08 憂 Denial

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John briga seriamente com seu pai por sua importunação em relação ao Andrew, Ten e suas obrigações com a igreja, ao todo se vê no auge do cansaço em relação a isso.

— John, eu não entendo! Eu converso com você e mesmo assim tu vai lá e estraga tudo com sua maldita boca e falta de vontade! — Novamente o sermão do velho lhe causava dores no ouvido. — Porque caralhos você não está próximo do filho do pastor?

Se Johnny pudesse já teria revirado seus olhos até enxergar o próprio cérebro! Ele estava no auge do seu estresse há dias por conta da importunação do seu pai em relação à igreja, a religião, ao trabalho, aos Harvey, ao Ten; queria muito dar um chá de sumiço no próprio pai mesmo que isso vá contra a moral e ética.

— Eu tentei ser amigável com ele, mas não me desceu à garganta! Obviamente fui educado, mas não forçarei amizade. — " falta esse imbecil me forçar a viver 24/7 ao lado daquele loiro!"

— E como ousas moleque? Eu já não te disse para ser amigo dele? Pois não aceitarei essa situação, pode ir pedir desculpas a ele e tentarem serem próximos! — O velho aumentou o tom de voz e cerrou os dentes, batendo a mão na mesa e fitando com raiva o filho que tampouco estava tão sereno. — O que ele fez para você agir assim? Você sempre me obedeceu, o porquê disso agora justo com eles?

"Se você soubesse que ele faz parte dos 'maricas' que você tanto odeia e provavelmente seu pastor sabe e não lhe dá punições, você me daria razão!"

John passou a mão no rosto e se levantou da mesa, se curvando um pouco e apoiando-se na madeira olhou para o pai com frieza, cerrando os dentes de forma nada pacífica e fechando o punho da outra mão.

— Estou cansado dessa conversa! Eu tenho idade o suficiente para escolher minhas amizades, então não me force a algo que não quero e não irei fazer! — Ele não queria discussão então usou o tom mais brando que pôde, mas seu olhar não negava o quanto desaprovava a fala de seu pai. Falando com educação e serenidade as chances de uma briga surgir seriam poucas e se pouparia de falatórios.

— Você não presta para nada! Só sabe vagabundar por aí com aquele garoto estranho! Saiba que não irá ficar assim seu moleque! Ainda vive sob meu teto então seguirá SIM minhas regras!

Johnny deixou as palavras entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, caminhando apressadamente para o próprio quarto e trancando a porta com a chave velha que ficava em baixo do jarro posto no corredor.

— Esse velho só diz merda! Quer que eu faça  isso e aquilo por ele enquanto o desgraçado não move uma palha! — Ele fala para si mesmo enquanto esmurra o travesseiro com socos fortes. — Se ele quer ser amigo daqueles riquinhos vagabundos, então que chupe o pau deles, já que todos devem ser uns maricas estranhos!

Gruniu baixo e jogou o próprio corpo contra o colchão magro, sentindo algumas partes de seu corpo ir de encontro com madeira dura da cama.

— Eu tenho que tentar arrumar um emprego na cidade e sair daqui! — A ideia parecia boa mas a medida que os segundos passaram se tornou uma ideia utópica e o desânimo logo veio; a única forma de sair de lá no momento era aceitando a proposta bizarra daquele loiro. — Eu só queria ter um pouco da ousadia do meu irmão, mas pelo visto tudo ficou com ele!

Naquela tarde a cabeça do acastanhado ficou nebulosa, ele só pensava no quanto seu pai lhe estressava e tirava toda sua paz apenas com seu jeito de ser. Ele não se importaria de ter o pulmão repleto de monóxido de carbono se isso lhe mantesse longe do velho, ou se ele teria que se matar de trabalhar pra ganhar um prato de comida e uma casa em troca — ele fazia isso de graça desde cedo. Então uma bela ideia lhe passou na mente: antes de ir, isso se conseguisse, nada melhor do que afrontar o princípio de seu pai e finalmente fazer o que tem vontade.

Lavanda e Amor | JohnTenOnde histórias criam vida. Descubra agora