Tempestade

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Todos olhavam para Quigley, aguardando que ele falasse algo, entretanto, assim o mesmo abriu o convite, o ar dele pareceu se esvair junto com suas palavras e o ar.

Todos esperavam ansiosamente quando Sunny perdeu a paciência.

- Por que essa cara? Alguém morreu, Quigley? -Sunny bebericou o chá.

- Sim.

Foi o suficiente para todos levantarem e Sunny começar a tussir.

- O que?! -Murmurou ela, se também se levantando. - Quem?

- O Senhor Poe.

Todos ficaram em choque, quando ele começou a ler a carta em suas mãos.

"É com muito pesar que venho a escrever a notícia de que o querido banqueiro, marido e pai, Arthur Poe, veio a falecer de causas naturais nessa última noite que se passou.

Seu velório e funeral, segundo as vontades deixadas em seu pensamento será realizado um dia após sua morte, hoje das 13:40h às 16:15h.

A família Poe conta com sua presença.

Atenciosamente, Polly e família."

O silêncio na sala se perpetuou até todos notarem seus estados atuais. Os trigêmeos Quagmires estavam de pé, enquanto os Baudelarie haviam se sentado de forma inconsciente.

Quem entrasse, poderia ver os irmão Baudelarie sentados no sofá branco, na primeira ordem de Violet, Klaus e Sunny.
Quando tão perto, era fácil ver as semelhanças entre eles. Os olhos de Sunny e Klaus, os traços em comum entre Violet e Sunny e pequenos detalhes que ligavam Klaus e Violet, como o queixo e a ponta do nariz.

Em relação aos Quagmires, ninguém poderia dizer que não eram irmãos, especialmente quando lado a lado. Os olhos de mesmo tom, a pele e até a forma de falar era semelhante, e por isso, por vezes, era difícil ver a diferença entre Quigley e Duncan.

- Tem uma carta. -Avisou Quigley, a pegando.

Klaus esticou a mão e o trigêmeo entregou para ele, que começou a ler.

"Caros Baudelarie's,

Aqui quem vós escreve é o senhor Arthur Poe, do departamento de finanças.

Espero que estejam bem, mas se receberam esta cara, significa que já me encontro morto, apesar de tê-la escrita quando ainda vivo.

No entanto, a escrevo com a intenção de me desculpar com cada um de vocês, pois acredito que não ter cuidado de vocês, foi meu único e maior erro.

Espero que saibam que eu lamentei esse fardo até meu último dia de vida, conto com a presença de vocês em meu funeral e na leitura de meu testamento.

Adeus!"

O silêncio se espalhou pela sala enquanto os Baudelarie's tentavam digerir a nova terrível notícia.

Perder alguém, nunca é algo fácil de se digerir, mas mesmo assim, é algo que os Baudelarie's já estão acostumados. Após seus pais, todos seus tutores e até parte de suas almas, cada um deles já sabia lidar com perdas.

Era tarde quando os Baudelarie's saíram do carro, de frente a propriedade dos Poe.
Sunny usando saia escura a um palmo acima do joelho, saltos, blusa de alças e casaco escuros.

Violet, usava um vestido rodado preto, abaixo do joelho e sapatos macios, com cabelos soltos e maquiagem leve.

Isadora usava um vestido justo, preto acima do joelho e apesar dos protestos de Quigley e Duncan, usava um gloss rosado, quase vermelho.

Klaus, usava terno, gravata e sapatos formais, assim como os Quagmires.

A casa dos Poe tinha dois andares, era bonito e tinha um pequeno jardim a frente.
Grama bem cortada com arbustos de flores, dando mais graça ao tom beje da casa.

No momento, o portão estava aberto, e por todos os lados, se viam pessoas.

Algumas pessoas choravam, outras murmuravam e algumas acolhiam os outros.

Assim que os Baudelarie's entraram, observaram tudo a volta deles.

Todas as paredes haviam sido embrulhadas e cobertas com tecidos longos e escuros, enquanto no centro, se encontrava o caixão fechado e acima dele, uma foto do Senhor Poe.

Ao lado, uma mulher de pele negra, cabelo bem feito e rosto familiar chorava. A Senhora Poe, ao lado de uma mulher estranhamente parecida com o Senhor Poe, em uma cadeira de rodas.

Os irmão Baudelarie's se olharam, procurando auxílio alheio. Por fim, Klaus, Violet e Sunny se aproximaram, enquanto Isadora, Duncan e Quigley se mantiveram a direita, perto de uma mesa.

Assim que os Baudelarie's se aproximaram os olhos de Polly Poe se arregalaram e seu rosto pareceu congelar.

- Pelo Abençoado Hermes... São os Baudelarie's!

Alguns olharam para eles, os deixando desconfortáveis.

Polly começou a tremer e se abanar quando um rapaz chegou ao lado dela, dando água para ela. O rapaz, era de uma beleza tão formal e clássica, que Klaus ficou feliz por estar de terno.

- Boa tarde, Baudelarie's, sou Edgar Poe, essa é minha tia Eleanora, e acredito que já conheçam minha mãe.

A boca de Eleanora se abriu, em choque.  Sunny apenas se virou para eles, fez uma rápida mezura e antes de se afastar, murmurou algo sobre voltar logo.

- Aquele é meu irmão, Alberto. -Apontou para um rapaz parecido com ele, que agora conversava com os Quagmires. - Obrigado por virem.

A diferença entre Violet e Klaus, era que enquanto Klaus era bom com palavras, e gestos, Violet era boa com gestos e ações.

- Imagine. -Falaram os irmãos juntos.

Porém, enquanto Klaus disse:

- Sentimentos muito pela sua perda.

Violet disse: - Não perderíamos por nada!

Todos os que ouviram, a olharam com reprovação, a fazendo corar, enquanto Edgar segurou uma risada.

Alberto então se aproximou, trazendo os Quagmires para perto.

Nesse meio tempo, Sunny Baudelarie, havia se estreitado para o lado de fora, onde em um canto escuro, foi beijada por Apolo.

- O que está fazendo aqui? -Murmurou ela.

- Você não respondeu minhas mensagens e queria saber se você estava bem.

Sunny assentiu.

- Eu estou, só estava com pressa. E você não pode me beijar assim em um momento como esse!

Apolo a beijou de novo, e dessa vez, assim que o beijo acabou, Sunny se virou para ir embora, e após alguns passos, ele a chamou, fazendo com que ela o olhasse.

- Você é linda, Sunny Baudelarie.

Ela sorriu, e voltou para dentro, tentando disfarçar a cor em suas bochechas.
Quando se deu conta, estava no primeiro andar da casa, com seus irmãos e os filhos Poe, lendo um testamento.

Os dois, tão bonito e elegantes, que não se pareciam com o pai. E tão discretos que já não lembravam a mãe.

- Bom, -Começou Alberto.- nosso pai, a alguns anos, foi demitido.

Todos ficaram em choque, mas Edgar prosseguiu.

- A nova esposa do Senhor Tamerlaine não gostava do nosso pai, e apesar do senhor Tamerlaine ter tido toda a paciência do mundo com o nosso pai, não demorou muito para que ele fosse para rua. Ele conseguiu a aposentadoria, mas, não sabia como viver sem trabalhar. Senhor Tamerlaine, acabou por dar para nosso pai, algumas propriedades, para que ele cuidasse, mas...

- Nosso pai não sabia fazer nada além de chorar por seu emprego perdido. Deu que ele acabou morrendo antes de chegar na última propriedade, que por acaso, estava destinada para vocês. - Concluiu Alberto, enquanto todos pareciam em choque.

Continuando: Desventuras em SérieOnde histórias criam vida. Descubra agora