Sem tempo a perder, decidi tomar o meu rumo para o piso superior do tão enigmático castelo na minha busca por Yasmin ou Sara. Ouvi a sua voz gélida e no entanto doce na minha cabeça, hipnotizando-me lentamente com frases feitas, desfeitas e refeitas, como se pedaços das minhas melhores memórias fossem arrancadas e distorcidas.
Naquele momento eu não tinha arma alguma ao que tinha apenas um livro caso as coisas dessem para o torto. Nada mais tinha do que um blazer negro, uma camisa branca, sapatos-bota brancos e as minhas calças rasgadas. Foi então que ouvi um assobio, quase que um chamariz para algo, mas captou a minha atenção, fazendo-me dirigir para uma das janelas mais próximas. Apanhei um susto assim que vi um corvo a vir rapidamente na minha direção segurando alguma coisa de grande porte nas patas. O espetáculo estava feito, sendo que quando foquei a minha visão voltei a ver a minha caçadeira, o meu instrumento de trabalho e ao esticar a mão direita para a pegar,o corvo pousou-a nas minha mão.
Sara, a governante imortal e sedutora do castelo, era conhecida por sua beleza hipnótica e seu poder incontestável. Vestida em um vestido negro que fluía como sombras, ela pairava silenciosamente pelos corredores, seus olhos vermelhos brilhando com uma intensidade predatória.
Sem pensar muito, corri rapidamente para onde achei que a Sara estivesse, a sala do trono.
Entrando de rajada, de imediato percebi que ela não estava ali, e foi então que começou um dos meus ataques de esquizofrenia, causados por Sara, estabelecendo seguinte:
"Ramiro, se estás por aqui, considera este o teu fim. A Yasmin tomou conta do castelo, e as portas estão celadas, restam 2 cartuchos na tua caçadeira, se ainda a tiveres e 1 decisão a fazer, o que sucede? Terás tu coragem de apertar o gatilho desta vez, ou a Yasmin e o Wesley devorar-te-ão vivo?"
Todas as perguntas eram más e ter vindo até aqui foi uma ideia um tanto ou quanto péssima. Foi então que a porta de onde entrei rangeu. E uma figura misteriosa com um acompanhante de 4 patas foi visto.
Foi então que exclamei:
-"E tu deves ser a Yasmin."
A figura respondeu-me com um tom gelado, sufocando e enterrando por completo o ambiente em questão:
-"Eu sou a realidade do teu destino. O mundo não precisa de purificadores, meninos da igreja, pois não,Wesley?"
Eu inspirei fundo e agarrei na arma,olhando somente para a figura e para o cão/lobo/ sabe lá deus o que era aquilo e apontei na direção da figura.
Ouvir o nome de um tipo que era como um irmão para mim mexeu comigo, era impossível eu não me preocupar ou não querer saber, mas, dentro daquela coisa, daquela fera, o Wesley já não devia habitar, aquela coisa não tinha vontade própria, vai-se no olhar, era meramente um lacaio,um ser morto.
A figura que permanecia á porta então revelou-se: Uma rapariga com 1,55cm de cabelo negro pelos ombros, olhos vermelho-rubi da cor das rupias. De mencionar o seu suave eyeliner negro também que lhe dava um ar ainda mais sinistro.
Trazia uma indumentária quase parecida com a minha. O típico casaco de cabedal, a camisa branca, as calças negras justas e uns botins baixos.
Era ela, sem dúvida, Yasmin, reinava agora a pergunta: "Como é que ele tem a voz do Wesley e o corpo do Nataniel?"
Foi então que Yasmin me explicou:"Senta -te no trono da tua querida Sara. Deixa me que eu te ilustra a situação."
Eu sentei-me, observando Yasmin e o cachorro feroz.
-"Então então... Ok, onde íamos? Recuperei o fofo do Nataniel da vossa aventura, de á uns anos para cá e ah, matei a tua querida Sara para acabar com a tua ilusão. E fiz, deste protótipo, o meu cachorrinho pessoal, com as habilidades da Sara, o conhecimento do Wesley e a destreza do Nataniel. Ainda recuperei as correntes dele. Desculpa, Ramiro... Como disse naquela noite, tu não és um caçador de verdade e por estas bandas, os heróis são poucos, porém, bato palmas á minha atuação e á atuação do meu amigo pois, mesmo que tentes disparar, tu não tens munição. O corvo é um aliado do meu cachorro, portanto, aponta e dispara, tem a coragem de premires pela primeira vez na tua vida o gatilho e acaba com tudo. Os caçadores não são uma ameaça como eram, são nada mais que oppressores ou operadores do governo. Portanto..."
Percebi que estava encurralado e premi o gatilho, o que fez Yasmin ficar com um sorriso de orelha a orelha, dando a indicação para o Wesley findar o meu capítulo, assumindo o castelo da Sara na noite do baile.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diários de um caçador
ParanormalUma história que retrata a paranóia de Ramiro. E como a minha vida mudou com o simples olhar, um simples sorriso. Claro que ainda por cima, para além dos problemas todos que eu tenho, ainda possuo uma maldição, que toda a minha família carrega, port...