capítulo 51

6.5K 382 69
                                    

ALERTA: LUTO

Lua


Estava tudo muito estranho, eu havia terminado a ligação com o Filipe e estávamos rindo. A Bianca começou a sentir falta de ar e fiquei conversando com ela, afinal eu também estava com um nervosismo há milhões.

Depois que ela pegou no sono, eu tentei dormir também. Demorou horas pra conseguir cochilar por minutos.

Tive um sonho, não ruim. Era bom, e por ser tão bom, eu só queria chorar. Era um dejavu da minha infância.

Eu e o Cadu brincando na porta de casa, como sempre era apenas eu e ele.

POV

Cadu: Então, quando eu crescer vamos ser mais que amigos? -me encarou mascando o chiclete

-Para de ser iludido Marcos, temos apenas 9 anos. -respondi enquanto arrumava o cabelo da minha boneca

Cadu: Se você não aceitar, eu jogo uma barata em tu. Melhor assim? -levantou e eu nem olhei pra sua mão quando comecei a correr na rua

Entrei em casa correndo passando pelo meu pai que assistia o jogo com o Filipe. Fui pra cozinha procurar ajuda da tia Lurdes, vó dele.

Lurdes: Marcos, para de perturbar a Luana. -parou na cozinha enquanto eu escondia atrás dela

Cadu: Ela é muito pior que eu. -resmungou jogando algo no lixo

Quando ele virou eu peguei o meu brinquedo e joguei nele. Começamos a brincar de pega pega e quando menos esperávamos, caímos no chão feito dois saco de batata.

Pisquei os olhos e já estávamos com 15 anos.

Cadu: Nos conhecemos com 6 anos. E eu ainda te aturo. -riu enquanto eu chorava porque estava no meu primeiro período menstrual

-Cê acredita que nem o meu pai, me estressou hoje? -suspirei fundo -Mas eu tô chorando porque o Filipe comeu meu chocolate.

Cadu: Se tu me armar com a Lorena, talvez eu compre um pra tu. -falou cínico e eu revirei os olhos -Coé Lua.

Pisquei os olhos novamente e agora não é mais um dejavu, e sim um sonho.

Cadu: Oi? -olhei pra trás enquanto estávamos sentados em uma nuvem -Eu não queria ir sem me despedir.

-Tá falando do que doido? -rir levantando e fui até ele -Por que tu está machucado?

Cadu: Não tá doendo, isso não. -encarei seus olhos -Mas vai doer te ver chorar. Então, não chore. Seja forte.

-Não tô te entendendo não Marcos. Larga de ser doido. -encarei o chão azul -Afinal ,aonde estamos? E por que esse silêncio?

Cadu: Tu é forte, eu sei. -me ignorou -Eu lembro que quando éramos pequenos, tu era a minha paixão, depois crescemos e nos tornamos melhores amigos e irmãos. Sempre vi que tu é especial, e que eu fui um péssimo amigo nos últimos anos.

-Já conversamos sobre isso Cadu, tá tudo bem. -sorrir fraco

Cadu: Posso te pedir uma coisa?

-Não vou te armar com a Lorena, ela tá com o Vinícius, supera amigo. -ele gargalhou negando -Pode falar.

Cadu: Quando sentir a minha falta, olha pra cá. E fecha os olhos, vou tá te protegendo. -segurou a minha mão

Olhei pra baixo vendo a favela da Penha, olhei pro lado vendo as nuvens e depois pisquei vendo seus olhos vermelhos.

-Não. -falei querendo gritar mas não conseguia -Por favor não, não , não.

Cadu: Desculpa. -sussurrou me abraçando -Eu tô bem, e feliz. Tu sabe que o meu sonho era conhecer minha mãe, e eu encontrei ela. Estamos felizes aqui.

-Marcos, por favor. -solucei tentando puxar ele

Cadu: Cuida da minha vó, tá? -beijou a minha testa e sumiu entre as nuvens

POV


Bianca: Luana? -escutei a sua voz distante e abrir os olhos com o choro travado na garganta -Tudo bem?

-Cadu. -sussurrei chorando

Bianca: Foi um pesadelo? -neguei e ela me abraçou -Eu tô aqui.

Fiquei abraçada com ela quando um vapor entrou no quarto chamando a gente.

Ele falou que precisamos voltar pra Penha, não entrou em detalhes apenas seguimos ele. Mas no fundo eu a Bianca estávamos esperando o pior.

Quando pisamos na Penha senti uma vontade enorme de chorar.

Vi a dona Lurdes no portão sendo acolhida pelos moradores. Não deixaram subir mais, tinha sangue por toda parte.

Lurdes: Meu menino, não meu senhor. -gritou e eu olhei pra Bianca -Me leva com ele, por favor!

Bianca: Lua? -me encarou

Senti meus braços sendo segurado e cair. O susto foi grande, o meu baque no chão me deu um clarão na cabeça.

 PROCEDER DA PENHA - 1° LIVRO  (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora