Que o espetáculo comece - Capítulo IX

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Assim que cheguei a casa do Wesley, ainda a correr, ouvi o ronco do motor da carrinha dele, obviamente estavam de partida e a pior parte é que iam sem mim. Olhei de relance e observei que a Maia e o John já estavam os 2 dentro da cabine da carrinha, prontos para arrancar para ir para a casa abandona, para realizar a caçada.

Então estavam 2 opções na mesa: Ou saltar para a parte de trás da carrinha assim que ele a trouxesse para a fora ou era fazê-lo parar um pouco a carrinha e eu ir á frente com ele.

Decidi arriscar, fazendo um misto de opções como eu gosto de o fazer.

Soltei um berro para que ele parasse a carrinha e para meu espanto, a rapidez com que ele parou a carrinha foi algo rápido, tempo de reação dele foi bom. Foi rápido, mais rápido do que eu esperava, o que me deu tempo para me colocar na lateral e saltar para a ilharga reforçada da carrinha caixa aberta dele, para entrar para dentro da caçamba.

Num movimento não muito bem calculado, ao dar a volta para aterrar dentro da caçamba, escorreguei e bati com a minha lateral (zona da costela) lá dentro, em vez de aterrar nas minhas pernas como uma pessoa normal, claro que não, tinha de bater com a minha lateral no chão, fazendo-me dar um pequeno gemido de dor para conter o que eu sentia naquele momento.

Esperei um pouco para que o meu corpo se acalmasse devido ao impacto e quando me senti melhor, com o batimento cardíaco menos acelerado, levantei-me e agarrei-me com 1 mão á barra que ele tinha na parte detrás da cabine e bati na chapa de modo a ele perceber o meu sinal para ele nos levar até á casa abandonada.

Os pneus da carrinha do Wesley chiaram no asfalto enquanto a primeira mudança rodava na caixa de velocidades.

Visto por mim, quase parecia como se os pneus dele tivessem a arrancar o asfalto da estrada num ato de força extrema, literalmente, não julguem que estou a brincar. A carrinha dele tem a bênção de um touro, um touro capaz de levar paredes á frente se fosse o caso disso graças á grelha que ele instalou.

Com uma mão na barra da carrinha e com a outra a agarrar na caçadeira enquanto as minhas pernas abanavam pelo solo da caçamba apenas pensava na Sara e aonde é que ela podia andar. Revi o equipamento que ele tinha na parte de trás da carrinha e pelo meio estavam dois pequenos auriculares negros que nós usávamos nas caçadas, para nos mantermos em contacto numa rede única privada nossa quando estivéssemos lá fora.

Deixei o meu momento de super-herói e quando o John abrandou, sentei-me no canto e agarrei no meu telemóvel para mandar a seguinte mensagem á Sara:

-Já estou a caminho da casa abandonada, perto da quinta, aquela que te falei. Tenho o meu coração aos saltos e não sei se posso controlar as emoções desta caçada.

O John meteu a cabeça de fora para comunicar algo comigo enquanto conduzia e proferiu as seguintes palavras:

-Estás pronto? Estava a pensar que já não vinhas sequer seu louco. Como correu a ida a Porto Real, galgo?

Eu soltei um sorriso como que de confiança por ter concluído mais uma missão suicida, ou seja, a sorte guardou-me mais uma vez. A sorte pode-me ter guardado até agora mas pergunto-me até quando é que a sorte me vai guardar, até quando eu vou resistir a esta vida de pistoleiro.

A vida de caçador é divertida enquanto a pilha de corpos não se amontoa de forma constante ou até mesmo se conseguires apagar as tuas memórias nem que seja por breves minutos para conseguires ter um pouco de paz e sossego por uma vez na vida.

Enquanto íamos a caminho da quinta abandonada eu fui pensando no plano e estalando os dedos de modo a ver o novo feitiço que sabia fazer, serviu como isqueiro na escuridão e para passar o meu tempo também. Agora vendo a parte mais criativa do meu novo feitiço, até podia acender os cigarros á Sara se ela não tiver isqueiro com ela.

Diários de um caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora