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— Você está aí, garota…? Você está? — perguntou baixinho, enquanto aparentemente reprimia as lágrimas.

Fiquei quieta, não imaginei que ela fosse perguntar aquilo.

— Oras… o que eu estou pensando? — ouvi ela dizer, por mais baixo que fosse.

— It will take a while,
To make you smile,
Somewhere in these eyes,
I’m on your side. (cc: Demorará um pouco,
Para fazer você sorrir,
Em algum lugar nesses olhos,
Eu estou do seu lado.) — cantei para ela, mesmo não tendo tão boa voz quanto a sua.

Senti que a frase daquela música poderia ajudá-la de alguma forma, ou apenas fazê-la pensar que havia alguém ao seu lado.

— Eu amo essa música — fungou antes de dar um sorriso meio tristonho, que soou fino.

— Eu também — queria muito que ela abrisse a cortina para eu poder vê-la, mas não aconteceu.

Meredith parecia não confiar em mim, e com razão, visto que o próprio pai causava-lhe dor e traumas.

— O quanto você sabe? Tipo… você já ouviu algo além de eu cantando?

— Sim, eu ouvi — soltei um suspiro, tentando suprir as lágrimas e os pensamentos que rememoravam os gritos da garota quando o homem a maltratava.

Esperei ela dizer algo, mas nada soou de sua boca. Então eu perguntei:

— É seu pai? Aquele homem?

— Jamais o considero um pai… Mas sim.

— Ele bate em você, não é!? Ouvi algumas vezes.

Meredith ficou quieta, também não a pressionei, ela devia sentir uma dor incalculável.

— Não fale sobre isso, por favor, apenas… cante. — incrivelmente, pediu.

Então eu continuei a música anterior.

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