𝑒𝑐𝑙𝑖𝑝𝑠𝑒 • ACOTAR

capítulo 18

{Live please}

Maya acordou em uma colina pequena, com uma praia logo a sua frente. Ela se levantou e olhou em volta, o lugar onde estava era deslumbrante.

Ela não tinha ideia de onde estava, e muito menos de como havia parado ali.

O sol estava se pondo no horizonte, e uma brisa leve soprava pelo local. Ela se perguntou como poderia estar ali, sentindo o vento sobre a sua pele, se ela havia sido morta.

Morta nas mãos de Tamlin, que morte de merda.

Estava tão ocupada pensando em como havia sido morta justo por Tamlin que não percebeu quando um feérico se aproximou de si.

— Lindo, não? — perguntou o feérico.

A fêmea deu um pulo por conta do susto que levou e logo assumiu uma posição de ataque. Mas quando olhou para o macho, agora a sua frente, a oferecendo um sorriso, ela relaxou.

— Quem é você? — perguntou Maya.

— Meu nome é Zeno — ele se apresentou — Sou um dos espíritos criados pela Mãe.

Maya ficou encarando o macho, tentando absorver o que havia acabado de ouvir.

Zeno pareceu incomodado com o silêncio repentino, então disse:

— Aqueles das luzes, sabe? — ele esclareceu.

A fêmea assentiu.

— Sei, eu só estou um pouco em choque — ela disse.

O macho apenas deu um leve sorriso e fez um gesto com mãos, indicando para ela o acompanhar na caminhada.

— Então... — começou Maya — Eu morri mesmo?

— Tecnicamente sim — Zeno respondeu.

— Tecnicamente? — ela perguntou.

— Sim, você está no que eu gosto de chamar O Meio.

Maya franziu as sobrancelhas.

— E o que eu estou fazendo aqui?

O macho olhou para a fêmea ao seu lado e respondeu:

— Eu sou feito para descobrir se uma pessoa é digna de receber uma segunda chance, Maya — ele começou — Suas lendas estão certas sobre o que eu e meu povo somos. Nós fomos criados pela Mãe para darmos uma segunda chance para as pessoas que são dignas de tal. Não sou nada mais do que um espírito de luz, essa forma na qual você me vê, foi você que inventou.
"Tudo aqui foi a sua imaginação que criou. E o nome 'O Meio', significa que você está entre a vida e a morte, bem no meio delas. E eu estou aqui para descobrir se a nossa Encantadora de Luzes é digna de uma segunda chance de viver."

Maya estava digerindo tudo o que o macho havia falado para ela. E pouco se importou em como ele sabia seu nome e que era uma Encantadora de Luzes.

Ela suspirou e perguntou:

— E como você sabe se sou digna ou não?

Ele sorriu, puro divertimento em sua feição.

— Você tem bastante perguntas, não a culpo por isso — ele brincou — E respondendo a sua pergunta, eu já sei se vou lhe dar uma segunda chance ou não.

Ela franziu o cenho.

— Baseado em que?

— Assim até parece que você não quer viver, garota — Zeno disse.

Ela encolheu os ombros.

— Desculpe — ela disse — É que tudo isso é muito confuso.

A alguns minutos atrás Maya estava viva, e agora, ela estava entre a vida e a morte, seja lá o que isso significasse.

E ela só conseguia pensar em Azriel, e que se o laço de parceria tivesse se partido ele estaria sentindo dor...

— Não se preocupe, o laço de parceria está intacto — ele respondeu a pergunta silenciosa de Maya — Você ainda consegue senti-lo, tente.

E Maya tentou, e encontrou um fio que ligava sua alma com a de Azriel. Ele ainda estava vivo, ótimo.

— Para eles eu estou morta? — ela perguntou.

— Sim.

— E como o laço não se rompeu?

O macho deu de ombros.

— Não faço ideia, a Mãe nunca nos deu uma explicação para isso.

Maya olhou para o sol quase se pondo por completo.

— Maya — chamou Zeno — Você pode voltar se quiser, eu lhe dou uma segunda chance.

Ela se virou para encarar o macho.

— Porque? — ela perguntou — Porque me dar uma segunda chance?

Ele a ofereceu um sorriso fraco.

— Amarantha não pode ficar com o seu poder — ele começou — Não pode usar a benção que a Mãe deu para você para o mal. Você merece uma vida feliz com seu parceiro, com sua família. Merece viver mais momentos com seu irmão, que esperou por uma irmã incrível como você por muito tempo. Você merece ser feliz, Maya. Sua vida foi tomada de você muito cedo, e não deveria ser assim, por isso, eu lhe dou uma segunda chance de viver.
"Viva Maya, a Encantadora de Luzes, por favor, viva."

Lágrimas escorriam pelo rosto da fêmea. E em um piscar de olhos ela abraçou o macho com toda a força que havia lhe restado.

— Obrigada — ela sussurrou.

— Sempre um prazer, Maya — ele sussurrou de volta.

Eles se afastaram do abraço para poderem se encarar.

— Eu não tenho meus poderes — Maya disse.

Ele sorriu de lado.

— Tem sim, você é a Encantadora de Luzes, lembra?

— Amarantha tomou as minhas luzes — ela disse.

— Você é a Encantadora de Luzes — ele disse novamente — As luzes não podem ser tomadas de você.

Os olhos de Maya brilharam ao ouvir isso.

— Basta eu chamar e elas virão — ela sussurrou para si mesma.

— Que bom que percebeu — Zeno sorriu.

Uma espécie de portal surgiu ao lado deles.

— É melhor você ir — disse o macho.

Maya olhou para o feérico mais uma vez e sorriu para ele.

— Obrigada, Zeno.

E então ela entrou no portal, sendo coberta por uma luz reconfortante.

Antes que pudesse perceber, ela estava de volta a sala do trono, com Azriel a segurando firme e sem nenhum sangue em si.

Ela olhou em volta e todos estavam com uma expressão de choque esboçada em seus rostos. Ela dirigiu seu olhar para Amarantha e sorriu ao dizer:

— Vai precisar mais do que uma adaga para me matar, vadia.