Capítulo 35

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POV Kakashi

Todos voltamos para a vila depois da confusão com Sasuke, era um fato que chegou a hora de o protegermos dele mesmo, matar Sasuke era a única forma de impedir que ele se destruísse e de quebra, agora teríamos uma guerra e eu teria que assumir Konoha. As coisas não podiam ficar piores!

Quando chegamos a aldeia vi Hanare me olhar apreensiva, deixei a prisioneira na divisão de inteligência e fui até minha garota, beijando sua bochecha por cima da máscara, segurei sua mão e a levei até onde Naruto explicava tudo para os outros de sua geração.

— Isso não é justo — Hanare disse, com os punhos cerrados — Os nukenin deveriam se destruir sozinhos, eles não tem o direito de colocar o fardo de sua traição nas costas de quem os ama de verdade.

— Mas a partir do momento que eles se tornam renegados, é um erro ama-los — Neji disse sério.

— Nem tudo é tão simples assim. Não importa o quanto ele decaiu, Orochimaru ainda era querido pelo terceiro — todos olharam em choque para ela — Independente de quantos bons discípulos meu otou-sama tivesse, o querido discípulo abandona a vila, a agonia de ter que enfrenta-lo em batalha. Ninguém pode imaginar a determinação necessária para isso, é um fardo que nenhum shinobi merecia carregar!

Hanare virou as costas e saiu, todos a olhavam surpresos, o que ela disse era a mais pura das verdades, eles só não conseguiam entender porque ela compreendia essa dor tão bem.

— Ela não está falando exatamente do Orochimaru, nem do Sasuke — suspirei — Ela teve um único discípulo uma vez, ele era um órfão da terceira guerra, um garoto com talento nato para o estilo fogo. O sandaime pediu que ela cuidasse de Hideki pessoalmente, o ensinasse tudo que ela sabia sobre a natureza de chakra do fogo, mas não acabou muito bem.

— Hideki, eu já ouvi ela tendo pesadelos com esse nome antes de ir embora — Naruto disse pensativo.

— O estopim da história dos dois foi quando ele deixou a vila. Hideki era um aluno brilhante, dominava com facilidade todos os jutsus que ela ensinava, Hanare se apegou a ele e ele se apegou a ela, Hanare foi o mais próximo de uma família que Hideki já teve. E por ama-lo tanto, ela não conseguiu ver o desejo crescente de poder que havia no coração dele, um dia Hideki fugiu da vila, levando consigo o pergaminho de jutsus proibidos do elemento fogo. Inicialmente as missões eram para recuperar o pergaminho, mas o garoto precisava treinar em algum lugar, então ele começou a destruir pequenos vilarejos para testar seu poder, a partir daí as ordens mudaram.

— Hanare teve que mata-lo? — Sakura perguntou e eu assenti — Por que não mandaram outra pessoa?

— Era o aluno dela — Shikamaru concluiu — o fardo dela.

— Também, mas o principal é o fato de que ela era a melhor usuária do estilo fogo da aldeia e foi ela quem o treinou, ninguém conhecia Hideki mais que Hanare. Ela recebeu essa missão e depois do quatro dias retornou a Konoha, com o pergaminho do fogo e sangue nas mãos — todos estavam em choque — Ela nunca mais foi a mesma depois disso, alguma coisa dentro dela morreu com Hideki, ela foi embora da vila e só voltou muito tempo depois, mas eu suspeito que até hoje ela não superou isso.

— É por isso que ela não gosta de ser chamada de sensei? Nem que alguém peça para ela treina-lo?

— Exatamente, Chouji, ela sente que não é boa o bastante para isso!

— Mas aquele garoto era um assassino — Ino disse — ele destruiu vilarejos inteiros, ela deveria estar aliviada por livrar o mundo de alguém tão ruim.

— Por favor, não fale assim dele — Hanare disse, surgindo do nada com Tadashi nos braços — Quando eu o matei e olhei nos olhos dele, eu só vi um garotinho assustado, um aluno querido, cuja mestre havia falhado com ele!

— Mas você não falhou, ele escolheu o lado errado — Kiba disse.

— Um dia, quando tiver um aluno, você vai entender que o caminho que ele segue, tem haver, em grande parte, com o mestre que ele tem.

— Então eu sou culpado pelo Sasuke também? — perguntei meio rindo, mas sabendo que era a verdade, eu também falhei.

— Mais ou menos — ela deu de ombros — O ódio dele o levou aquilo, mas você enxergou esse ódio, esse desejo de poder e tentou fazer alguma coisa a respeito, aceitar ajuda ou não dependia do Sasuke, sua única culpa está na sua mente! No meu caso não, eu fui incapaz de olhar dentro do meu pupilo e isso causou tudo aquilo.

— Você sempre espera o melhor das pessoas, porque é tudo que você vê nelas, Hanare, não se culpe por isso — falei.

Ela saiu mais uma vez e ninguém mais tocou no assunto, não era algo que queríamos discutir.

Estava caminhando pela vila, pensando em como as coisas tomaram esse rumo, o que Homura e Koharu queriam dizer com "Hiruzen na luz e Danzou nas sombras"? O que há por baixo desse cargo? Sensei, eu serei o Hokage.

Estava perdido nesses pensamentos quando Gai me desafiou mais uma vez, quando fosse Hokage, eu sentiria falta dessas disputadas com meu eterno rival e amigo.

Depois disso eu fui arrastado por um artista que queria medir e modelar meu rosto para esculpir no monte de pedras, como meu sogro e meu sensei tiveram animo pra isso?

Finalmente e infelizmente eu estava tendo a reunião com o Senhor Feudal pra oficializar meu cargo como Rokudaime ou Nanadaime, estava difícil pra eles chegar a um consenso. Que droga de dia cheio, eu só queria ficar quieto lendo Icha Icha com Hanare em meus braços e Tadashi nos dela. De repente Gai invadiu a reunião, trazendo minha felicidade em simples palavras.

— Tsunade acordou — ele disse bem alto.

— Finalmente — falei e fui a tenda da Godaime — Estou aliviado, eu estava perigosamente perto de me tornar Hokage, então obrigado!

Tsunade apenas riu e voltou a comer, conversamos um pouco sobre a atual situação e a Aliança Shinobi, depois eu sai pra encontrar Hanare em um banco com nosso filho, olhando para onde costumava ser a casa dos Sarutobi.

— Você está bem? — perguntei me sentando ao lado dela.

— Eu vou ficar — ela deitou a cabeça em meu ombro — Vamos realmente entrar em guerra, não é?

— Ao que parece sim, nunca pensei que veria as cinco grandes nações lutando juntas, sob uma única bandeira da aliança shinobi.

— Eu também não. Eu, eu não quero te perder outra vez!

— Ei, eu não vou morrer, certo? Nós ainda temos que nos casar!

— Eu sei que você vai usar essa guerra para me enrolar — ela tirou a cabeça do meu ombro e me deu um soquinho no braço — Eu vou lutar ao seu lado, para garantir que você não morra antes de me dar seu sobrenome.

Senti um aperto no peito, ela realmente iria a guerra comigo?

— Você vai mesmo a guerra? Tadashi deveria ter ao menos um de nós com ele caso dê tudo errado!

— Não tente me convencer do contrário, eu vou para garantir que você volte vivo, para lutar ao seu lado pelo futuro de nosso filho, nós não vamos perder esse mundo!

— Seria tão bom se ele ainda estivesse dentro da sua barriga, assim você não iria a guerra.

Hanare riu alto, fazendo o bebê resmungar, beijou minha bochecha e apoiou a cabeça em meu ombro.

— Hanare-san — Hinata chegou respirando pesadamente.

— Hinata, aconteceu alguma coisa? — minha noiva perguntou assutada.

— É a Kurenai-sensei, ela está dando a luz — Hanare sorriu com os olhos cheios de lágrimas, me entregou Tadashi e correu na direção do hospital improvisado.

— Me encontra lá, Kakashi, mas vai com cuidado!

Watashi no Hikari - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora