Expulso.

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Bela 

Aquele era sem dúvidas o dia mais feliz de toda a minha vida… enfim eu iria me livrar do mala do Micael e de quebra poder expulsar da fazenda de uma vez por todas o selvagem do Ravi. Na beirada da piscina, mesmo sendo tão cedo estourei um champanhe para tomar na companhia do Júnior. 

— É prima… enfim conseguiu o que queria e o melhor de tudo é que nem precisou a gente se esforçar, o próprio destino se encarregou de tirar Micael daqui – Junior disse e eu sorri, mas ele não estava cem por cento certo. 

— Não Junior, eu ainda não consegui o que queria… ainda tenho que me livrar do Ravi que com certeza vai exigir direitos por ter se casado com Micael – Pontuei. 

— Aquele selvagem? Não exagera prima… ele nem deve saber o que são direitos. 

— De qualquer forma tenho que estar precavida Junior, uma coisa eu te garanto… assim que o Micael atravessar aquela porteira, a vida do Ravi irá mudar pra sempre! 

Micael 

Mesmo ferido, consegui cavalgar até a fazenda dos Soto… eu estava exausto e morrendo de dor, minha perna parecia que estava em chamas. Após me aproximar do casarão, avistei o Guto e meu irmão conversando e então gritei por ajuda, de imediato, eles vieram ao meu encontro. 

— Meu irmão! O que houve cara! – Matias questionou desesperado. 

— Me acertaram, atiraram em mim! – Proferi, em seguida eles me ajudaram a descer do cavalo. 

— Cara isso é grave, temos que ir direto a um hospital – Guto disse preocupado. 

— Não vamos a lugar nenhum, se eu for pro hospital de imediato eles chamam a polícia e eu não quero policia envolvida nisso… anda, me levem pro meu quarto! – Pedi e assim eles fizeram. O Marias havia certa experiência com ferimentos, então, logo ele lavou o mesmo e enfaixou para evitar o sangramento. 

— Atiraram em você com arma de caça, chumbinho! Mesmo assim isso pode infeccionar, é melhor ir pro hospital! – Matias insistiu. 

— Já disse que não Matias! Olha, em hipótese alguma vocês podem contar o que eu vou dizer aqui tá? Mas tenho quase certeza de que foi o Ravi quem atirou em mim! 

— Ravi? O cara com quem você é casado? – Guto questionou. 

— Ele mesmo cara, de alguma forma ele deve ter descoberto da minha viagem e atirou para evitar que eu fosse! – Constatei e os dois ficaram surpresos — Por isso não quero polícia envolvida, entendem? 

— Mas então aquele selvagem conseguiu o que queria mano… você não pode viajar assim e muito menos fazer um teste pra um time de futebol com a perna ferida! 

— Guto, eu vou! Anda, desce e vai ligar o carro! – Ele relutou um pouco porém logo foi fazer o que eu pedi. 

— Essa sua teimosia toda me faz lembrar do papai! – Matias disse e eu apenas sorri. 

— Não se preocupe irmão, lá na cidade eu vou a um hospital e logo logo estarei cem porcento. Escuta, fui até o banco e abri uma conta em nome do Ravi… Matias, assim que eu começar a ganhar uma grana por lá irei depositando e te peço que com esse dinheiro, construa em um pedaço de terra meu, uma casinha pro Ravi… me promete! 

— Bom eu acho isso uma loucura, mas se o dinheiro e as terras são suas… Será como você quiser! 

Matias 

Após alguns minutos, ajudei o meu irmão a descer e logo ele adentrou no carro do Guto… em seguida, os dois partiram. Voltei para dentro e então segui até os fundos onde estava a minha esposa e seu primo tomando sol. 

— Micael e Guto acabam de partir! – Anunciei e logo a Bela se animou — Escuta meu amor, Micael abriu uma conta em nome do selvagem, disse que irá depositar dinheiro todos os meses para que eu mande construir uma casa pra ele e pro velho aqui nas terras! 

— O quê? Mas nem pensar! – Bela esbravejou — Quero Ravi longe de nossas vidas Matias… é claro, o Micael não precisar saber, mas essa casa nunca será construída! 

Ravi 

Em minha cabana, eu terminava de tomar café com o meu avô… meu coração ainda estava acelerado, ao fechar os olhos só me vinha na mente o Micael sendo ferido, porém aquilo tinha sido necessário. Após alguns minutos, Dudu surgiu ali e me chamou para conversar longe da vista do meu vô. 

— O que foi agora Dudu, aconteceu alguma coisa? – Perguntei como quem não queria nada, para saber se já havia se espalhado a notícia do tiro. 

— Na verdade sim Ravi, e eu nem sei como te contar isso então não vou enrolar… O Micael já foi embora! 

— É claro que não, relaxa… o Micael não poderá viajar ferido! Além do mais, você disse que ele iria viajar pra jogar bola né? 

— Sim mas… do que você tá falando? 

— Olha não vai contar pra ninguém… hoje mais cedo dei um tiro de espingarda no Micael! 

— Você o quê?! 

— Ai ai ai, mas não foi pra matar! Foi só um tirinho de nada, na perna… assim, nenhum clube de futebol vai querer um jogador manco e ele ficará aqui comigo! 

— Nossa mano, se isso tudo que você tiver me contando for verdade… não adiantou de nada pois o Micael partiu a poucos minutos no carro do amigo. E se não acredita em mim, vai lá na fazenda e comprove você mesmo! 

Aquela afirmação do Dudu me deixou novamente desesperado… será que mesmo ferido o Micael havia me abandonado? Sem esperar nem mais um segundo, corri até a fazenda dos Soto chegando lá cerca de dez minutos depois. 

— Micael! – Gritei aflito da porta do casarão, e quando me preparava pra entrar surgiu ali, diante de mim, o Junior, a Bela e o Matias… ficando posicionados em frente a porta. 

— O que você quer aqui selvagem! – Bela disse em tom frio. 

— Dona Bela me diz que é mentira, me diz que o meu Micael está lá dentro e que a senhora vai chama-lo! 

— Graças a Deus que a resposta é não… aquele garoto mimado a essa hora está bem longe daqui, ou seja, aqui não há mais nada que interesse a você! 

— Isso mentira! Vou entrar aí agora mesmo pra ficar com o meu Micael, ele deve tá precisando de mim – Naquele momento, não pude conter as lágrimas.

— Não ouviu minha esposa garoto? Micael já não está mais aqui! Anda, dá o fora e não nos perturbe mais! — Matias esbravejou. 

— Aqui está suas tralhas selvagem, pega tudo e se manda! – Junior disse, em seguida jogando minhas roupas no chão. 

— Vocês todos sempre me odiaram… e a única coisa que eu queria era ser feliz ao lado do garoto que eu amava… mas acredito na lei do retorno, e todos vocês vão pagar um dia por ser tão ruins! – Falei e em seguida catei minhas roupas do chão. 

— Tô morrendo de medo de suas ameaças… sai daqui selvagem, e nem pensa em voltar pois mandei o capataz comprar dois cachorros ferozes que ficaram soltos na fazenda para o caso de pessoas insignificantes como você resolva aparecer! – Bela exclamou e então, completamente desnorteado, fui embora dali. 

Garoto Selvagem (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora