Capítulo 27

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POV Kakashi

— Hanare? — perguntei a Konohamaru — Tem certeza?

— Sim, ela pediu pra não contar, mas eu jurei que contaria, era minha missão, certo? — ele perguntou a Tsunade que assentiu — Ela estava transformada em lavrador, então talvez vocês devessem usar um ninja sensorial, se bem que a barriga dela tava muito grande, então ela não aguenta correr muito.

Corremos rápido até ao portão da vila, haviam poucas pessoas, então seria fácil monitorar.

— Ei, você, pode vir aqui, por favor? — a hokage chamou.

Aquela pessoa pareceu ponderar quanto ao que fazer.

— Invocação — leões surgiram diante de nós e ela desfez a transformação, correndo para a floresta e espalhando clones no caminho.

Eu fiquei paralisado por um instante, a barriga dela estava enorme, apesar da clara expressão de dor e o suor no rosto, Hanare ficou linda grávida, eu nunca tinha visto uma barriga tão grande assim.

— Kakashi, vamos — Tsunade chamou — Todos vocês, tenham cuidado, pelas vibrações de chakra ela está sentindo dor, deve estar em trabalho de parto, então cuidado com ela, se alguém machuca-la eu mato!

Eu, Tsunade, Sakura, Sai, Yamato e Neji fomos correndo, nos dividindo e mantendo a comunicação com fones.

Quase duas horas depois ouvimos Tenzou dizer que a havia encontrado e dado as coordenadas.

— Yamato, se ela estiver com um arranhão quando eu chegar ai você é um homem morto — falei.

Em menos de uma hora eu chegaria lá, Neji, Sai e Sakura foram dispensados, mas a minha pupila sendo médica ninja quis ficar para ajudar caso fosse preciso.

Encontrei Tsunade aproximadamente quinze minutos depois do aviso de Tenzou, e a Sakura pouco antes de chegarmos até onde eles estavam.

Quando a encontramos ela estava presa numa redoma de madeira, um jutsu de selamento havia sido feito e uma barreira impenetrável cercava a redoma.

Mas o que mais nos assustou foi metade do grande gato já ter escapado, ela estava nas costas de Hanare e nos olhava intensamente. A duas caudas estava rompendo o selo enquanto Hanare gritava de dor, agachada, de costas para nós, apoiada em um banco provavelmente feito pelo Tenzou.

— Que calor é esse? — Sakura perguntou baixo.

— É a duas caudas — Yamato respondeu no mesmo tom.

— Hanare, por favor, nos deixe entrar — gritei alto, mas Hanare me ignorou.

— Hanare, me deixa te ajudar — Tsunade quase tinha desespero na voz, era a primeira vez que ela ficava frente a frente com Matatabi, então eu podia entender.

— Não, eu não preciso de vocês, aaaaaaaaaah — meu amor gritou ainda mais alto.

Eu, Tsunade e Sakura socavamos a barreira, com medo que a duas caudas terminasse de se libertar e matasse Hanare e o nosso bebê.

— Nos deixe entrar, não precisa enfrentar a duas caudas sozinha — gritei desesperado.

Hanare chorava e gritava alto, a duas caudas olhou no fundo dos meus olhos, eu podia ver quase indignação em seu olhar.

— Me enfrentar? — uma voz firme e ao mesmo tempo suave disse.

— Aquela é a voz da...? — Tsunade estava em choque.

— Essa barreira não para me prender aqui dentro, mas para manter vocês ai fora — a duas caudas falou novamente — Ela está com medo e com dor, então será de grande ajuda vocês ficarem quietos ai fora, eu também estou com dor, por tanto não me tirem do sério! Eu gosto de verdade de vocês e em outras circunstâncias nunca os machucaria, então não tentem ultrapassar a barreira, porque para proteger Hanare e o bebê eu os machucaria sem pensar.

— Se você se importa tanto com Hanare nos deixe te selar novamente — Tsunade disse.

Matatabi emitiu um som alto, uma mistura de rugido e risada parecia ter unido a dor de Hanare com a raiva da fala de Tsunade.

— O selo não foi rompido, ela só me pediu para sair e protege-la, assim que ela quiser eu volto para dentro, confiem em mim, Hanare e eu somos um só!

Por um instante todos ficamos em silêncio, apenas os gritos de Hanare era ouvidos.

— É por isso que está quente — Sakura concluiu e todos a olhamos confusos — A duas caudas emana calor quando quer, não é? Se Hanare está sentindo a dor do parto, calor é uma excelente forma de alívio para essa dor, facilitando o trabalho de parto, Matatabi está realmente cuidando dela!

Eu estava agoniando por ficar apenas olhando, sem conseguir fazer nada por ela. Hanare era uma das mulheres mais fortes que eu já conheci, eu nunca a tinha visto gritar com tanto sofrimento assim e vê-la sentir tanta dor acabou comigo. Ela me olhou por sobre o ombro, seu olhar era apavorado, eu só queria abraça-la.

Escutamos um choro alto, Hanare parou de gritar e Matatabi a envolveu com seu corpo, olhando para o que estava nos braços de minha garota.

— Nos deixa entrar para ver se vocês estão bem — Tsunade pediu com calma.

Hanare me olhou nos olhos como quem pergunta se é seguro e eu assenti, ela desfez a barreira e Tsunade se aproximou correndo, sendo parada pela duas caudas, que cobriu Hanare e o bebê com seu corpo.

— Tudo bem, Matatabi, agora nós vamos ficar bem — ouvi a voz fraca de Hanare — Pode voltar para dentro!

Matatabi aproximou seu focinho do rosto de Hanare, que apoiou uma mão nele e fez carinho, então o grande gato começou a se dissipar, voltando para dentro de Hanare enquanto olhava para mim.

Eu ainda estava parado, meu coração estava acelerado, eu já era pai?

— Kakashi-sensei — Sakura me chamou — ele tem seu cabelo.

Tsunade deitou Hanare no banco de madeira com as pernas abertas e a examinou, depois foi examinar o bebê, que estava nos braços da minha aluna. Me aproximei aos poucos, eu não sabia descrever o que sentia, o bebê tinha realmente meu cabelo, mas seu rostinho ainda não era parecido com o de ninguém e seus olhinhos estavam fechados, impedindo de sabermos a cor.

— Quer pega-lo um pouco? — Tsunade perguntou após concluir que, apesar de prematuro, ele estava bem.

— É melhor não, não quero machuca-lo — a hokage riu e assentiu.

— É melhor irmos ao hospital — ela disse, deixando o bebê no colo de Sakura e ajudando Hanare a se levantar.

— Eu te levo — me inclinei na direção dela.

— Não precisa — sua voz estava fraca.

— Eu faço questão, olha todo o esforço que você fez, seu corpo merece descanso.

Ela não contestou mais e eu a peguei nos braços, sua cabeça se apoiou na curva do meu pescoço e eu sorri, estava sentindo tanta falta do cheiro dela. Hanare fechou os olhos e dormiu menos de cinco depois de iniciarmos nosso retorno a aldeia da folha.

Watashi no Hikari - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora