Capítulo 15

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POV Hanare

Kakashi não disse uma palavra, eu sabia que ele não queria ter que ser o portador da notícia, nem mentir para mim e por isso não falava nada.

Meu coração estava apertado, eu sabia o que era, sabia que era sobre meu irmão, mas não queria acreditar, não queria aceitar, pelo menos não agora que eu precisava tanto dele.

Dentro de mim um fio de esperança ainda existia, uma pequena chama na escuridão, me mostrando que talvez, só talvez não fosse tão ruim.

Vai ficar tudo bem, ela sussurrava como um mantra, mas eu sentia o seu medo e a sua dor, meu eu interior sentia o mesmo que eu demonstrava.

Assim que entrei na sala da Hokage passei os olhos por todo o cômodo procurando meu irmão, eu queria vê-lo, mesmo ferido, era melhor que não vê-lo, porque isso só significava uma coisa.

A Hokage estava de cabeça baixa, mas a ergueu quando entrei, sem me olhar nos olhos. Shikamaru estava de cabeça baixa em um canto, enquanto Ino e Chouji ao seu lado, choravam copiosamente. Notei Kashin ao lado da janela, com a máscara ANBU, ombros caídos e punhos cerrados.

— Cadê o Asuma? — perguntei com os olhos cheios de lágrimas, eu ainda tinha esperanças, mas ela se esvaiu quando escutei o soluço de Ino enquanto a Hokage abaixava a cabeça.

— Eu sinto muito, Hanare, mas Asuma foi morto em combate — eu senti o chão ser tirado de debaixo dos meus pés, me faltou o ar, mas antes que eu bambeasse Kashin estava ao meu lado, sustentando meu corpo para me manter firme.

— Respira, devagar — Kashin pediu, sussurrando em meu ouvido — Mais uma vez.

Eu sentia uma queimação no peito, como se ela se contorcesse dentro de mim.

A medida que acalmei minha respiração, consegui conter um pouco da tristeza.

O time 10 precisava de uma âncora e eu seria essa âncora, como fui do Asuma.

...

— É a okaa-san? — Kashin perguntou quando nosso pai nos reuniu na sala de casa na manhã seguinte ao ataque da Kyubi.

Ele tinha 17 anos, Asuma tinha 14 e eu 13, estávamos muito assustados com tudo de ontem e mamãe não havia voltado pra casa.

— Eu sinto muito, meus filhos, mas sua mãe foi morta no ataque da Kyubi na noite de ontem — ele disse segurando um soluço.

Kashin e Asuma choraram alto, eu também queria, algo dentro do meu peito gritava e me arranhava, mas segurei esse sentimento e fui preparar um chá para eles.

— Aqui, bebam um pouco — levei o chá até a sala, onde Asuma estava deitado em posição fetal chorando enquanto Kashin estava sentado no chão e papai se apoiava na parede.

Fui primeiro em Kashin, que estavam mais perto e segurei seu ombro, me ajoelhando ao seu lado, meus olhos cheios de lágrimas refletiam os dele.

— Por que, Hanare?

— Respira, devagar — pedi com o máximo de calma que eu conseguia — Mais uma vez.

Kashin se acalmou um pouco e bebeu o chá, em seguida fui em Asuma e fiz o mesmo pedido.

Ele me abraçou apertado e disse:

— Obrigado, por ser nossa âncora. Por isso você era a favorita dela!

...

Era isso que o time 10 precisava agora, uma âncora, eu poderia sofrer por meu irmão depois. Caminhei até os garotos e toquei seus rostos.

— Respirem, devagar, mais uma vez.

Ino e Chouji ainda estavam soluçando, mas Shikamaru se segurava, eu sabia bem que quem menos chora é quem mais sofre.

— Ele queria que eu te dissesse uma coisa — Shikamaru falou cabisbaixo — Ele pediu que você me ajudasse a cuidar do rei dele!

— Rei? — Ino perguntou confusa — A Hokage?

— Não, Ino, ele falava de seu filho com Kurenai — Ino e Chouji me encararam, aguardando mais explicações — O rei são as crianças, não importa quantos Hokage morram, quando shinobi nós perdemos, enquanto tivermos nossas crianças Konoha existirá. Em contrapartida, podemos preservar todos os Hokage e todos os shinobi, se perdermos as crianças, será o fim da aldeia da folha — me aproximei deles e toquei o ombro de Chouji, que tentava controlar o choro — Enquanto existir uma criança da folha, haverá a Vontade do Fogo e Konoha sobreviverá, vocês entendem isso? — Os três assentiram — A Vontade do Fogo de Asuma, agora é de vocês!

Ino e Chouji tinham a face coberta por lágrimas, mas Shikamaru ainda se segurava, mantinha uma expressão abatida, mas sem lágrimas.

Chore, garoto, não há problema em colocar para fora, você também, Hanare. Por favor, está abafado demais aqui dentro, coloque um pouquinho pra fora.

Eu a ignorei e me virei para sair da sala da Hokage. Kakashi e Kashin estavam me acompanhando.

— Onde vai? — meu irmão perguntou — ainda temos que falar com Konohamaru e Kurenai.

— Eu preciso ficar um pouco sozinha, deixem eles dormirem pelo menos essa noite em paz, amanhã falamos com eles.

Fui para o campo de treinamento em que eu e Asuma costumávamos treinar e sorri ao me lembrar da sintonia perfeita entre nossos chakras, fogo e vento, se completavam como eu e meu irmão. Eu amo Kashin, mas minha conexão com Asuma era diferente, talvez por termos quase a mesma idade, por termos feito tudo juntos, não sei, mas era especial. Eu nunca precisei do sangue Sarutobi para ser parte daquela família.

Fiquei lá, sentada olhando o céu até que os primeiros raios de sol surgiram, só então tive coragem de abrir o envelope que eu pretendia abrir com meu irmão, engoli em seco ao ver que estava escrito.

— Onii-chan, o que eu faço? — perguntei com a voz derrotada, me levantei e decidi que era hora de voltar.

Fui até Tsunade, encontrei Kashin, Kakashi e Shikamaru, que ainda estavam na sala dela, decidindo sobre os detalhes.

— Vão contar a eles agora? — perguntei com a voz rouca, eles assentiram — Eu gostaria de ir, posso?

— Eu vou falar com Kurenai agora, você realmente quer ir? — Shikamaru perguntou.

— Sim, depois eu volto para falarmos com Konohamaru — falei para meu irmão, que apenas assentiu.

Shikamaru ficou em silêncio durante todo o caminho, até chegarmos perto da casa de Kurenai.

— Você está sendo muito forte — ele falou, eu dei um sorriso triste e disse:

— Você também!

Quando contamos a Kurenai ela desabou em lágrimas e antes que pudesse cair eu a segurei e a levei para dentro. Nem parece que ontem estávamos comemorando o bebê, preparei um chá para ela e ouvi Shikamaru falar.

— Ele pediu que eu cuidasse de vocês e eu vou fazer isso, Kurenai-sensei, eu vou honrar o pedido que ele me fez. Ele me disse que confiava seu rei a nós, eu vou cumprir o desejo dele, juro que vou. Nada vai acontecer a vocês.

Quando cheguei Kurenai estava com a cabeça apoiada no ombro do discípulo de meu irmão, eu sorri, Asuma escolheu a pessoa certa, Shikamaru os protegeria com sua vida e eu também.

— Ele não te escolheu atoa, Shikamaru — falei, me ajoelhando na frente deles e segurando a mão dos dois — Você era o discípulo favorito dele e ele sabia que você era a melhor pessoa.

Watashi no Hikari - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora