𝐋𝐄𝐓 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐔𝐍 𝐑𝐈𝐒𝐄 - 𝐇𝐃𝐎

XV

A mulher sujeira volta

Acompanhar Valdez havia parecido de primeira, uma boa ideia, mas agora que me encontrava em um banheiro químico extremamente fedorento, a ideia não pareceu ter sido tão brilhante assim.

O lado bom foi que encontramos Festus, que parecia bem, sem amassados.

Leo me deu algumas de suas balas de menta. Meu hálito agradeceu.

Ele não comentou muito sobre eu ter brilhado a poucos minutos atrás. E sinceramente, não sei se eu queria falar sobre isso.

Porém, é claro que não consegui escapar de piadinha dele sobre eu ser uma "lanterna humana".

"O Raio de Sol deve iluminar o caminho"

Era isso que dizia a profecia. Acho que o significado era realmente no sentido literal.

Me deixando com as balas de menta, Leo subiu no dragão e começou a mexer em sua cabeça.

Fiquei parada em pé silenciosamente puxando as mangas de meu casaco de lã amarelo. Não queria atrapalhar o garoto mecânico, mas algumas perguntas martelavam em minha cabeça e não consegui me conter.

— Ei - disse chamando sua atenção - O que acontece com Jason e Piper?

— Bom - Leo suspirou — Eles namoravam na escola, quer dizer, Piper pensava que eles namoravam. Eu pensei que éramos melhores amigos, mas tem aquela coisa: névoa. Que criou essas memórias, o porquê disso ter acontecido eu não sei, só sei que pareceu muito... real.

Apenas assenti com a cabeça não sabendo o que dizer no momento. A situação parecia bizarra, para os três, mas acho que principalmente para o suposto casal. Piper parecia apaixonada por Jason, mas ele parecia tão perdido, e ela frustrada com isso. Não podia culpar nenhum dos dois.

Permaneci distante dele em silêncio, na esperança de não atrapalha-lo. Me sentei no chão cruzando as pernas, e voltei a comer algumas balinhas de menta. Comecei a me sentir inquieta, e brinquei com meu cordão de Sol em meu pescoço.

Leo continuava a trabalhar. Então percebi os movimentos em suas mãos, e como eram ágeis, Leo nem parecia pensar muito no que fazer, quase como se fosse algo... natural.

— Quem te ensinou a fazer isso? - disse olhando para as suas mãos.

— O que? - ele olhou para mim com as sobrancelhas franzidas, como se tivesse ideia do que eu estava falando

— Mexer com essas coisas - disse fazendo gestos com a mão como se estivesse apertando um parafuso.

Ele riu quando me viu tentando imita-lo.

— Minha mãe - ele respondeu depois com um sorriso um pouco triste — Tínhamos uma oficina, ela era muito boa nisso.

Me lembrei de quando ele mencionou a morte dela enquanto íamos a Quebec. Um acidente na oficina.

— Bom - suspirei — Minha mãe me ensinou a tocar piano, ela até virou professora de música por um tempo.

Não entendi muito bem porque disse aquilo naquele momento, mas disse. E pareceu... Certo eu dizer aquilo.

— Legal - Leo olhou para mim dando um pequeno sorriso — Vocês são próximas?

— Na verdade - suspirei — Faz tempo que não a vejo

Abaixei meu olhar e de repente meu pingente de Sol se tornou algo muito interessante de se encarar de novo.

Percebi que Leo havia parado de trabalhar e agora me fitava.