Assim que entrei para o interior da casa de Liliana com a caçadeira em punho, ela fechou a porta que havia por trás de mim enquanto eu caminhava para o quarto do ritual. Todo o meu semblante mudou, sentia-me corajoso, embora tenha andado a fugir pela cidade de um lobo mas sim, sinto-me bem comigo mesmo.
Enquanto estava perdido nos meus pensamentos, sentado na cama, com a caçadeira sobre a mesa de cabeçeira, olhava para a rua pelas gretas da janela como se estivesse embutido em algum tipo de filme.
Desliguei-me de tudo, tudo mesmo, a ponto de me perder na minha própria linha de raciocínio. Todo este meu devaneio anterior começou assim que peguei no anel que a besta me tinha deixado no solo.
Minutos passaram até que me questionei onde andava Liliana, possivelmente a dormir e aquilo de me ir abrir a porta foi meramente cortesia.
Errado estava eu assim que senti um toque muito suave como quem procura aliciar ou distrair o ser humano sobre o meu ombro, suspirei e foi quando fechei os meus olhos castanhos que Liliana usou a sua habilidade de ladra, ceifando-me o anel lentamente por entre os seus dedos finos como se fosse algo rotineiro para ela e com um riso doce se sentou ao meu lado.
Sem meias palavras, ela perguntou-me num tom de voz baixa mas no entanto nitido:
-Drunok morto, mais uma besta para o livro saciada e deliberada deste novo mundo, não é mesmo, Fénix?
Quando estas palavras ecoaram na minha cabeça, eu apenas respondi com um suspiro fundo, omitindo todas as minhas emoções de transe de batalha, de medo e de insegurança e de forma calma pedi para que ela deixasse a divisão.
Com um sorriso e com o meu anel, saiu de cima da cama e colocou-se ao meu lado, sentada, ajeitando o seu cabelo negro, desviando-o da frente do olhos com um sopro rápido, revelando por completo os seus olhos azuis claros com do mar das Maldivas.
O silêncio era ensurdecedor ao que não o fiz de forma propositada mas estava com imensa coisa na minha cabeça ao contrário de Liliana.
Pairavam perguntas como: "A Sara...como estará ela?" "A Maia, O Wesley... será que ela está a passar bem o tempo com ele?"
Foi então que a Liliana, ao olhar para o anel, disse, num tom mais baixo enquanto olhava pela janela, talvez á procura da mesma razão de viver, tal como eu:
-Fénix, tu vais achar a Sara, agora o que te posso adiantar é o seguinte, isto sem comprometer nada na nossa relação ambígua.
Foi aí que ela se levantou e se colocou diante de mim, com um sorriso convidativo.
Uma pequena pausa houve ao que ela parecia que me tirava as medidas como quem procura fazer um fato perfeito, mas depois surgiu:
-Existe uma mulher muito preciosa ligada a Sara, a tipa trata-a como uma Rainha trata de uma princesa real, filha de uma outra condessa se é que me faço entender.
Eu inclinei a minha cabeça ao que confuso com aquela afirmação, ou aquela analogia. Por vezes a forma como a Liliana me falava parecia que me demonstrava ou que queria demonstrar um traço meu loiro.
O tempo foi passando á medida que a conversa foi-se dando e foi assim que me deitei na cama que Liliana saiu do quarto com um sorriso, por ter ficado com a anel. Aquele anel era a prova que eu precisava para que o Igor confiasse em mim, não para ter a mão da sua filha mas para ter o seu poder e sabedoria ao que eu não queria também que ele pensasse que eu era apenas mais um tipo casmurro como a maioria dos caçadores é.
A minha luz de esperança está em encontrar o paradeiro desta rapariga ligada á Sara. Mas tudo está tão dúbio... Quantos mais terei de banir desta santa terra até que isto esteja tudo purificado por estes lados? Como vou eu saber quem é esta rapariga misteriosa?
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Diários de um caçador
ParanormalUma história que retrata a paranóia de Ramiro. E como a minha vida mudou com o simples olhar, um simples sorriso. Claro que ainda por cima, para além dos problemas todos que eu tenho, ainda possuo uma maldição, que toda a minha família carrega, port...