07 憂 Church

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Johnny definitivamente não se sentia bem naquele lugar.

Havia diversas cadeiras de madeira escura, e um palco grande a frente, com um coro no canto esquerdo, um pastor bem vestido no centro e instrumentistas no outro canto, havia também flores diversas decorando o ambiente grande que predominante era branco e azul claro. Além disso, os fiéis masculinos usavam ternos das mais variadas cores, preto, azul-marinho, azul-claro, cinza, cinza-claro, já o pastor obrigatoriamente usava um colete cinza e um terno e calça cinza-escuro — e John se perguntava porque todo pastor escolhia aquela cor. Já as mulheres vestidos de mangas longas e bufantes até os tornozelos em cores claras, com uma sapatilha preta ou da cor da vestimenta, e os cabelos loiros ou castanhos até a altura da cintura (ou mais).

De fato, igrejas não mudavam e em qualquer lugar, seriam iguais, só mudava as pessoas, e Johnny se sentia mal por não se adequar a lugar nenhum, seja aqui ou lá, ele apenas queria ser como qualquer um ali e estar grato por estar ali, mas não, nunca sentiu o tal sentimento magnífico que todos os fiéis diziam, ele só se sentia... Cansado.

Óbvio que ele também não odiava totalmente, ele adorava a história da religião protestante, de como muitos lutaram para a vertente existir e ganhar espaço na Europa mas, ele não era um religioso, tampouco acreditava na Bíblia, e não queria seguir doutrina nenhuma, apenas queria ser livre de qualquer amarra ou norma.

Voltando, o americano permanecia se sentindo deslocado ali, tinham muitas pessoas e todas elas possuíam aquele ar de "o que o pastor disser é o correto, não aceito outro tipo de pensamento" e aquilo o incomodava. Sentia aqueles olhares pesarem na família, eram um dos únicos asiáticos ali, exceto por mais uma ou duas famílias presentes, então obviamente causava estranheza aos demais — ou era porque eles sabiam o que John fez com os garotos alguns dias atrás.

O canto, a leitura, a pregação, nada lhe interessava e só passava os olhos pelas páginas ou dublava o que era dito, seu pai lhe olhava pelo canto dos olhos para se certificar de "estar cumprindo seus deveres com Deus", a única coisa que lhe prendeu a atenção foi uma garota de cabelos loiros ondulados, com belos olhos verdes, e vestido rosa-claro, ela definitivamente era muito bonita e aparentava estar solteira. Johnny não era de se interessar por garotas com tanta frequência, mas aquela lhe prendeu a atenção de primeira e ele secretamente desejou conhecê-la melhor.

Mas o que lhe surpreendeu de fato foi ver o tal do Andrew Harvey ao lado do pastor e depois vê-lo lendo para todos um trecho da Bíblia.

"O que diabos aquele homem estava fazendo naquela igreja? Ele está em todo lugar!" — Pensou.

Revirou os olhos e continuou orando, agora com os olhos abertos e fitando discretamente o belo loiro. Quando aquilo tudo se finalizou, o pastor e Andrew se aproximaram da família Suh e iniciaram a conversa.

— Deus abençoe vocês irmãos, estou muito grato por estarem aqui e terem aceitado meu convite de conhecer a igreja! — O homem cinquentão mas bem conservado falou, enquanto mantinha a Bíblia debaixo dos braços e sorria abertamente.

— Eu quem agradeço pastor, estávamos a procura para voltar à casa de Deus, e aqui nos sentimentos próximos do Senhor, amém! — O velho juntou as mãos num "amém" e sorriu simpático, ele sempre tinha essa cara quando fingia carisma. — Essa é minha mulher e esse é meu filho.

— Deus abençoe a sua linda família! — Ele apertou a mão de John com firmeza, enquanto aquele loiro não tirava os olhos do moreno e aquilo era estranho. — Esse é meu filho mais velho Andrew, a minha filha mais nova está com sua mãe.

Lavanda e Amor | JohnTenOnde histórias criam vida. Descubra agora