capítulo 1

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Luana


12:30 de uma sexta-feira. - dia 12 de novembro.

Momento de glória após uma semana de muita luta nesse lugar infernal.

Estou completando o meu 3° ano após muito esforço ,e trabalho suado. Bem, parte do meu esforço seria o meu pai me obrigando todos os dias a acordar cedo, e minhas amigas me incentivando a ir para fofocar da vida alheia.

Sair do colégio conversando com as minhas melhores amigas.

Nicole e Lorena.

Cresci com elas e até agora nenhuma das duas soltaram minha mão, temos uma amizade foda pra caralho.

Nicole: Amiga, amanhã tem bailão, tu vai brotar?

-Tu ainda pergunta? se meu coroa vai tá lá, eu vou, bote fé.

Lorena: Vou ficar em casa amanhã meninas. -falou desanimada e eu encarei a Nicole fazendo sinal com a cabeça

Lorena terminou um relacionamento recentemente e está em uma energia depressiva esses dias, parecendo uma rata molhada.

A mulher foi corna e ainda quer correr atrás do bofe lixo. Acreditam? Enquanto isso eu e a Nicole queremos meter uma paulada no marmanjo.

-Papo reto mermo, Lore. -encarei ela -Segue a tua vida irmã, o macho tá vivendo e tu nesse poço fundo aí.

Lorena: Difícil pô, foi intenso. -passou a mão na testa -Tu e a Nicole acompanharam tudo.

Nicole: Por isso mesmo estamos dizendo que sofrer por ele não vai ajudar em nada.

-E tu ainda está sofrendo por um feio, francamente parceira. -falei vendo as duas rir -Pelo amor de Deus, né.

Nicole: Feio mermo, tu toda gostosa e ele se achando nesses beco aí.

Lorena: Só vocês para me fazer rir, vontade de afogar as mágoas numa pinga.

-Enfim, se quiser podemos te animar antes do baile. Beba, dance e esqueça aquele traste.

Lorena: Valeu mesmo irmãs, cês são fodas. -sorriu e paramos no portão dela vendo ela entrar se despedindo

-E tu, vai brotar aonde agora? -olhei pra Nic

Nicole: Tô num lance firme com uma pessoa aí. -falou baixo -Acho que vou dar um rolé pra ver ele.

-Quem é?

Nicole: Vulgo sacolé ,ou Vitor.

-O vapor do meu pai?

Nicole: Pois é, aconteceu no bailão, semana passada.

-Abre teu olho Nicole ,a maioria dos vapores desse morro são bem macho podre. Começa com a situação da Lorena e termina com cabelo raspado. 

Nicole: Tô ligada meu amor. -segurou o meu braço e fomos subindo até o alto do morro

De longe avistei o meu pai conversando com uns vapores com a glock na cintura. Gesticulando boladão como sempre.

Papo reto? meu coroa é gato demais.

Rafael vulgo Fael -dono do morro da Penha.

Meu pai é o meu melhor amigo, tendeu? Tenho orgulho pra caralho dele ,não só por ter me criado aos 16 anos sem estrutura nenhuma mas sim por me educar e ensinar tudo sobre a vida que levo.

Minha "mãe" vulgo não sei o nome e nem se está viva ,me largou com ele quando eu ainda tinha meses de vida.

Os dois tiveram um lance, jovens demais esqueceram a consequência de uma foda sem camisinha. Na época o meu pai tinha 16 e a minha "mãe" 15. Hoje ,eu tenho 18 anos e o meu pai 34 anos.

Temos uma relação saudável de pai e filha.

Quando dei o meu primeiro beijo foi ele quem escutou tudo em primeira mão, e depois quase matou o garoto. O único problema do senhor Rafael é o estresse.

Ele fora de casa é completamente diferente.

As vezes nem reconheço o meu próprio pai, parece que ele desliga a humanidade e sai cheio de ódio.

Tem a dona Bianca que está domando essa fera aos poucos, as vezes ela perde a paciência e eles ficam o dia todo discutindo. Ela é gente fina também, os dois estão nesse rolo de "ficantes" faz uns 8 meses, por aí.
Eles tem um lance bem frenético mas fingem desapego, porém eu mesma vulgo agente do FBI descobrir tudinho sozinha.

Tenho os meus contatos para investigação,claro.

Nicole: Cada dia que passa teu pai fica mais gostoso, nossa senhora das calcinhas encharcadas. -se abanou e eu revirei os olhos rindo

-Se liga garota, pega teu rumo. -resmunguei

Quando terminei de subir a ladeira meu pai me encarou e depois analisou a Nicole. Senti ela se tremendo ao meu lado me fazendo rir. Ele nos encarou com um olhar de  "nenhuma ameaça foi detectada".

Fael: Estava aonde? -fixou o olhar em mim

Apontei para minha farda com uma fisionomia óbvia e ele assentiu.

-Tá suave, coroa? -me aproximei dele que deu um beijo na minha testa

Encarei os vapores que estavam com a cabeça baixa, menos o meu amigo que sorriu para mim.

O Cadu - Marcos Vinícius, temos uma amizade durante alguns anos.

Crescemos juntos até nossa adolescência, quando ele entrou no crime eu me afastei um pouco, quase não nos falávamos. Ele não tinha tempo nem pra estudar.

Voltamos a conversar quando eu salvei ele da morte, no dia de invasão.

Resultado da ajuda ,ficamos conversando até os dois começarem a desabafar e prometemos segredo entre nós dois. Ou seja, não podemos perder a nossa amizade nunca mais ,porque esse desgraçado sabe demais sobre mim assim como eu sei de todos os podres dele.

Cadu: Só fala com teu pai, tá mandada tu né? -falou com a liberdade dele e o meu pai ignorou olhando pro celular

Ele tem essa "liberdade" por ser neto da dona Lurdes, que trabalha aqui na minha casa por muitos anos.

Outra coisa é que meu pai gosta muito dele, creio que o Cadu seja o único moleque que meu pai confia perto de mim.

Me soltei do meu pai indo até o Marcos abraçando ele.

-Bom serviço pra vocês. -falei encarando os cria

Todos responderam "valeu patroa" e é nesse momento que eu me sinto em um filme de máfia clandestina.

Fael: Tá tendo churrasco na casa da dona Lurdes, quer brotar lá? -desviou o olhar do celular

Cadu: Eu te falei ontem e tu nem respondeu. -cruzou os braços me olhando

-Desculpa neném. -beijei a bochecha dele e meu pai analisou calado -Tava morta de cansaço ontem, nem peguei no celular.

Encarei a Nicole que estava em silêncio apenas encarando os meninos entre eles o Sacolé.

-Quer ir comigo amiga?

Nicole: Se tiver comida, eu tô dentro. -falou me encarando

Cadu: Ela é dessas, se deixar come até as paredes da residência da minha véia. -olhamos pra ele rindo -Encontro cês lá, visão?

-Fechou, vamos só trocar a farda.

Fael: Tira essa porra desse celular do modo avião Luana, te dei essa merda pra tu falar comigo. Não é de enfeite. -resmungou apontando para o meu celular e eu assentir

-Tô liberada? -ele assentiu e eu puxei a Nicole entrando em casa

Nicole: O teu pai me lançou um olhar de ódio, quase faleci ali, papo reto.

-Meu pai é gente boa, tu sabe pô.

Nicole: Sim, e eu gosto dessa marra.

-Sai fora cara. -bati nela e subimos pro meu quarto

 PROCEDER DA PENHA - 1° LIVRO  (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora