou apenas covarde. Quem sabe um misto dos dois... Só sabia que tinha vergonha. Por tudo que envolvia o último ano passado ao lado de Shin, por tudo que dissera ou fizera. Pelo tanto que se expusera, e também pelo tanto que o desejara.

Beirava ao sacrilégio tudo aquilo. Como eles podiam ser a mesma pessoa? Quais as porras das chances? Caralho, ele vivia do outro lado do mundo, explorando a Europa, estudando para o livro, sendo sabe-se lá quem era quando a câmera desligava. E esse era o problema. Ele era incrível quando a realidade chamava, com suas roupas elegantes, seu jeito de falar, todo o conteúdo adquirido pelos anos. Izuna odiava o quanto gostava de Tobirama, e sentia ainda mais raiva quando entendia que o mesmo nível de excitação e interesse que experimentara o com o "cliente especial" nunca passou de uma ilusão.

Não existiam duas pessoas assim no mundo. Não era pessoas diferentes. Não vivia em dois pólos distintos. Eles sempre foram apenas um. E o fato de que a cada lembrança que tinha de Shin agora vinha carimbada com o rosto e o aroma de Tobirama o fazia querer desaparecer. Podia ver claramente se fechasse os olhos: ele sentado no próprio carro na merda da garagem do prédio deles, o rosto contorcido em prazer enquanto punhetava o pau com força ao som de suas ordens.

Como as coisas foram chegar nesse ponto? Bufando, viu a placa da sauna aparecer ao longe e o riso animado de Hashirama não ajudou em nada. Ele precisava se controlar. Quando a conversa na noite passada terminou, os dois ficaram pelo menos meia hora trancados em lugares separados, ele na varanda e o outro no banheiro. A hora de dormir e o cansaço se fizeram uma força maior, e Izuna perdeu quase uma hora inteira tentando fazer seus batimentos cardíacos se acalmarem.

Saber quem estava na cama ao lado não ajudava em nada, e tudo piorou quando o casal do quarto ao lado começou a fazer sexo. A cabeceira batia contra a parede da frente, os gemidos femininos ecoando direto para o ouvido dos dois.

Mortificado, cobriu a cabeça com o cobertor e implorou para que ele já estivesse dormindo. Infelizmente não era o caso, e quando o viu levantar para pegar uma garrafa d'água na geladeira pequena, decidiu não se mexer, e graças a Deus dormiu sem sequer notar logo depois disso.

Tinha que se obrigar a esquecer que aquela pessoa era o seu desejo sexual pessoal, seu material pornô em carne viva, a razão de todos os seus sonhos molhados. Droga, ele estava tão bonito, andando ao lado de Hashirama, a regata exibia seus músculos e a bermuda suas panturrilhas grossas.

Droga... Praguejou quando a porta da sauna se abriu e ele começou a puxar a peça de roupa para cima, lhe deixando vislumbrar o torso perfeito outra vez... Tinha certeza agora que fizera pole dance na cruz mascando chiclete, só podia ser isso. Todos guardaram seus pertences nos armários privativos que tinha no cômodo onde estavam, e em seguida rumaram para o chuveiro de água fria um pouco mais a frente.

Após se molharem, entraram na bendita coisa. O vapor o beijou o rosto instantaneamente, o ar entrando quente enquanto ele subia as pequenas escadas e sentava em um dos locais livre perto da janela transparente, as costas encostando na parede de madeira aquecida, seu rosto ficando virado em noventa graus, enquanto os outros três escolheram os assentos do fundo, na sua paralela.

Lace and SilkOnde histórias criam vida. Descubra agora