06 憂 Stupid Boys

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— Jô, o que você fazia nos Estados Unidos? Porque veio para cá? — Ten perguntou enquanto pedalavam lado a lado rumo a escola do garoto, hoje estava pedalando mais fraco pois desde o dia anterior reclamava sobre sua dor na perna mas não sabia explicar o motivo.

— Melhor oportunidades... Lá eu fazia o mesmo que aqui, mas era... Diferente, as pessoas, o ambiente e um pouco do idioma, mas já me acostumei. — Comentou raso, mantendo o foco na estrada sem desviar o olhar para o lado. — E você...? Viveu um tempo razoável em seu país?

— Minha infância Jô... Eu gostava muito de lá mas não era um bom lugar e papai arrumou um emprego aqui na Inglaterra  quando eu tinha 10 anos e é por isso que ainda moro aqui! — Ele sorriu bobo ao lembrar-se da infância. — Eu vestia o Hanfu do meu pai já que ele é chinês e algumas pessoas pensavam que eu usava vestidos!

— Hanfu? Hm, eu conheço! Interessante... — Deixou o assunto de lado e voltou a pedalar.

[...] Já era a hora da saída na escola do tailandês, John lhe esperava um pouco distante encostado numa árvore enquanto fumava tranquilamente, pois adiantava a atenção sob si quando ficava próximo do portão de entrada/saída. Aquela multidão de jovens bem arrumados saíam e mesmo assim o americano não viu Ten e aquilo o preocupou e resolveu ir atrás do garoto.

Como não podia entrar no prédio, sabia que sempre tinha uma porta nos fundos, então andou apressadamente até detrás da escola e logo viu a cena: Três garotos mais velhos e mais altos que o tailandês o encurralaram na parede, eram os mesmos que ele havia visto dias atrás.

O de olhos azuis e fios loiros lambidos para trás possivelmente era o líder enquanto os outros dois arregaram as mangas para cima. Esse garoto loiro falou:

— É tão bom tê-lo de volta Tenzinho, nós três sentimos tanta falta de bater em você, pelo visto é a única coisa que presta para fazer! — Ele ri e segura na gola do menor batendo seu corpo magro na parede fria de tijolos e cospe em sua face, deixando um sorriso sádico escapar se seus lábios finos. — Um mariquinha viadinho como você ao menos é um homem e sabe se defender! Sua dignidade é pior que a de um vira-lata!

Os outros dois patetas morenos riem da cena enquanto Ten tenta se soltar do garoto imbecil lhe encurralando, mas não é páreo para eles. John se aproxima silenciosamente e ao estar consideravelmente próximo da cena assobia chamando a atenção de todos.

Mantinha sua típica postura hostil e o cigarro em seus lábios, as mangas na altura do cotovelo e as mãos no bolso da calça.

— O que pensa que estão fazendo com ele? São tão covardes que preferem ser imbecis com gente menor que vocês... Patético! — Sua voz grossa com sotaque soou alta aos demais.

Americano? O patético é você que além de ser daquele país é um olho-fechado igual a ele! — Aquele mesmo líder do grupo se pronunciou em tom de deboche fazendo os outros dois rirem também. — Saia daqui que ninguém te chamou, meu problema é com esse viadinho não com ti, então vá cuidar da sua vida!

Aqueles três imbecis com uniformes caros e cabelos lambidos podiam ser a lei naquele ambiente, mas para Johnny, o cara que sempre dava um tabefe nos idiotas de sua escola que além de serem maiores que si, eram em pelo menos 2-3, então três salsichas inglesas não seriam seu pior pesadelo e sim sua próxima refeição.

Seria problema exclusivo seu e dele, se ele não fosse meu primo e eu não estivesse responsável por ele, então... — Ele retirou o cigarro da boca para continuar e o segurou em mãos se aproximando ainda mais do loiro até estar em sua frente, cara a cara para prosseguir: — Se quiser bater nele, terá que bater em mim primeiro, asshole. — E num ato rápido e de forte provocação enfiou a bituca de cigarro no braço descoberto alheio, causando um grito notável de dor.

Lavanda e Amor | JohnTenOnde histórias criam vida. Descubra agora