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Era linda a decoração em tons de preto, com alguns desenhos e frases nas paredes. Admirei a coleção de livros de sua estante que ocupava quase uma parede inteira, e ainda alguns instrumentos. Ela tinha uma guitarra, um violão e um piano.

— É tão lindo.

— Obrigada — ela estava realmente muito envergonhada, ou talvez assustada, mas não soube associar.

Logo ela soltou um breve suspiro, encaminhando-se à janela. Olhou para o céu exprimindo com um sorriso o quanto a paisagem pareceu lhe agradar.

— Oh, que lindo céu, a lua, as estrelas… — dizia em expectativa enquanto corria os olhos aos elementos citados; estranhei-me, afinal, ao porquê de ela parecer tão extasiada.

Foi então que me surgiu a noção de que seu pai deveria proibi-la de sair de casa, ou até mesmo abrir as janelas. Por isso eu nunca a vi; e por isso estava tudo sempre fechado.

— Aquele asqueroso imbecil não te deixa abrir as janelas?

— Não, e nem sair de casa — suspirou sentando na sua cama, acompanhei-a.

O ódio por aquele homem cada vez mais crescia dentro de mim, tomando proporções inimagináveis.

— Desde que nos mudamos para cá, há exatos cinco meses, eu não posso mais sair. Não vou à escola, não faço caminhada, não tomo sol…

À medida que suas contestações eram proferidas eu sentia ainda mais dor por ela. Que vida insuportável.

— Eu poderia perguntar o porquê de ele fazer essas barbaridades com você, mas não há justificativas para isso.

Sweet.Onde histórias criam vida. Descubra agora