02 憂 Apologies

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Talvez os dias seguintes são sempre os piores, sempre carregados de peso na consciência e no coração.

Estava pouco se fudendo para o pai estressado, estava morrendo de ansiedade pelo fato de ter deixado um menino choroso para trás depois de ter falado atrocidades. Desejava fielmente que ele seja tão burro e idiota, que ao menos se magoou e no dia de hoje já tenha lhe perdoado, ou melhor, esquecido.

Fez a mesma higiene matinal de sempre e caminhou receoso até a mesa de jantar.

— Bom dia John, o drama já passou ou ainda está agindo feito mulherzinha? — perguntou o pai enquanto lia o jornal, nenhum contato visual por enquanto.

— Bem, apenas aquele garoto insolente que me irritou, me desculpe por ontem. — "melhor fingir arrependimento que apanhar ou gerar intrigas desnecessárias em plena manhã".

E nada mais foi dito. O café foi posto na mesa, rezaram antes da refeição e comeram. John não estava com fome ou no clima para qualquer coisa, o peso na consciência o matava e seu cigarro acabou, então teria de lidar com aquilo sóbrio.

Pediria desculpas? Jamais! Mas indiretamente é melhor que nada certo?

Após terminar o serviço não foi comer e ficou sentando debaixo da árvore de sempre, esperando a criatura de cabelos negros vir lhe importunar, mas não veio. Aquilo o preocupou ao extremo, o menino morreu de tanto desgosto?

Tratou de ir atrás dele. Provavelmente estaria em casa, então no caminho pegou duas das rosas que sua mãe começou a cuidar, cortou delicadamente cada espinho — onde acabou perfurando metade dos dedos — e foi até a casa dos Lee com as belas rosa vermelha em mãos.

Obviamente tinha se arrumado antes e tomado um banho, não tanto pois não queria que percebesse, isto tudo apenas porque na foi lhe ensinado que com a boa aparência se consegue tudo.

Ajeitou os cabelos para trás, colocou o chapéu na cabeça e bateu na porta. Demorou para ser atendido e quando foi, Ten estava lá dessa vez com um short cinza escuro e uma blusa branca. Nunca o viu com uma peça de roupa escura, não combinava com a aura pura dele.

— Oi John... Tudo bem? — perguntou cabisbaixo evitando o contato visual.

— Sim. Você está doente? Não veio 'lá hoje — "porra, falando assim ele vai achar que você se importa de verdade".

— Não, é que você disse para eu parar de lhe importunar... O que veio fazer aqui?

— Eu não disse isso, você entendeu errado, mas também leve isto como um conselho e o cumpra em 50%! — ignorou a última pergunta com a rosa atrás de si e olhou-o.

— Me desculpa por ontem, mamãe disse que eu estava errado em tê-lo assustado com isso. — Reverenciou e finalmente olhou para cima, seus olhos pareciam embargados pelas lágrimas que insistiam em sair. — Você quer voltar a ser meu amigo?

— Seu bobo — Sorriu minimamente e estendeu a rosa ao menino que o encarou confuso mas depois segurou a flor e a cheirou. — Eu também falei bobagens ontem, mas foi para seu bem, aqui as pessoas não pensam igual a você, tampouco eu.

— Que bonitinha Johnny, muito obrigada — sorriu abertamente e voltou a ser o tailandês de antes.  — Você voltou a ser meu amigo?

"Eu nunca fui e nunca deixei de ser". O americano confirmou com a cabeça e estendeu sua outra mão, pondo a rosa atrás da orelha do pequeno.

— Não mude seu jeito pelas pessoas, e cinza não combina com você — dito isso virou de costas sem fôlego pela fala impulsiva que teve e tentou ir embora, mas sua cintura foi abraçada pelo tailandês que estava chorando.

Lavanda e Amor | JohnTenOnde histórias criam vida. Descubra agora