XVI

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"ᴘᴀʀᴛʏ ɪɴ ᴛʜᴇ ᴜsᴀ" ᴇ́ ᴍɪɴʜᴀ ɴᴏᴠᴀ ᴍᴜ́sɪᴄᴀ ғᴀᴠᴏʀɪᴛᴀ

Leo e eu paramos na porta e tentei controlar minha respiração. A voz da mulher de terra, ainda parecia ecoar em meus ouvidos. Não queria lembrar dela, não queria lembrar do sonho, de minha mãe ou de nada.

A luz acinzentada da manhã entrava pelo buraco no telhado. Algumas lâmpadas tremeluziam, mas a maioria do chão da fábrica ainda estava perdida em sombras. Desejei brilhar de novo, mas eu estava cansada depois do evento das escadas, mas não quis deixar transparecer. Eu estava bem.

Nada aconteceu dessa vez, suspirei e neguei com a cabeça, frustrada.

Consegui ver a passarela logo acima e grandes máquinas de linha produção, mas nenhum movimento. Nenhum sinal de Jason ou de Piper.

Pensei em chamá-los, mas Leo me impediu quando estava prestes a abrir minha boca. Não entendi o porquê.

Mas depois senti algo... Um cheiro, alguma coisa cheirava mal. Uma sensação muito ruim pesou em mim.

Lancei um olhar preocupado e ele retribuiu, meus nervos estavam formigando.

Em algum lugar no piso da fábrica, ouvi a voz de Piper:

- Leo! Melanie! Socorro!

Leo segurou meu braço e fez um sinal de negação com a cabeça, indicando para eu não fazer barulho.

Sem soltar meu braço, Leo, me levou se abaixando com cuidado entrando atrás de um contêiner. Com passos lentos, nos movemos até o meio do armazém nos escondendo atrás de caixas, e de chassis de caminhões. Finalmente chegamos à linha de montagem.

Leo abaixou atrás de uma máquina, um guindaste com um braço mecânico. Ele me puxou para ficar ao seu lado.

A voz de Piper gritou novamente:

- Leo?- Dessa vez a voz soava menos segura, mas mais perto.

Não sabia o que estava lá dentro com a gente, mas não cheirava bem e não parecia ser... humano.

Decidi levantar um pouco para tentar espiar e Leo fez o mesmo. Pendurado acima da linha de montagem, suspenso por uma corrente de um guindaste que estava do outro lado, havia um pesado motor de caminhão balançando a uns dez metros de altura, como se tivesse sido deixado ali quando a fábrica fechou. Logo abaixo, na esteira, um chassi de um caminhão, e encostado ao redor havia três sombras escuras enormes.

Perto dali, penduradas nas correntes de outros braços mecânicos, havia duas sombras menores. Pareciam máquinas, mas uma delas se contorcia como se estivesse viva.

Então uma das sombras enormes se levantou, e um suspiro de surpresa escapou pela minha boca e eu a tapei com as mãos. Percebi que era um humanoide enorme.

- Eu te disse que não era nada - a coisa resmungou.

Sua voz era muito profunda e feroz para ser humana.

- Leo, me ajude! Melanie, socorro! - Então a voz mudou, virando um rosnado masculino - Ah, não tem ninguém. Nenhum semideus pode ser tão quieto, né?

O primeiro monstro riu.

- Provavelmente fugiram se sabem o que é bom para eles. Ou a garota estava mentindo sobre um terceiro semideus. Vamos cozinhar.

Garota? Conheço Piper a pouco tempo, mas não acho que ela nos entregaria assim, principalmente Leo, então... Quem seria a garota?

Um estalo. Uma luz laranja brilhante chiou, um sinalizador.

𝐋𝐄𝐓 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐔𝐍 𝐑𝐈𝐒𝐄 - 𝐇𝐃𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora