Na sua estante - Pitty

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Eu simplesmente não tinha tempo para pensar.

Castiel socou Nathaniel, acertando-lhe a sobrancelha direita e do local saia sangue. Nathaniel se levantou do chão e acertou a boca de Castiel com tanta força que Castiel teve de verificar se não tinha perdido algum dente. Ambos sangravam muito.

O cheiro de sangue embrulhava meu estomago e senti que ia desmaiar. Mas continuei correndo mesmo assim, lutando para manter equilíbrio.

Castiel e Nathaniel respiravam ofegantemente em busca de ar e após um segundo jurando morte pelo olhar, armaram o próximo golpe. Um metro os separava e foi ai que me viram.

– PAREM!!!!

Meu grito foi tão alto que perdi todo o ar. O mundo deu duas voltas antes deu cair sentada no chão.

Eles continuaram se olhando por alguns segundos mas Nathaniel agachou e pôs a mão em meu ombro.

– Melhor você sair daqui Senhorita Melissa. – sua voz era oscilante, talvez pela tensão da situação.

– Nã-Não! Você vão se machucar feio, não posso permitir isto!

– Claro! Não posso amaçar a cara do seu queridinho não é?! – Castiel tinha a voz firme e mais ameaçadora do que o comum.

Olhei para ele e seus cabelos vermelhos estavam desalinhados.

– Não quero que briguem, por favor... – me esforcei muito para ficar em pé, lutando contra a ânsia de vomito. Parecia que eu estava aprendendo a andar. Dei dois passos lentamente. O mundo girou novamente e cambaleei. Me apoiei no armário, pressionando Castiel contra ele.

– Você recebeu o que mereceu. Aceite sua repreensão como homem.- tentei com todas as forças manter a voz firme e me senti contente ao conseguir.

Ele me fuzilou com os olhos por um longo período. Ele pareceu querer dizer algo mas Nathaniel colocou a mão no ombro dele e então Castiel olhou para os lados e tirou a mão do Nathaniel com tanta força que pude escutar os ossos estralarem.

Nathaniel gemeu de dor.

Castiel se virou e saiu andando lentamente pelo corredor.

Um longo silêncio se formou.

Olhei para Nahaniel e ele olhava sua mão machucada. De sua sobrancelha ainda saia sangue. Era horrível vê-lo neste estado.

– Me desculpe. Não é do meu feitio agir com tanta violência. - ele parecia estar completamente envergonhado. Desviando seus olhos dos meus todo o tempo. - Preciso ir.

Nathaniel saiu pela direção oposta a que Castiel saíra.

Me sentei no chão, me sentindo derrotada. Abracei minhas pernas e encostei minha cabeça nelas. E chorei. Porque eu simplesmente não aguentava todas as sensações que meu coração sentia. Fechei os olhos com força para impedir as lágrimas e vi uma imagem. Era Castiel arrombando a porta de uma pequena sala com esfregões por todos os lados. Em seus olhos havia um misto intrigante de raiva e preocupação.

Me assustei com a cena. Parecia tão real...que até parecia ser uma lembrança.

"Mas...isto nunca aconteceu." - pensei

Balancei a cabeça tentando pensar direito. Mas era estranha a sensação de que eu havia sido injusta com ele.

Abri os olhos, tentando esquecer a imagem.

Me levantei, enxuguei as lágrimas e com um longo suspiro tomei coragem para ir pegar a argila.

Peguei a argila como a professora pedira e fui tentando me acalmar para que não reparassem em nada, principalmente Shiu.

Algumas salas antes, quando passava pelos banheiros femininos e masculinos, Castiel surgiu como o Big Bang e segurou meu braço com força.

– Você...- ele segurou meus ombros e num giro me empurrou contra a parede. Eu estava encurralada. –... vai me pagar. – aproximou sua boca que ainda sangrava até minha orelha. Seus lábios quentes tocaram minha bochecha, muito próximo de minha boca e percorreram desde meus labios até minha orelha lentamente.

Ele afastou um pouco seu rosto do meu e então pude vê-lo. Um sorriso cruel surgiu em sua boca e o sangue dentro dela cobria seus dentes de marfim. Parecia um animal.

Meu coração batia tão rápido que podia ser ouvido de longa distância. Em seus olhos pude ver meu reflexo e eu estava totalmente desesperada. Ele me observou por tanto tempo que tive medo de olhar para a janela e já ser noite. Havia mais do que raiva ali... Quando comecei a tentar identificar o que era ele voltou para o banheiro masculino.

Sem pensar duas vezes, entrei no banheiro feminino. Ninguém podia me ver naquele estado. Mesmo assim, eu tinha de ser rápida antes que a professora ficasse realmente brava.

Olhei para o espelho sujo e me vi. Onde ele encostara a boca agora tinha um rastro de sangue.

3 EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora