Quando Apolo era criança, ele sabia perfeitamente que sua casa não era comum, nem saudável ou equilibrada, mas, como toda a criança sozinha e sem amigos, não tinha outro lar.
Apesar de todos os males, Apolo tinha a Selene, e quando se tem amor, se tem tudo, certo?
Bom, algo que não contam sobre amor é que quando se parece só ter uma pessoa no mundo, você está pronto para tudo, menos para perde-lá, e quando Apolo perdeu Selene, seu mundo caiu por terra.
No dia, Apolo lembrava de ter acordado e ter ido até o quarto de sua irmã, mas na entrada do corredor, estavam seus pais um médico legista e como se não pudesse ficar pior, Apolo viu sua irmã sendo tirada da forca ligada ao teto.
Daquele dia em diante, Apolo entendeu que havia algo realmente errado em sua casa, com seus pais e com ele. No dia seguinte, uma festa começou a ser planejada e enquanto seu pai bebia e sua mãe agia como se nada tivesse acontecido, Apolo ia aos jardins e falava com a lapide de Selene.
Com o passar dos anos, a vida seguia e Apolo se sentia sozinho e ao notar que aquilo afetava a imagem da família, a senhora Bennett resolveu por fim, adotar alguém.
Apolo nunca se sentiu tão ansioso ou incomodado com algo quanto viu os movimentos de pessoas desconhecidas no quarto de sua irmã e os objetos dela sendo jogados fora.
Seu coração se partiu, ao ter que recuperar do lixo os objetos de maiores valores para sua irmã: seus cadernos, aos quais ela mesmo confeccionava e seu adorado Arco e flecha.
Assim que os pegou do lixo, todos os seus interesses anteriores, como astronomia ou culinária sumiram. Sua vida ficou focada em antigos interesses pertencentes a sua irmã.
Quando Isadora Quagmire chegou até sua casa, seu coração doeu como a costura de uma ferida aberta e quando Violet se aproximou, foi como se pela primeira vez em muito tempo, ele não estivesse totalmente sozinho.
Porém, sua mãe possuía outros planos. Uma noite, enquanto lia o diário de Selene, descobriu o motivo de seu suicídio.
Ela havia descoberto que sua mãe pretendia fazê-la se casar com Apolo e por mais que isso enojasse Apolo, a parte em que o senhor Bennett na verdade machucava Selene, foi a pior.
Apolo estava indo matar seu pai, quando viu sua mãe pondo veneno na comida dele. Por sua vez, Apolo não desceu para jantar e a noite, foi ao quarto de sua mãe, dizer que a amava.
Ela, por sua vez, o acolheu, o acariciou e o beijou nas bochechas. Naquele dia, Apolo entendeu que se quisesse sobreviver, teria que jogar o jogo de sua mãe.
Quando ela lhe contou de seus planos, Apolo apenas assentiu, planejando todo o esquema em sua cabeça. Não machucaria Isadora ou Violet, e pediria a ajuda delas para escapar, e no período que deveria ser a lua de mel, eles dariam um jeito de fugir.
Porém, como o óbvio, tudo deu errado.
Apolo saiu pior do que havia entrado: Sozinho, quebrado, perdido e órfão.
Enquanto saiu dos escombros de sua casa, levando com ele o pouco que lhe restará, foi parado por um carro, onde uma voz misteriosa lhe fez a pergunta que mudaria sua vida.
- Quer se vingar dos Baudelarie's, não quer?
Apolo parou, e assentiu.
- Então entre.
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Com o passar dos anos, Apolo perdeu muitas das memórias com Selene, mas havia absorvido algumas de suas qualidades, sendo a melhor delas, o charme, e a pior delas o coração mole.
O maldito coração mole que o fez se importa com Jenny e se apaixonar verdadeiramente por Sunny Baudelarie. O maldito coração mole que se partiu ao ver sua namorada, beijando a garota que até então, ele havia considerado uma amiga.
Foi esse coração, quebrado, fraco e mole, que o fez não esfaquear Sunny, mas sim, seu travesseiro e a sequestrar, saindo pela janela, enquanto seus irmãos tentavam entrar pela barricada que ele havia feito.
Batendo e batendo na porta, chamando por Sunny, enquanto a mesma se debatia no ombro de Apolo, com a boca tapada e as mãos presas com fita.
E enquanto a colocava no banco de trás e dirigia, tinha seus olhos cheios de lágrimas. Havia amargura em sua boca, seu corpo estava frio e por mais que seu coração pulsasse de culpa e arrependimento, seus feitos não eram perdoaveis, e por isso, não tinha mais volta.
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Quando Violet, Klaus, Duncan e Isadora finalmente conseguiriam abrir a porta, encontraram o quarto como havia sido deixado.
A cama levemente bagunçada, a janela aberta e os móveis que haviam sido postos contra a porta no chão.
Porém, para a surpresa de todos, alguém ligou para Isadora, e assim que ela atendeu, seu rosto impalideceu.
Era Quigley, avisado que toda a casa de Narcisa de Black havia pegado fogo, matando ela e Beatrice Baudelarie II.
