Empolgada pelo dia que chegara e por finalmente pôr seu plano em ação — e que tinha muito a ver com o cavalheiro conhecido como Nicholas — Alessia, mais do que depressa, foi segredar com a Sra. Callum a respeito de como desejava que fossem os preparativos para deixar o rapaz vislumbrado.
— Quero que seja algo inesquecível para ele, Sra. Callum. Uma coisa simples, no entanto, que seja marcante. Ah, e eu quero usar aquela sala secreta da mansão — piscou um dos olhos.
— Srta. Alessia, acredito que isto tudo demorará um bocado — a Sra. Callum falou. — Bolo de nozes, torta de cereja, favos de mel... Céus, isto tudo é para alimentar um batalhão, menina?
— Oh, Sra. Callum. Almejo fazer uma grata surpresa para o Sr. Whitehouse. Queria que hoje fosse um dia muito especial para ele. Quero agradecê-lo por aturar tanto, e por ser tão solicito em... você sabe o que — Alessia sussurrou para ela. — Por favor, estou quase implorando de joelhos. E eu... eu também quero aprender a fazer essas receitas. Eu quero ajudar!
— Nada de implorar de joelhos, senhorita. Não estou em posição para uma coisa tão embaraçosa. Eu ficaria grandemente constrangida se fizesse tal gesto.
A Sra. Callum, por fim, concordou com a moça pois sendo um presente para Nicholas, deveria ser uma coisa especial, e arregaçando as mangas, a senhorinha tratou de dar as ordens na cozinha, enquanto Alessia colocava a mão na massa.
(...)
Alessia estava radiante na cozinha, ajudando no que podia, sob as ordens da Sra. Callum que de vez em quando puxava suas orelhas naquilo em que ela havia errado. Divertia-se até o momento em que Cecilia avisou-a de que havia uma visita esperando por ela. Tratava-se de Clementine Smith, e a mesma não tinha um semblante agradável estampado no rosto. Não estava acompanhada pelas outras amigas, o que Alessia muito estranhou, pois as três eram praticamente inseparáveis. Sentaram-se uma de frente para a outra, e o que dantes foram um dia amigas a compartilhar segredos e algumas fofocas, agiam como duas estranhas. Clementine, obviamente, estava junto ao seu pug, acariciando-o de maneira impertinente, quase por pouco fazendo o cão rabugento lhe morder a mão.
— Há quanto tempo não a vejo, Clementine, desde o piquenique da família Evans, é claro. Mas, nem mesmo lá quiseste falar comigo.
— Sim, é verdade. Estamos tão distantes, querida Alessia, o que muito me parte o coração. Sinto falta de nossas partidas alegres de piquet¹. Isso no seu rosto é farinha?
Alessia limpou o rosto rapidamente com o dorso da mão, limitando-se a não responder aquele questionamento pertinente.
— Cruzes, agora só falta aparecer-me com um ovo na cabeça.
— E, então, qual o motivo de sua visita?
— O Sr. Whitehouse encontra-se? Temo que ele possa escutar a nossa conversa.
— Não. Ele não está. Mas se ele estivesse aqui, penso que não ficaria escondido a escutar os assuntos alheios. Não é de seu feitio.
— Sabe, Alessia, nunca entendi a razão para ele viver sob o mesmo teto que você. Não teme que fiques mal falada pelo vilarejo afora?!
— Não seja tola, Clem — Alessia mordeu os lábios. — A mansão dele está em reforma. Oh, sim, uma extensa e cansativa reforma, e sequer eu saberia repassar detalhe por detalhe pois é por demais fatigante. Por isso, ele está vivendo na Colina dos Ventos Verdes por um tempo — mentiu, sentindo um abalo amargo em seu estômago.
As mentiras nunca terminavam. Apenas incitavam em mais e mais mentiras.
— Entendo — Clementine falou com total desinteresse. — És uma dama mui tolerante, ao visto. Ontem, eu fui ao vilarejo comprar os itens que necessito para o baile, pois não é segredo algum que estou ajudando Felicia, e cheguei a conclusão de que faltavam mais coisas para os nossos preparativos. Voltei ao vilarejo sozinha para comprar mais tecidos de renda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Colina dos Ventos Verdes
Ficción histórica"Ele é o meu noivo!" Foi esta a frase que selou o destino de Alessia. Uma pequena mentira que logo seria uma grande dor de cabeça. Alessia Victoria Kingstone sofre pressões por parte de sua madrinha, uma lady muito rígida, e de suas amigas bajulador...