O Doc - Capítulo IV

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Após abrir a porta á Maia, deixei que ela passasse primeiro, em seguida, vim para o lado de fora e tranquei a porta, evitando que ela batesse com muita força. E agora, desse lado, estão a perguntar-se vocês desse lado devem estar a perguntar-se o porquê de termos de sair á socapa, pela calada da noite, verdade?

Eu passo a explicar, desde miúdos, tanto eu como ela fomos sujeitos a uma espécie de recolher obrigatório, regras idiotas do pai como nós lhe chamamos, mas após termos tido uma conversa com o Pai, meio que a Maia mexeu as coisas, ou seja, em vez de termos um recolher obrigatório, teríamos sim liberdade total desde que não fizéssemos barulho á noite, de forma a não perturbar o sono do meu Pai.

A noite é um sítio perigoso porque parece que é a altura perfeita do dia em que as criaturas decidem todas vir brincar para a rua.

Ora se para distinguir vampiros de mortais já era difícil, de noite ainda dificultava mais.

Coloquem-se agora na minha pele e da Maia, 2 humanos normais, no então caçadores mortíferos. Para nós torna-se uma tarefa bastante árdua mas a minha sorte é que ela tem mais jeito para os distinguir que eu, é mais observadora nesse aspeto, o que a salva ás vezes de um monte de situações inexplicavéis.

Descemos os 5 andares do prédio, em passo acelerado, e abri a porta á Maia, segurando-a depois, para tentar ser um pouco cavalheiro para com ela e em troca disse-me, em tom de brincadeira, como faz sempre que fala comigo:

-Wow, estou espantado contigo, saíres com a miúda nova fez-te bem, deixaste de ser um bronco, thank god.

Eu revirei os olhos meio que acostumado já á brincadeira dela e respondi:

-É, eu tenho um lado bom sabes?

Ela riu-se após passar por mim e eu fechei a porta do prédio atrás de nós, para que criaturas noturnas não entrem nem perturbem os que ali habitam, de forma tranquila.

Pus a mão ao bolso logo a seguir desse acontecimento, para ir buscar o telemóvel para fora para ligar ao Doc.

Olhei para a minha esquerda e em seguida para a minha direita, como que examinasse a rua, ou talvez estando com os meus instintos ativos, tal e qual como fui treinado.

Fui á minha lista de contactos, o que foi difícil porque os meus dedos completamente frios, mas lá consegui chegar ao "Doc", e fazer a ligação, até porque o Doc funcionava diferente das pessoas normais, para dizerem que vão ter com ele têm de o avisar uns 5 minutos antes, no mínimo, ou ele trancavamos a porta, regras dele portanto.

A Maia estava debaixo da arcada do prédio, junto á porta, de maneira a não apanhar frio, não era a coisa que ela mais gostava de fazer, sempre foi muito friorenta a minha irmã, a colocar as mãos uma sobre a outra e a abafar, de maneira a gerar calor enquanto eu me despachava.

Depois de fazer o telefonema, que me durou cerca de uns bons 3 minutos, olhei para ela e fiz sinal com a cabeça para andarmos em frente, isto porque eu e a minha irmã nunca fomos muito de contato físico um com o outro, do pouco que eu me lembro, ela nunca foi muito fã e eu, nem penso em fazê-lo ás vezes com medo da reação dela.

Ela fechou os olhos e acenou com a cabeça, como se tivesse entendido o que eu queria dizer. A nossa conexão sempre foi muito forte, o tipo de conexão que não precisas de estar a dizer quase 24/7 que a adoras o que te preocupas com ela, embora eu levaria uma bala pela minha irmãzinha e ela sabe disso.

Começamos a caminhar lado a lado, mas eu via que ela me queria perguntar algo, decidi optar por não meter conversa nesse aspeto até porque ela poderia ainda estar a formular a pergunta que me quereria fazer.

Diários de um caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora