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Semana passada, completaram-se quatro meses que eu não via Meredith ou sequer tinha notícias dela. Tentei de todas as formas descobrir onde era a casa da tal tia que ela estava morando, mas não consegui. E, de qualquer forma, minha mãe estava controlando cada passo meu. Deveria aceitar que talvez nunca mais fosse ver minha doce garota novamente, por mais que eu quisesse que ela procurasse por mim e me dissesse que ficaria comigo, independentemente de qualquer pessoa e circunstância. No começo eu tentei sentir raiva de Meredith, por ter ido; mas aí tive consciência de que ela não teve culpa alguma, estava sendo pressionada. A culpa na verdade foi minha por tê-la deixado ir, eu deveria ter insistido mais.

Mas teria adiantado, afinal?

Amélia vinha em minha casa sempre que podia — sempre que minha mãe não a proibia de entrar. Conversávamos, jogávamos alguns jogos idiotas, assistíamos a filmes de comédia; tudo para me distrair — ela dizia. Amy estava sendo o meu ponto de apoio, a única pessoa que parecia me entender naquele momento.

O clima na minha casa estava um verdadeiro inferno; não bastasse o caos interior, tinha o exterior também. Meus pais estavam a um fio de se divorciarem e então minha mãe estava ainda mais insuportável. Eu ficava o dia todo dentro do quarto, estudando praticamente até a noite, queria conseguir a vaga na maldita faculdade da Califórnia e sumir dessa cidade de merda.

🌈

No dia seguinte acordei feito um zumbi, meus olhos estavam tão fundos que as pessoas que me vissem pensariam que fugi do cemitério. Passei praticamente a madrugada toda como uma idiota vendo minhas fotos com Meredith, revendo seus vídeos cantando, o vídeo do dia que fomos andar de skate, nossas músicas favoritas. Eu ainda não aceitava o fato de não conseguir superá-la — mas é meio impossível superar alguém se é exatamente nesse que você pensa a porra de 24 horas por dia, relembra os momentos juntos como uma doença impregnada nas entranhas...

Senti que precisava de um banho, querendo simplesmente que esse ato dissipasse as lembranças de mim; mas não adiantaria minha memória estava totalmente infectada por Meredith Grey, seu cheiro, seu sorriso, seu beijo, seu gosto...

Tudo.

Acabei me despedaçando em lágrimas, que debruçaram de meus olhos e corriam por meu rosto, mesclando-se à água do chuveiro. Soltei um grito bem do fundo da garganta para livrar a dor do meu peito — não me livrou.

Me dei por vencida e saí do chuveiro após alguns minutos, coloquei o pijama novamente, era sábado e eu pretendia dormir todo o dia já que não tinha aula.

— Bom dia — Bizzy me cumprimenta, olho-a incrédula pelo fato dela dirigir alguma palavra a mim, visto que há tempos não conversamos — Dormiu bem?

Piada que ela estava querendo reatar nossa relação.

— Dormi feito uma princesa, essas olheiras estão aqui não sei porque — em meses, disse alguma coisa a ela, por mais sarcástica possível.

Ela se voltou para a louça e permaneceu quieta. Eu não estava nem aí pro seu arrependimento, sabia que era tudo uma bela mentira. Apostava em qualquer coisa que meu pai tivesse proposto para ela tentar voltar a conversar comigo, mas não seria tão fácil. Ela foi uma verdadeira imbecil comigo. E eu juro que já tentei revisar seus conceitos e tentar entender o porquê daquela atitude, mas não conseguia.

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