11 憂 Rebel

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John mais cedo havia brigado com seu pai pelo mesmo motivo de sempre, dinheiro e trabalho. Encontrava-se cansado daquela vida e há algumas semanas a esperança de um futuro melhor preenchia pouco a pouco seu peito obscuro. Após ter deixado o garoto na escola, passou pelo centro pois estava com fome e não queria retornar a casa tão cedo assim.

As padarias tinham um preço alto e seu trocado não era suficiente nem para um croissant, o que já o deixou desmotivado e sua única opção foi enfiar-se num bar precário do subúrbio e comer uma massa qualquer.

Aqueles caras definitivamente não eram gente boa, mostravam sua postura de machão e suas armas como se não fosse nada. As barbas por fazer, a aparência de desleixo, o cigarro de palha entre os lábios encardidos e os dentes amarelos pelo fumo constante — até mesmo John que era "simples" perante aos demais, ali parecia ser o mais bem apresentável o que já causou olhares desconfiados sob ele. A maioria deles jogava baralho e era uma gritaria intensa, então sutilmente o barulho ir se dissipando atraiu a desconfiança do americano.

Sentou-se na cadeira alta de frente para o balcão e encontrou um jornal dobrado na cadeira ao lado. Antes de dirigir uma palavra sequer ao barman pegou o jornal e abriu, deparando com uma lista de vaga de empregos na região, "irei olhar depois", e dobrou deixando debaixo de seu braço. Olhou para o barman que mais parecia um viking e enfim pediu.

— Uma cerveja e... O prato do dia. — Disse um tanto baixo mas o suficiente para que o funcionário ouvisse.

Por outro lado, este riu fraco e olhou para detrás do moreno não dizendo uma palavra sequer ou saindo de sua posição para pegar o que havia pedido. John então olhou para trás e três homens de aparência assustadora lhe encaravam.

— Não viu a placa do lado de fora? — O homem de uns trinta e poucos anos se pronunciou, era o mais alto dentre os outros dois. Todos eles tinham linhas de expressão e a barba por fazer, além dos olhos claros e desbotados, igualmente às suas roupas.

— ...Sim? O que tem? — "Placa? Que porra de placa? Não tem nenhuma!"

— Então devia saber que não é bem vindo aqui japinha. — Zombou do americano e deu um passo a frente pondo o cigarro entre os lábios e respirando irritado. — Você é muito almofadinha pra estar aqui.

Johnny soltou um riso breve e encarou hostil aquele líder do trio, pensando no quanto britânicos eram gangsters e sempre andavam em trios e intimidavam aqueles que não gostavam.

— Eu não tenho tostões o suficiente para ser um almofadinha. — Colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá algumas moedas de baixo valor e estendeu à eles. Não conseguiu sustentar o peso do braço no ar então colocou de volta às moedas no bolso e cruzou os braços evitando sustentar o olhar por tanto tempo, afinal, suas posturas eram de fato intimidantes.

Os outros pararam o que faziam e pode-se ouvir nitidamente o barulho de seus dedos em contato com a trava das pistolas.

— Devia saber que aqui não é lugar para si de qualquer forma, se não és do bando, nunca será bem vindo. — O sorriso estreito e presunçoso deu-lhe uma expressão ainda mais esquisita. A mão foi levantada e o dedo indicador e médio foram curvados em sinal para os demais abaixarem as armas, e eles prontamente obedeceram as ordens. — Coma, mas depois que sair mantenha-se calado ou sua língua língua será a tua próxima refeição. É por conta da casa.

O sangue que antes parecia focado em sua face, agora se dissipava trazendo uma expressão aterrorizada e um rosto demasiado pálido, como se a qualquer segundo fosse desmaiar.

"Eu entrei num ponto de encontro de uma gangue? Eu só queria comer em paz!" — Pensou.

Diabos, parecia muito aterrorizado e aquilo era cômico aos olhos dos demais que não hesitaram em rir.

Lavanda e Amor | JohnTenOnde histórias criam vida. Descubra agora