capítulo 6

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Ret

A desgraça na minha vida começou quando eu tinha 11 anos, moleque raiz que curtia a infância até meus pais sumirem. Fiquei sabendo que eles me largaram com minha véia, mas ela não tinha condições para me criar.

Ela tava com câncer de mama na época ,lembro que era um bagulho sinistro. Deixou ela mal. Com tudo isso eu optei a me envolver com os cria da Cidade de Deus. Os irmão de lá fortaleceu total.

Papo reto, o que não se aprende em casa, é a rua que ensina!

O mundo é um hospício, e apenas os loucos conseguem sobreviver nesse inferno. Fiz irmandade com geral, mas o único morro que eu me identifiquei foi na Penha.

Conheci o meu aliado e irmão.

O Fael é meu parceiro faz uma cota ,e eu considero pra caralho aquele viado. Fortalecemos nossa amizade em uma fase ruim pros dois, tá ligado? Eu tava enfrentando o vício e abstinência, e ele tava com uma cria novinha para criar. Mas o cara nunca desistiu, é um pai de se orgulhar mermo.

Nós dois crescemos juntos mentalmente, e dominamos tudo. Hoje esse morro é nosso graças ao sustento e esforço, eu vou lutar até o fim para manter ele no nosso comando.

O Rafael é herdeiro, ele não desenrola muito sobre mas parece que mataram o coroa dele e até hoje é uma parada que persegue ele.

(...)

Cadu: Ô tio ,tava moscando e nem vi que aquela desgraça havia ido embora. -o menor entrou na sala

Fael: Tu deixou o pau no cu do Rogério fugir, é isso mermo? -levantou bolado

Apenas observava a reunião deles enquanto puxava o meu baseado.

Favela tá fervendo, sábado é dia de baile e dia de invasão.

Olhos abertos sempre ,qualquer vacilo é perigo para nós.

Xxx: Tu tá muito calado hoje Ret, colfoi?

Encarei o menor brevemente e neguei. Sempre sou o palhaço do grupo, não posso ter um minuto de paz que começa essa perturbação.

-Tô suave. -soltei a fumaça

Xxx: Falta de puta pra comer, dar nisso. -escutei um vapor falar

-Comi tua irmã ontem. -falei e ele me encarou bolado -Gostosinha, sem neurose.

Cadu: Caô. -gargalhou e o Fael encarou ele

Fael: Tô bom com tua cara não, mete o pé geral. -levantou batendo na mesa e eu continuei sentado encarando ele

-Tá pilhado com o que Fael? Se for por grana, o comédia não levou nem 15% do estoque.

Fael: Muita coisa irmão. -coçou a cabeça -Como confiar na proteção do morro se tão entrando e saindo dessa desgraça?

-Papo reto, o bagulho é ver quem está no controle. Tira o Cadu e coloca ele na área de cima, coloca outro frente na proteção.

Fael: Só não cobrei o Cadu por causa da Dona Lurdes, mas aquele filho da puta vai fazer hora extra e vô lançar ele na missão.

-Hoje tem bailão, é mandela de verdade, convoquei todas piranhas no grupo do whatsapp. -cantarolei apagando o baseado e levantei

Fael: Vai cobrar os caras da quebrada 18, tô sem cabeça.  -assentir colocando a glock na cintura e sair batendo a porta

Escutei ele me xingar e desci o morro zuando os cria. Namoral mermo, só tem cruz credo nessa quebrada. As vezes aparece uns pitel, mas é furada.

Escutei alguém me chamar e virei vendo a princesa Fiona com os braços cruzados me encarando.

Lua: Padrinho, me ajuda a convencer o senhor Fael fazer bailão hoje? -se aproximou me abraçando e eu beijei a testa dela -Tô querendo me divertir.

A mina cresceu legal, pelo menos nisso o Fael teve talento. Fez uma princesinha nesse morro. Ajudei a trocar a frauda dessa peste, e hoje ela tá como? Evoluiu, papo reto.

-Tu ainda tem dúvida que hoje a putaria vai rolar? Tudo na conta do grande homem.

Lua: Sério? -sorriu animada

-Claro pô.

Xxx: Bora Luana. -olhei para o lado vendo as trombadinhas que andam com ela

Lua: Falo com tu mais tarde, tá? -saiu correndo e eu analisei o fio de short que ela estava usando

-Luana? -chamei e ela virou -Chega aí.

 PROCEDER DA PENHA - 1° LIVRO  (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora