Blush

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Tobirama entrou na própria casa como se estivesse sendo caçado. Fechando a porta com um estalo alto, se sentou no banco da cozinha e ficou ali, tentando recuperar o fôlego enquanto seu cérebro processava o que tinha acabado de ver.

Primeiro de tudo. Izuna, seu aluno, era seu vizinho. De porta. Como não imaginou algo do tipo quando ele mencionou que morava no bairro? Deveria ter calculado essa possibilidade... Mas isso era o de menos. Ele estava de lingerie.

Espartilho, calcinha, cinta liga... Todos os gatilhos possíveis foram acionados em sua mente naquele instante. Aquela silhueta, aquele corpo... Uma voz longe gritava que existia uma chance ainda maior dele também ser Dominique. Não tinha como saber ainda, a não ser que perguntasse diretamente... Mas não faria isso, claro. Não podia se expor como usuário do site, que tipo de coisa aconteceria com sua reputação caso ele abrisse o bico para os amigos e isso vazasse?

Ok. Respirando fundo, se levantou. Bebeu uma água, levou as caixas para o meio da sala, junto com as outras. Ainda levaria alguns bons dias até tudo estar no lugar, mas tinha certeza que daria conta. Ainda mais agora que não queria pensar sobre certas coisas.

Sério, e se Izuna fosse Dominique? Por Deus, ele era cunhado de seu irmão. Seu aluno... Que merda, que merda, que merda! Fechando os olhos e massageando as têmporas, sentou na cadeira outra vez. Sua mente logo tratou de se sabotar, revelando uma imagem tão nítida dele curvado passando a meia sobre a coxa que Tobirama praguejou.

A pele clara contrastava com as peças escuras, os pedaços pálidos parecendo brilhar ainda mais. E tinham os mamilos. Sem cobertura, rosados, expostos. Lindos e ali, livres ao seu bel prazer. Por dois segundos é claro, no instante em que os nomes foram pronunciados, o choque restabeleceu seu controle e ele saiu o mais depressa possível.

O interfone tocou, arrancando-o de seu sofrimento. Atendendo, descobriu que era sua entrega, o que veio em bom tempo. Enquanto os funcionários traziam os móveis para dentro do apartamento, ele tratou de abrir a porta, encontrando a dele fechada — e possivelmente trancada. Afastou as caixas no chão, colocando-as em um canto que não incomodaria ninguém.

Todo o trâmite demorou dez minutos no total. Assim que a porta se bateu ele se viu em pé, arrancando o plástico de tudo. O sofá estava no lugar, e a TV ainda precisaria ser tirada da caixa e instalada, mas ele não estava no humor, por isso deixou para depois.

Tomou um banho rápido, substituindo a roupa da rua por peças confortáveis de algodão. Pegou sua pasta e foi até se sentar em sua nova aquisição, onde logo arrumou uma posição confortável. Puxando o bolo de papel e sua caneta favorita, começou a corrigir alguns trabalhos. Estavam de recesso por mais uma semana e meia e somente isso, nada mudou.

Então, quando estava terminando de fazer o sinal de correto em uma das respostas, uma música começou ao longe. Franzindo o cenho, ignorou, continuando seu trabalho, passando os olhos palavra por palavra, julgando ou concordando, fazendo anotações onde achava pertinente...

A música aumentou, e ele notou que já tinha ouvido aquilo antes. Continuando a ignorar, largou os papéis, claramente não conseguindo se concentrar o suficiente. Levantando, buscou uma cerveja, caminhando com ela para a varanda. Uma vez lá, cantarolou a música baixinho enquanto sentia o sol lhe aquecendo a pele.

A varanda era como qualquer outra. Retangular, parede pintada de branco... Virando o rosto para o lado, franziu o cenho ao relembrar que aquela era a de Izuna. O visualizou ali perfeitamente, sentado na cadeira de bambu fumando seus cigarros. A decoração deixava claro que ele morava ali há um bom tempo, o que era legal até, um garoto tão novo e tão independente.

Lace and SilkOnde histórias criam vida. Descubra agora