Dentro do Éden (Igreja) - Capítulo II

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Fiquei com o coração nas mãos, aliado á minha arma de caça, só houveram ali 2 coisas que me fizeram mexer até á porta da igreja, a minha fé e a voz da Sara na minha cabeça.

Como já não me bastavam os demónios todos que a pouco e pouco apaguei desta santa terra, tinha de conhecer uma vampira, estão a ver quando o vosso destino está traçado e de um momento para o outro, alguém que o estava a escrever saltou capítulos? É, ás vezes sinto-me assim, mas vivo feliz e fico feliz pela Sara ter aparecido na minha vida.

"Ramiroooo... não tenhas medo, estás seguro, entra para dentro da igreja.. anda ver a minha forma, anda ver que não sou uma miragem.."

Eu acenei com a cabeça de forma afirmativa, a voz dela, de tão charmosa que era serviu para descongelar o medo que eu estava a sentir nas veias mas que se traduzia também pelo meu corpo todo.

Então destranquei a porta, simplesmente tirando uma tábua de madeira que selava as 2 portas enormes, rodeadas com pilares em concreto, e com uns lindos e enormes vitrais pois a igreja tinha 2 pisos, e no segundo piso provavelmente eram os obreiros da casa do senhor andavam.

Empunhei a caçadeira nas minhas mãos gélidas da noite, olhei em frente e abri a porta lentamente, enquanto me inclinava para espreitar por entre uma greta da mesma, para ver se não era apanhado numa emboscada ou algo parecido, como já aconteceu, embora eu acredito na Sara e que ela não me iria fazer mal, bem pelo contrário. A mulher confiava em mim a cada passo que dávamos.

Olhei pela mira da minha caçadeira e coloquei o meu dedo no gatilho, estava preparado para tudo, acreditem que se aparecesse um ser humano inocente naquela hora, juro que os meus cartuchos o trespassavam.

Demorei mas entrei dentro da igreja escura como breu, onde a única coisa que conseguia ver era os bancos acastanhados onde as pessoas se sentam para assistir a algo que o pastor pregasse, para conseguirem chegar á salvação mais tarde ou mais cedo, eu cá acredito em 2 caminhos: morte ou rendição, e eu até me considero um rapaz pacifico com um pico de violência agravada.

A minha visão ficou em túnel assim que olhei em frente e deparei-me com a Sara, a olhar para o púlpito, meio que admirando talvez a arquitetura, com os seus lindos olhos castanhos que brilhavam e eu não percebia o porquê.

Ouvia-se o vento a uivar na rua e o barulho de uns corvos, o que me deixaram arrepiado pois derivado ás minhas memórias, os corvos sempre representaram algo não muito bom, dizem que estes pássaros são ótimos para anunciar a morte ou até mesmo para avisar quando vinha alguém, serviam de alarme em tempos antigos, á quem diga também que os meus antepassados os usavam.

Eu deixei de segurar a caçadeira com a mão esquerda e com essa mesma mão, toquei no ombro da Sara, meio que a chama-la somente para ter a atenção dela mas é no momento que eu lhe toco que ela dá os primeiros passos em direção a uma taça que estava em cima do púlpito do pastor e eu fico sem saber o que fazer.

Eu tive pouco tempo de reação mas o pouco que tive, limitei-me a levantar a caçadeira e a apontar na direção da Sara, um pouco a tremer e receoso do que se pudesse passar a seguir, mas ainda tive coragem de lhe dizer:

-Pára já, Sara! Onde pensas que vais? Diz-me o motivo pelo qual estamos aqui, porquê este sitio?

Ela não se virou para mim, apenas soltou um sorriso matreiro, parou e perguntou-me:

-Estás na idade dos porquês, Ramiro? Isso não é tipo.. aos 18?

Eu dei um passo em frente, ainda com a minha postura de rapaz mau, caçador da noite, sempre de olho no próximo movimento que ela faria e disse, num tom mais áspero:

Diários de um caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora