capítulo 50

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Ret


Antes de iniciar a guerra de sangue, estava falando com a Luana. Ela tava contando que o irmão dela mexeu na barriga da Bibi Perigosa e que estava tentando distrair o aperto no peito que estava sentindo. Fiquei falando besteira pra ela rir e depois desliguei voltando a conversar com os aliados.

A trocação começou e separamos os grupos.
Desci nas vielas com o Perigo e o VT, tamo fazendo uma limpa nos beco da P3.

Quando o Fael falou que o Cadu caiu, fiquei na maior neurose. A cria cresceu com a Luana, é parceiro da família, e neto da dona Lurdes que reza todos os dias por nós.

No começo eu falei pro Fael mandar ele com a Luana ,que me contou que não estava bem. Mas ele disse que o próprio Cadu insistiu pra ficar, queria cumprir a missão dele. E cumpriu.

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VIGOR: TÔ NA VISÃO DO FAEL, A PALOMA TÁ AQUI TAMBÉM.

GUGA: TAMO NAS ANTENAS.

BOB: TÔ INDO, PRA PEGAR O CADU.

CORINGA: TROCAÇÃO, AQUI NA P2.

TERROR: TAMO DESCENDO.

Peguei o rádio ajeitando no colete, sair na frente dando cobertura pro Perigo e o VT descer.

Qualquer falha pode ser fatal, havia tiro pra todos os lados.

-Vô descer pelo outro beco e tu vai com o Perigo na rua da P4.

Perigo: Tu quer separar? -sussurrou e eu assentir -Vamo de encontro até o Fael então.

-Visão. -sair correndo pra rua 13

Fui procurando o meu irmão que havia parado de se comunicar no rádio.

-157

ME: FAEL?

VIGOR: PERDEMO A VISÃO DELE.

ME: VAMO PROCURAR CARALHO.

GUGA: VEM ANTENAS, TA AQUI. SOBE RÁPIDO, RÁPIDO.

Já fiquei neurótico, tirei a corrente do pescoço mordiscando e subir segurando a parafal.

Passamos pelo Bob que tava levando o corpo do Cadu pro carro, VT deu apoio enquanto eu subia com o Perigo.

Encontramos o pessoal reunido, a tal parideira da Luana caída no chão, o corpo do marido dela do outro lado.

-Cadê? -procurei o meu irmão

Coringa: Tomou um no peito, atravessou o colete, coloquei ele encostado lá atrás.

Assim que ele falou subir correndo procurando o Rafael, vi ele encostado cuspindo sangue.

-Caralho. -me ajoelhei encarando seus olhos -Fica acordado porra.

Fael: Luana. -sussurrou -Cuida da Luana.

Não era possível que isso tava acontecendo, não. Meu irmão não ia desistir tão fácil assim.

Vigor: Caralho, coloca ele nos ombros.

Guga: Vamo, vamo levar no hospital.

Fael: Cês vão cair porra, tá suave. -cuspiu sangue no colete e eu neguei puxando ele -Filipe caralho.

-Tá maluco porra? tu não vai cair, não.

Os moleques me ajudaram a descer com ele e jogar no carro. Subir pra chamar o VT que tava baleado também.

No meio das vielas vi um cana passar correndo, tava com 2 munição. Parei atrás do carro me agachando, quando virei tomei só uma nas costas. Cair escutando as cápsulas batendo no chão e a voz do Guga se aproximando.

(...)

Abrir os olhos lentamente vendo uma luz forte e uma parede branca. Aí caralho, tô no céu mermo?

Luana: Filipe? -escutei a voz suave dela e o meu nariz ardeu

Que porra, não pude nem me despedir da minha menina.

-Missão cumprida pai, tô suave. -sussurrei fechando os olhos e senti um beliscão no meu braço -Lua?

Luana: Tá doido Filipe, que missão cumprida? -encarei seus olhos pequenos e vermelhos -Tu prometeu, agora tá tu e o meu pai deitados numa sala de hospital.

Olhei ao redor vendo os aparelhos no meu peito e a janela com o raiar do sol.

-Teu pai, tá como? -encarei preocupado querendo levantar

Luana: Fez uma cirurgia, igual a tu. -encarei minha barriga com um esparadrapo -Tá estável, mas é risco na recuperação ainda.

-E tu minha menina, como está? -encarei seus olhos encherem de lágrimas

Luana: O Cadu. -colocou a mão no rosto e eu puxei ela -Tá doendo tanto.

Nem falei nada, ver ela assim me causou um sentimento angustiante. Faz muito tempo que não sinto isso, apenas abracei seu corpo enquanto ela soluçava.

O menor não resistiu, e é uma parada muito pesada, papo reto. Nem sei como falar pra dona Lurdes, nem lidar com a Luana destruída desse jeito.

 PROCEDER DA PENHA - 1° LIVRO  (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora